[Crítica] Men - As Faces do Medo

Sinopse: Após uma tragédia pessoal, Harper (Jessie Buckley) decide ir sozinha para um retiro no meio de um belo campo inglês, na esperança de encontrar um lugar para se curar. Mas alguém ou algo da floresta ao redor parece estar perseguindo-a. O que começa como um pavor fervente se torna um pesadelo, habitado por suas memórias e medos mais sombrios.

O que achei? Dirigido e roteirizado por Alex Garland, a nova produção da A24 (responsável por Midsommar, Hereditário, O Farol, A Bruxa, Lady Bird e Tudo Ao Mesmo Tempo em Todo Lugar, só para citar alguns) não é um filme convencional ou fácil de assistir, mas não decepciona.

O filme é uma metáfora sobre luto, trauma e as várias faces da masculinidade tóxica interpretadas por Rory Kinnear (mais conhecido por Penny Dreadful no papel da criatura de Victor Frankenstein).

Decidida a tirar um tempo para si mesma após a morte de seu marido James, pondo fim à um relacionamento abusivo, Harper aluga uma casa no interior da Inglaterra e ali se vê forçada a encarar o trauma causado por esse relacionamento e à forma como ele chegou ao fim.

O ambiente idílico e calmo da vila se torna ameaçador e opressor quando Harper se vê perseguida de formas diferentes por cada aspecto de masculinidade tóxica que estava presente no seu casamento com James, que ameaça tirar a própria vida caso ela siga em frente com o divórcio e acaba cumprindo essa ameaça, para puni-la e culpa-la por sua decisão final.

O filme não é para todos os públicos e tem temas que podem ser gatilhos (relacionamento abusivo e suicídio) mas os simbolismos presentes nele mostram a tensão de uma mulher lutando para enfrentar seu trauma, superar seus demônios e se purificar.

A vila é como se fosse um jardim do Éden e purgatório ao mesmo tempo. Vemos isso como Harper servindo como alegoria da Eva e o final do filme onde vemos essas várias faces da masculinidade tóxica e traumas de Harper dando luz uns aos outros como forma de Harper se livrando de sua culpa e se purificando.

As atuações de Jessie Buckley e Rory Kinnear estão ótimas. Jessie mostra a força e vulnerabilidade de Harper e Rory incorpora de forma bem convincente os diferentes personagens.

Men: As Faces do Medo é um terror psicológico tenso, claustrofóbico, um incômodo necessário e catártico. As diferentes personas de um mesmo homem representa muito bem que masculinidade tóxica existe em vários níveis na sociedade e que a mulher não tem o luxo da dúvida razoável da máxima que todas nós ouvimos – e ouviremos – “de que nem todo homem”.

Men - As Faces do Medo estreia nos cinemas no dia 8 de setembro.

Trailer: