[News] Com temporada no Sesc Pinheiros, O Bebê de Tarlatana Rosa, da Coletiva Rainha Kong, discute questões de gênero a partir do conto homônimo de João do Rio
Com temporada no Sesc Pinheiros, O Bebê de Tarlatana Rosa, da Coletiva Rainha Kong, discute questões de gênero a partir do conto homônimo de João do Rio
O espetáculo amplia as discussões suscitadas pelo autor ao inserir elementos da vida dos artistas na narrativa
Em cena, Aleph antialeph, Helena Agalenéa, Jaoa de Mello e Vitinho Rodrigues na peça O Bebê de Tarlatana Rosa Crédito: Karen Mezza
Link de fotos e teaser aqui
“É preciso sacudir, literalmente, a plateia, para que ela acorde. A sacudida que o pessoal de Campinas promove, no entanto, não é da mesma ordem. Eles e elas não nos tocam fisicamente, mas duvido que alguém presente na sessão de Belo Horizonte tenha saído impassível do teatro.” Kil Abreu, em crítica para o site Teatro Jornal, 2017
A Coletiva Rainha Kong faz temporada de “O Bebê de Tarlatana Rosa” no Sesc Pinheiros, entre os dias 16 e 25 de junho. As sessões acontecem no dia 16, às 19h, e nos dias 17, 18, 23, 24 e 25, às 20h30. Livremente inspirado no conto homônimo de João do Rio (1881-1921), o trabalho amplia o universo social construído pelo autor para discutir questões de gênero ao mesclar elementos da vida dos artistas, todes LGBTs, à narrativa.
A trama é ambientada no Rio de Janeiro do início do século 20, durante as noites de um Carnaval meio marginal. O grupo estava em busca de uma obra brasileira que pudesse ser explorada a partir de uma perspectiva queer, e o conto cumpriu esse requisito com maestria.
“Com o João do Rio, além de encontrarmos justamente esse ponto de vista queer, conseguimos falar de um Brasil em fase de transição. Aquele momento marcou o início de um processo de higienização no centro do Rio de Janeiro, com as pessoas sendo levadas para os morros. Ao mesmo tempo, construiu-se um ideal de cidade e de corpo que desprezava tudo o que não era europeu, branco e cisgênero”, comenta Jaoa de Mello, um dos integrantes do Rainha Kong.
Ao evocar essas questões, o grupo faz um paralelo com dois Brasis, o do passado e o do presente, revelando que certas discussões parecem eternas: por que ainda existem pessoas e corpos que são assassinados diariamente? Quem são essas pessoas hoje? Como são esses corpos?
“Nossa ideia não era atualizar o texto do João do Rio, por isso ele está integral. Na verdade, o espetáculo parte de recortes de elementos muito díspares que, juntos, produzem um potente efeito. Dessa maneira, a figura do bebê, que, na nossa leitura, não é uma pessoa cisgênero, serve como uma alavanca para debater os depoimentos”, conta Aleph antialeph, outro dos artistas do grupo.
No palco, todos esses aspectos se traduzem em um cenário enxuto, composto principalmente por uma caixa d’água. O simples objeto assume múltiplas representações, pois pode ser visto como um útero, uma tumba, o mar ou mesmo como um símbolo de limpeza.
Para os figurinos, como a peça discute o corpo, a proposta foi deixá-lo em evidência. A inspiração veio das roupas de banho antigas, comumente usadas nas praias e balneários. A Rainha Kong fez uma releitura desse tipo de vestimenta.
A direção e a dramaturgia de “O Bebê de Tarlatana Rosa” são assinadas coletivamente pelo grupo. No elenco estão Aleph antialeph, Helena Agalenéa, Jaoa de Mello, Vitinho Rodrigues.
Coletiva Rainha Kong
Grupo de teatro que investiga intersecções de diferentes linguagens artísticas a fim de discutir questões LGBTQ+ cenicamente. O coletivo oriundo do curso de Artes Cênicas da Unicamp permanece resistindo e aperfeiçoando seu trabalho artístico e seu discurso político após a universidade, participando de festivais de teatro, realizando temporadas, oficinas e apresentando-se em espaços de resistência e acolhimento LGBTQ+.
A Rainha Kong se coloca em cena enquanto ato político de resistência, mas também questionando a construção de novas narrativas – a partir de histórias e corpos até então silenciados – na investigação e formatação de novas linguagens e formas de se pensar o fazer teatral, performático e artístico.
“Os artistas egressos do curso de artes cênicas da Unicamp ajudam a compor um quadro novo e a definir um momento. A hora, aberta por vezes a fórceps no chão da sociedade, é das pessoas de gêneros desviantes, das pessoas não binárias, dos gays, das lésbicas, dos transgêneros, das travestis e transexuais. É isso o que elas e eles dizem, é isso o que dizemos.”
Kil Abreu, em crítica para o site Teatro Jornal, 2017
Sinopse
A partir da obra homônima de João do Rio, passada no Rio de Janeiro do início do século 20, nas noites de carnaval, o grupo teatral Coletiva Rainha Kong busca ampliar o universo social construído pelo autor para a discussão das questões de gênero, com o recurso do biodrama, em que a vida dos artistas se mescla à narrativa.
Criada em 2016 e colocada em circulação em 2017, a peça já passou por três estados brasileiros (São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Norte) em mostras universitárias e pequenas temporadas.
Ficha Técnica
Direção: Rainha Kong
Dramaturgia: criação coletiva livremente inspirada em texto de João do Rio
Elenco: Aleph antialeph, Helena Agalenéa, Jaoa de Mello, Vitinho Rodrigues
Desenho e operação de luz: Felipe Tchaça
Sonoplastia: Rainha Kong e Nãovenhasemrosto
Operação de som: Nãovenhasemrosto
Arte: Aleph antialeph
Material fotográfico e videográfico: Karen Mezza, Natt Fejfar, Normélia Rodrigues, Thomas BF” e VM Filmes
Produção: RK Produção
Coordenação de produção: Iza Marie Miceli
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
SERVIÇO
O Bebê de Tarlatana Rosa
De 16 a 25 de junho de 2022
No dia 16, às 19h, e nos dias 17, 18, 23, 24 e 25, às 20h30
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Local: Sesc Pinheiros - Espaço Expositivo (2º andar) - R. Pais Leme, 195 – Pinheiros
Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$9 (credencial plena), compre aqui ou direto nas bilheterias do Sesc
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