[Crítica] Quebrando Mitos
Sinopse: “Quebrando mitos” revela a masculinidade catastrófica e frágil de Jair Bolsonaro, sob o ponto de vista de um casal LGBT – o cineasta Fernando Grostein Andrade (“Quebrando o Tabu”, Coração Vagabundo”, “Abe”) e o ator e cantor Fernando Siqueira. No longa-metragem, a dupla, junto à diretora finlandesa Claudia Virkke, disseca a trajetória e o machismo do governante desde de a sua criação na cidade de Eldorado, no interior do Vale do Paraíba, até as consequências devastadoras na Amazônia provocadas por suas políticas. O filme parte da própria experiência de Andrade, a partir das intimidações que sofreu ao realizar o documentário “Quebrando o Tabu” e quando assumiu a sua orientação sexual na internet no vídeo “Cê já se sentiu um ET”. A escalada de ameaças chegou ao limite quando Andrade começou se posicionar contra o então candidato à presidência Jair Bolsonaro. “Se continuar a falar de política, o seu velório será com caixão lacrado”, dizia o recado anônimo que culminou em seu autoexílio na Califórnia, em 2019.
O que achei? O documentário, que estreou no dia 16 no site www.quebrandomitos.com.br, é um olhar biográfico da masculinidade tóxica e frágil de Jair Bolsonaro que se tornou uma marca registrada de seu governo e de seus apoiadores, usando o machismo e ódio contra a comunidade LGBTQIA+ como alavanca eleitoral para o poder.
A ideia para o documentário surgiu quando Fernando Grostein recebeu ameaças quando assumiu sua orientação sexual publicamente em 2017 em um vídeo sobre o seu processo de aceitação. Essas ameaças pioraram com a eleição de Bolsonaro, o que fez com que Grostein mudasse para os EUA para sua própria segurança.
Essa masculinidade tóxica de Bolsonaro é expressa na imagem de virilidade que ele tenta passar para o povo (a mais recente foi quando ele falou em pleno Sete de Setembro que era “imbrochável), no culto às armas, à violência, ao autoritarismo, defesa da ditadura e ataques às mulheres (principalmente jornalistas) e personalidades da comunidade LGBTQIA+.
Esse retrato do ‘mito” é construído – ou melhor dizendo, destruído – através de depoimentos de pessoas que conviveram com Bolsonaro como amigos de infância, colegas do exército, pessoas que foram atacadas por Bolsonaro e sua família e apoiadores, como Jean Wyllys que também teve que se mudar para os EUA por causa dos ataques e ameaças durante o governo de Bolsonaro.
Embora o documentário seja um olhar biográfico do diretor sobre a masculinidade tóxica, ele dá espaço à outras vozes, não focando o documentário apenas em si mesmo.
Lançado há menos de um mês antes das eleições presidenciais, Quebrando Mitos mostra o retrato do Brasil nos últimos quatro anos desse governo e a importância de não termos mais quatro anos de uma agenda pautada no autoritarismo, misoginia, idolatria à violência, destruição do meio ambiente e perseguição e opressão contra minorias sociais.
Trailer:
Escrito por Michelle Araújo Silva
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