[News]“Corpos, fendas e fronteiras”: Livro da escritora Ana Francisco traz confissões sobre o “eu feminino”
“Corpos, fendas e fronteiras”: Livro da escritora Ana Francisco traz confissões sobre o “eu feminino”
Em poemas, Ana Carolina Francisco relata experiências pessoais, que vão desde um coração partido até encontrar sua própria voz
Nas palavras de Drummond, poesia não é sobre entender, mas sim viver. É com essa premissa que a carioca Ana Carolina Francisco lança seu primeiro livro, “Corpos, fendas e fronteiras”, pela editora Letramento, que traz uma coletânea de poemas que abordam desde o primeiro coração partido até a aceitação do próprio corpo. Com a proposta de trazer confissões sobre o feminino, a escritora compartilha sua própria história.
- Muitos desses poemas eu escrevi como conselhos pra mim mesma. São relatos de experiências que talvez ressoem em outras mulheres, como primeiras paixões, descobertas sexuais, medos e inseguranças – relata a autora.
Sinopse: Em cinco capítulos que podem ser lidos como pequenos ensaios temáticos, “Corpos, fendas e fronteiras”, narra por meio de poemas a jornada de uma menina-mulher ao se entender como um ser de voz ativa. Escritos depois de sessões de terapia, ligações com amigas, no guardanapo de um café da esquina, e no meio fio com uma lata de cerveja vazia – cercado pela paisagem carioca ou inglesa –, os poemas são registros sinceros de conflitos cotidianos no campo afetivo, sexual, político e cultural.
O livro foi escrito ao longo de seis anos, nos quais a autora morou no Rio de Janeiro, Liverpool e Los Angeles, onde passou por diferentes experiências pessoais e culturais, e aprendeu mais sobre si mesma e em como criar uma voz ativa. O primeiro poema foi escrito ainda na cidade maravilhosa, quando tinha apenas 18 anos.
- Lembro de sentar no meu quarto, triste, abrir a janela, pegar um caderno da faculdade e ao segurar a caneta o texto simplesmente saiu. Como um desabafo, ou melhor, como um colo para mim mesma. Depois disso, comecei a carregar sempre um caderninho comigo, adorava escrever no ônibus a caminho dos lugares, fazia o tempo no trânsito passar mais rápido, e me confortava – detalha.
E a faculdade foi uma das responsáveis por instigar essa veia literária. Ao longo do curso de jornalismo, Ana foi uma das fundadoras do coletivo “Desengavetando”, que estuda textos escritos por outras mulheres, criando referencias em um meio onde ainda existe uma predominância masculina. Atualmente, o grupo comporta todos aqueles que estão fora desse padrão do homem cis.
- Hoje temos um olhar de estudo que não parte só de mulheres escritoras, mas de criadores literários para além do modelo dominante do mercado. Muitas mulheres não conseguem se enxergar como escritoras, porque parece uma realidade distante a elas. O trabalho realizado dentro do coletivo é fortalecer essa comunidade, mostrando que esse é um espaço para ocuparmos cada vez mais - explica.
O título “Corpos, fendas e fronteiras” traz um pouco de cada tema abordado. Corpos no sentido da busca por um padrão inalcançável e as cicatrizes deixadas nessa procura, fendas no espaço que conseguimos ocupar através dessas rachaduras, e fronteiras como referência as experiências vividas ao redor do mundo.
- Acho que um dos principais temas é a busca pelo entendimento do próprio corpo, tanto físico quanto emocional. Existe uma pressão forte da sociedade em como devemos ser, que traz um retorno negativo pra nós. E no sentido de fendas, são as aberturas feitas por mulheres que vieram antes de mim e me inspiraram, fazendo da literatura uma ferramenta de combate a essa estrutura patriarcal. Então mais do que tudo, o livro é sobre sinceridade, em especial consigo mesma – acrescenta.
De todos os poemas presentes na obra, o favorito de Ana é chamado “Nossos movimentos”, uma homenagem as incríveis mulheres que fizeram parte de sua vida, como sua mãe, sua tia e sua avó.
- Escrevi esse pensando muito na minha ancestralidade, mas não no sentido histórico, e sim das experiências delas, internalizando suas vivências. Acho que esse verso em especial é sobre aprender a lidar com desfechos, com o fim – completa.
Para Ana Carolina, a principal mensagem do livro é simples, mas ao mesmo tempo algo difícil de realizar.
- É sobre ir atrás dos nossos desejos. Muitas vezes deixamos de fazer algo baseado no medo e quando a gente reprime essa vontade, é como se perdêssemos uma parte da nossa essência. Então as minhas poesias são sobre reconhecer e externalizar a própria voz, e criar esse espaço de união – finaliza.
Publicado pela editora Letramento, o livro já está disponível em sua versão física e digital.
Para saber mais sobre a escritora ou adquirir sua cópia do livro, acesse https://www.editoraletramento.
Serviço:
Título: Corpos, fendas e fronteiras
Autora: Ana Carolina Francisco
Páginas: 80
Formato: A5
Data de Lançamento: 18/07/2022
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