[News] "De Você Fiz Meu Samba", documentário de Isabel Nascimento com equipe 100% feminina, ganha cartaz e trailer

 


                           Trailer:



Importantes compositores, instrumentistas e intérpretes do samba morreram, deixando para trás uma vasta obra, que se tornou referência entre pesquisadores e entusiastas do gênero, além de alguns trabalhos que nunca chegaram ao público. Letras de canções inéditas, rascunhos de refrões, melodias registradas em gravações caseiras, partituras prontas, saberes, confissões e testemunhos orais - um material precioso que estaria perdido se não fossem suas viúvas, que, apesar da falta de estrutura para a preservação desse conteúdo, o guardaram com todo o amor e devoção. O documentário "De Você Fiz Meu Samba", da diretora Isabel Nascimento Silva, retrata a rotina de mulheres que abriram mão de suas próprias vidas para que seus companheiros pudessem viver plenamente seus sonhos. Com a morte desses grandes sambistas cariocas, elas assumiram o papel de guardiões de um importante legado. Atrás das câmeras, a equipe 100% feminina traz uma representatividade essencial para a construção da obra. O filme é uma produção Conspiração em coprodução com a Hysteria. A primeira exibição será no Festival do Rio, dia 9 de outubro. 

 

A história social do samba é repleta de relatos de donas de casa cuidando dos filhos, enquanto os maridos, artistas, viviam uma vida errante e boêmia, sem qualquer cuidado com a posteridade. O longa "De Você Fiz Meu Samba" acompanha a rotina de Liette de Souza, Angela Nenzy, Jane Pereira, Denize Correia e Bertha Nutels e a relação delas com a morte dos maridos, com suas obras e com os espaços que as cinco ocuparam e ocupam na história. Liette é uma grande compositora e coautora de diversas obras de seu marido, Roberto Ribeiro (“Todo menino é um rei”). Angela conheceu Wilson Moreira ("Judia de mim", "Te segura", "Quintal do céu", "Gostoso veneno") quando ele cantava por cerveja. Ativista do movimento negro e produtora cultural, passou a fazer faculdade de História quando o marido morreu e montou um centro cultural em sua memória na Praça da Bandeira. Jane usa um colar com a foto de Luiz Carlos da Vila ("O show tem que continuar") até hoje e continua na casa em que os dois moraram juntos, na Penha. Após a morte do marido, passou a vender jiló na Feira das Yabás, em Madureira. Denize, viúva de Ratinho ("Coração em desalinho" e “Vai vadiar"), ainda mora na casa que o casal batizou de Toca do Rato, lendário palco de rodas de samba no Rio. Nos últimos anos, passou a se olhar com outros olhos e afirma estar sendo, pela primeira vez na vida, a mulher que ela pode ser. Bertha foi empresária e sócia de Delcio Carvalho ("Sonho meu", "Acreditar", "Alvorecer") na editora Bedel. Acompanhou o sambista por 34 anos. 

 

As viúvas contam, de diferentes perspectivas, como foi acompanhar a trajetória e o sucesso de seus maridos enquanto assumiam o papel de parceiras anônimas, responsabilizando-se pelo trabalho doméstico e, muitas vezes, passando por situações de negligência e discriminação diante de um cenário majoritariamente masculino e estruturalmente machista – desde colaborações profissionais não reconhecidas até a naturalização da infidelidade do homem. Ainda assim, as cinco viúvas continuam falando das memórias que construíram ao lado dos sambistas com grande amor e saudade. 

 

Passaram por cima da dor da perda ou do descaso com suas histórias e ressignificaram suas presenças na longa trajetória do samba brasileiro ao reunir, garimpar e guardar caixas e arquivos, organizando versos e melodias cujo nascimento muitas vezes elas presenciaram. Todas estas casas-museus se concentram nos subúrbios do Rio de Janeiro, uma região historicamente esquecida pelos meios de comunicação e pelo poder público, mas dona de tesouros infinitos e muitas vezes desconhecidos. Graças ao trabalho afetivo e perspicaz dessas mulheres, pesquisadores musicais, biógrafos, historiadores e músicos podem produzir novas leituras, livros e discos que recontam a história do samba ou bebem na fonte de sua inspiração. “De Você Fiz Meu Samba” joga luz a um material que, de alguma forma, estaria fadado ao esquecimento na poeira dos armários.  

 

Como conta a diretora Isabel Nascimento Silva, o documentário é de extrema urgência: "o tempo é implacável. As pessoas se vão, as histórias se perdem. Precisamos jogar luz sobre a vida dessas mulheres extraordinárias, as guardiãs do samba. E também é de enorme importância registrar esse olhar íntimo e afetivo sobre alguns dos maiores compositores da nossa música. 'De Você Fiz Meu Samba' é um filme que não pode esperar". 

 

Mais do que um projeto de acervo musical, “De Você Fiz Meu Samba” é a oportunidade de finalmente trazer essas cinco mulheres para o protagonismo de suas próprias história. 

 

 

SINOPSE: “De Você Fiz Meu Samba” acompanha a rotina das viúvas de cinco baluartes do samba carioca que em um trabalho invisível se tornaram guardiãs de parte fundamental da história musical brasileira. Um documentário sobre amor, parceria e saudade que defende uma história feminina sobre a cultura nacional e trabalha com um limite tênue entre o quanto elas eram foram parceiras e tiveram relevância na carreira desses grandes sambistas e o quanto abriram mão da própria vida para viver o sonho do outro, do companheiro. Uma questão determinante até hoje para essa geração de mulheres. 

 

 

FICHA TÉCNICA 

Diretora: Isabel Nascimento Silva 

Roteiristas: Isabel De Luca, Mariana Filgueiras 

Empresa produtora: Conspiração 

Coprodução: Hysteria 

Produção: Isabel De Luca, Isabel Nascimento Silva, Luísa Barbosa, Renata Brandão 

Fotografia: Lícia Arosteguy 

Direção de arte: Zilda Moschkovitch 

Montagem: Marília Moraes, edt 

Música: Maíra Freitas 

 

 

BIOGRAFIA DIRETORA: Isabel Nascimento Silva é diretora, produtora e cocriadora da plataforma Hysteria, que objetiva abrir espaço para narrativas que tenham mulheres no centro das histórias. Atualmente lança seu primeiro longa-metragem para cinema, o documentário “De Você Fiz Meu Samba”, sobre viúvas de baluartes do samba carioca, e finaliza o segundo, "Mulheres Radicais", sobre o pioneirismo de artistas plásticas latino-americanas. Antes, dirigiu projetos para TV, streaming e publicidade, entre eles o telefilme “Primavera das Mulheres", premiado pelo New York Festivals. 





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