[Crítica] Fé e Fúria
Sinopse: Uma investigação sobre “traficantes evangélicos” e o quanto a mistura entre religião e poder provoca conflitos entre moradores e gera intolerância às religiões de matriz africanas em comunidades e subúrbios do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte.
O que achei? Fé e Fúria, dirigido por Marcos Pimentel, fala sobre um tema delicado: o aumento da intolerância religiosa nas favelas do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, com perseguição, opressão e discriminação cometida por traficantes evangélicos contra os praticantes de religiões de matriz afro-brasileiras.
O documentário foi realizado entre setembro de 2016 e julho de 2018 e retrata a transformação do país, a ascensão dos evangélicos ao poder que influenciou bastante a eleição de Jair Bolsonaro.
Diz que política e religião não se discute, mas com a crescente influência evangélica na política, essa discussão se tornou necessária. E o documentário contribui para essa discussão, mostrando diferentes perspectivas de forma objetiva e sem julgamentos, dando voz para quem tem lugar de fala e autoridade sobre o assunto.
Fé e Fúria foca bastante nos relatos das experiências pessoais de cada praticante de religiões evangélicas e de religiões de matriz afro-brasileira e – apesar do diretor estar lá apenas como observador e ouvinte desses relatos, se chega a conclusão que a guerra espiritual mencionada por alguns é unilateral e motivada por preconceito, discriminação, intolerância e ambição pelo poder, onde umbanda, candomblé e demais religiões afro-brasileiras são vistas como ameaça.
Também se conclui que estado laico é tratado apenas como algo teórico pela hegemonia evangélica e cada vez mais a liberdade religiosa e laicidade do estado garantidos pela Constituição são ignoradas no que diz respeito às minorias religiosas.
Fé e Fúria é produzido pela Tempero Filmes, é distribuído pela Embaúba Filmes e estreia hoje, 13 de outubro, nos cinemas brasileiros.
Trailer:
Escrito por Michelle Araújo Silva
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