[News]Dramaturga Ave Terrena lança livro com o texto da peça 'As Mulheres dos Cabelos Prateados' no Espaço Garganta

 Dramaturga Ave Terrena lança livro com o texto da peça 'As Mulheres dos Cabelos Prateados' no Espaço Garganta


Livro tem texto de orelha assinado por Georgette Fadel e de contracapa por Valquíria Rosa






A dramaturga e escritora Ave Terrena lança, no dia 9 de setembro, sexta-feira, 19h, no Espaço Garganta, o livro com a dramaturgia de As Mulheres dos Cabelos Prateados - Peça épica alienígena e transpofágica em nove quadros. Os exemplares estão à venda pelo site da editora nosotros, editoral e também serão comercializados no lançamento. 
 
A obra, que já foi encenada presencialmente e também por meio de exibição online, traz histórias de mulheres perseguidas durante a ditadura militar no Brasil, muitas delas sem nenhum tipo de envolvimento com a luta armada, o que demonstra a generalizada e gratuita violência de Estado do período.
 
Na década de 70, com a expansão espacial dos seres humanos, enviando espaçonaves e satélites para recantos nunca antes alcançados no Universo, as mulheres Zurk, alienígenas de cabelos prateados habitantes das crateras do planeta Vurk (Lua), passam a temer uma guerra, mas, por serem extremamente justas, antes de tomar qualquer atitude decidem fazer uma investigação. Assim, enviam relatoras a diversos países a fim de pesquisar a humanidade, para só depois deliberarem se ela deveria ou não ser desintegrada. 
 
Esses acontecimentos não são retratados em chave realista, mas recriados com inspiração nas formas do chamado realismo fantástico, assim como faz a escritora argentina Camila Sosa Villada no livro “O Parque das Irmãs Magníficas”, onde se narram as vidas das travestis que trabalhavam com a prostituição na cidade de Córdoba. A premissa da peça “As mulheres dos cabelos prateados” é inspirada no livro “As mulheres dos cabelos de metal”, da escritora Cassandra Rios (a mais censurada durante a ditadura), mas com um desenvolvimento completamente diferente. 
 
A ideia não é resumir as mulheres à dor e nem à violência, mas aprofundar suas humanidades, sem ignorar o contexto de opressão absurda, trazendo também a força e a potência de quem sobreviveu e conseguiu reconstruir a vida após a prisão e a tortura. A construção em versos é a maior marca de linguagem da peça, que parte do olhar de estranhamento causado pelo absurdo do terror de Estado, passa pela perplexidade diante da ideia de país construída sobre o Brasil na ditadura, e chega, enfim, no compromisso de solidariedade e consumação do desejo através da luta. 
 
Uma peça sobre o caminho de alguém alienígena que conhece o estranho modo de ser e não ser da humanidade e, diferente do romance de Cassandra Rios, não abdica de seu planeta por causa um amor apaixonado, mas sim por uma decisão do desejo que emerge para o nível da consciência afetiva e política. Uma entrega de corpo inteiro à transgressão e ao erotismo, com o florescimento da luz e da sombra.
 
"A ironia luxuosa com que essas histórias chegam até nós é um atributo de força da voz de Ave e sua sede por comunicação e transmutação do que já morreu mas continua matando. As mulheres Zurk e as mulheres da Terra formam a encruzilhada necessária da festa e luta, teatro da morte que vive, da dor que dança". 
Georgette Fadel
 
"Mulheres dos cabelos prateados me contam que será a imensa cumplicidade entre nós mulheres que vai transformar e mudar os passos e sons dessa toada". 
Valquíria Rosa
 
Sinopse
Ditadura militar brasileira: os humanos expandem seus domínios pelo espaço. É nesse contexto que as mulheres Zurk, alienígenas de cabelos prateados, decidem fazer uma investigação para decidir se devem ou não desintegrar a humanidade. Enviam para o Brasil a relatora Zarka, que, perplexa, ao se deparar com um ato de mulheres dançando em praça pública pela memória de mortos e desaparecidos, tenta entender o que as leva a se manifestar. É através do seu olhar que conhecemos Nilze, Jacira, Dilinda e Márcie, personagens inspiradas em acontecimentos da vida de mulheres reais apagadas da história.
 
Sobre a autora
Ave Terrena é dramaturga, poeta, diretora teatral, performer, professora da Escola Livre de Teatro de Santo André desde 2019, onde já orientou os Núcleos “Texto e Cena”, “Performatividades Transversais” e “Dramaturgia”, além dos Terreiros de Estudos “Poesia Transfigurada – Ateliê de Escrita da Cena”, “Memória e Presença de Dramaturgias Trans”, “Travesti, Queer e Cuír – pensamento e cultura trans descoloniais”. Atualmente, compõe a Coordenação Pedagógica da escola. 
 
Artista e trabalhadora da cultura em formação contínua desde adolescente frequentando os grupos de teatro e os movimentos de luta pela cultura e pelos direitos da população LGBT na cidade de São Paulo e no ABC Paulista, e em contato com outras cidades pelo Brasil. Integrante dos grupos LABTD, da Cooperativa Paulista de Teatro – com quem escreveu as peças “E lá fora o silêncio”, “as 3 uiaras de SP city”, “O corpo que o rio levou”, sobre a memória da ditadura militar em nosso país – e Queda para o alto, com quem encenou “Segunda Queda”, espetáculo poético-musical a partir de seu livro de poesias. Já integrou diversos projetos a convite de outros grupos e curadorias em cidades como Macapá (AP), e Porto, em Portugal, onde escreveu em processo colaborativo as peças, respectivamente, “Lugar da Chuva” e “O que vem depois da esperança?”. 
 
Além disso, já teve encenadas em São Paulo suas peças “Máquina Branca” e “As Mulheres dos Cabelos Prateados”, e, em processos criativos digitais realizados remotamente durante a pandemia, os vídeos “Mil e uma Noite Século Trans21”, onde também assina a direção, e “Cartas de uma Travesti Brasileña”, no Ciclo de Dramaturgia de Mulheres, da Coordenação Nacional de Teatros do México, criado em conjunto com artistas mexicanas num híbrido de português, espanhol, pajubá e zapoteco. Trabalhou como atriz no filme “Para onde voam as feiticeiras”, de Eliane Caffé, Beto Amaral e Carla Caffé. Formada em Letras pela USP, também integrou o Núcleo de Dramaturgia do SESI British Council, onde surgiu o Coletivo Dramaturgia em Movimento.
 
Sobre a editora
A nosotros, editorial é uma editora independente fundada em 2017 e possui um catálogo formado inteiramente por mulheres. Nascida do desejo de publicar autoras e autores latino-americanos no Brasil, é tocada pelas poetas Lubi Prates, Carla Kinzo e Priscilla Campos.
 
Sobre o Espaço Garganta
Aberto no final de 2021, o espaço é a nova sede do Grupo II de teatro, formado pelos dramaturgos Lucas Mayor e Marcos Gomes. Abriga oficinas e peças em pequenos formatos cênicos, além de lançamentos, pocket shows e leituras, é a proposta inicial do Garganta. 
 
Localizado na Vila Buarque, próximo ao SESC Consolação e ao TUSP, o espaço já recebeu oficinas de artistas como Ester Laccava, Fernanda Dumbra, Ney Piacentini, as escritoras Cidinha da Silva e Aline Bei, o poeta e cronista Fabrício Corsaletti, a dramaturga e atriz Janaina Leite, além de ter promovido vários lançamentos de livros, como os dos escritores Marcelo Montenegro e Mário Bortolotto, além de coletâneas de peças dos dramaturgos Fernanda Rocha, Aramyz e Antonio Peyri.
 
Lucas Mayor e Marcos Gomes também mantém um grupo de estudo de dramaturgia quinzenal no espaço, nas tardes de sábado, além de oferecerem semestralmente a oficina de dramaturgia Formas Breves.
 
Ficha técnica
Autora: Ave Terrena
Editora: nosotros, editorial
Edição: Carla Kinzo
Revisão: Lubi Prates
Ilustrações: Bruxa Travesti
Diagramação: Douglas Santiago
Foto da capa: Vanderlei Yui
Orelha: Georgette Fadel
Contracapa: Valquíria Rosa
Comes e bebes lançamento: Padaria Rainha da Vila Gomes
Assessoria de imprensa: Diogo Locci
Produção: Ave Terrena
 
Serviço
Lançamento de As Mulheres dos Cabelos Prateados
Dia 9 de setembro, sexta-feira, das 19h às 23h
Local: Espaço Garganta (Rua Dr. Cesário Mota Junior, 277 – Vila Buarque)
Preço do livro: R$50

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