Diferente de suas outras músicas, “show” não teve sua letra baseada em uma história que a cantora viveu ou alguma de suas amigas, mas sim nas histórias que criam em cima dela e de outras mulheres da indústria, no show que fazem de suas vidas. Inspirada em uma entrevista que Taylor Swift deu em 2014, na era “Blank Space”, e em como ela decidiu abraçar o papel que as redes criaram para ela em forma de sátira, GIULIA BE traz, na letra de “show” sobre as ilusões e desilusões de um romance de brincadeira. Além disso, também reflete sobre como essa criação de narrativa inventada por uma parte do público, pode ser destrutiva e incentivar a competitividade feminina. Ela ressignificou em forma de arte o que viveu e agora busca levar a reflexão, de forma engraçada, sobre o quão duro pode ser o mundo ilusório das histórias criadas pelo entretenimento e pelo simples clickbait.
O clipe narra uma história de amor, cheia de altos e baixos, enquanto a protagonista faz um espetáculo luxuoso. Com direção da própria GIULIA, a história acompanha uma mulher que flagra seu parceiro com uma amante. Em seguida, somos levados para momentos de flashback, onde vemos a protagonista insistente em se apegar a lembranças antigas da melhor fase desse relacionamento. Para esse momento, Giulia se inspirou em cenas do filme “Ghost”, sucesso dos anos 90, que foram colocadas na produção para simbolizar algo que já se foi, mas que ainda rodeia a personagem, como um fantasma. No clássico, o protagonista, mesmo depois de morrer, continua presente, mesmo que de forma lúdica.
Num ato de desespero calculado, a mulher toma a decisão de acertar uma flecha no corpo do homem. A flecha representa a inocência do cupido que comete uma fatalidade em nome de algo muito maior: conceder a vontade da mulher de ter sido verdadeiramente amada. Quando parece que a história de amor tinha, de fato, se transformado em uma tragédia, já imaginando que a próxima vítima seria a amante, o clipe sofre uma pausa ao som de alguém pedindo para cortar a cena. Assim, vemos GIULIA, sentada na cadeira de diretora, revelando de maneira cômica que tudo aquilo não se passava da gravação de um filme, de uma encenação... de um show.
Desse momento cortamos para uma cena onde a personagem, agora vestida de noiva, lamenta a distância do seu amado, buscando conforto no seu gatinho preto, animal que costuma ser culturalmente um símbolo de azar. Nascida numa sexta-feira 13, GIULIA sempre ressignifica representações como esta, os reconhecendo e invertendo suas expectativas ao serem revelados como símbolos de sorte para ela. Nesse caso, o gato preto traz, não somente apoio emocional para a protagonista, mas também luz e verdade em cima da situação que ocorre na vida dela: a ilusão é azar ou sorte disfarçada?. O arco da personagem então desenvolve para o início de sua vendetta, onde voltamos para a primeira cena do clipe e vemos uma nova versão da personagem, vingativa e cínica com o seu amado. |
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