[News]Exposição OSGEMEOS: Nossos segredos reconta a trajetória que consagrou Gustavo e Otavio Pandolfo
ANIVERSÁRIO DO CCBB RIO DE JANEIRO
Exposição OSGEMEOS: Nossos segredos reconta a trajetória que consagrou Gustavo e Otavio Pandolfo
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro celebra 33 anos com a mais completa exposição da dupla OSGEMEOS, internacionalmente consagrada. De 12 de outubro de 2022 a 23 de janeiro de 2023, quase mil itens, que revelam vida e obra dos artistas, estarão disponíveis para a visitação do público.
Vista da exposição Vertigem, MAB – FAAP, São Paulo, 2010 | Foto: Lost Art
Rio de Janeiro, outubro de 2022 – A arte de Gustavo e Otavio Pandolfo, mais conhecidos como OSGEMEOS, faz parte do nosso dia a dia. Ela pode estar num muro da rua – e ter uma vida efêmera, sobrevivendo até que alguém decida passar uma tinta na parede –, na pintura de um avião, na lateral de um prédio de uma cidade qualquer do mundo ou dentro de um museu.
O traço e a combinação de técnicas inconfundíveis não são privilégio, hoje, do público brasileiro – a obra dos irmãos nascidos em 1974 está difundida mundialmente. Mas, de 12 de outubro de 2022 a 23 de janeiro de 2023, o Rio de Janeiro terá a honra de receber uma reunião especial das obras da dupla, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ), que completa agora 33 anos de atuação, com patrocínio do Banco do Brasil.
Quase mil itens compõem a mostra OSGEMEOS: Nossos segredos, que tem curadoria dos próprios artistas e foi escolhida pelo CCBB para comemoração ao seu aniversário. É a segunda vez que a instituição recebe OSGEMEOS: a primeira foi há 12 anos, com Vertigem, exposição individual de estreia da dupla em solo carioca. A mostra seguirá depois para o CCBB Belo Horizonte, com inauguração programada para 14 de fevereiro de 2023 – a primeira exposição d’OSGEMEOS no estado de Minas Gerais.
A mostra que chega ao Rio de Janeiro e a Belo Horizonte é inspirada na exposição OSGEMEOS: Segredos, apresentada na Pinacoteca de São Paulo e no MON de Curitiba (PR), entre 2020 e 2022. A nova exposição dos trabalhos de Gustavo e Otavio Pandolfo apresenta uma visão generosa de um universo lúdico (Tritrez), partilhado pelos irmãos desde a infância, do qual se origina boa parte dos personagens que compõem a sua arte.
O conjunto de peças foi organizado de forma a transmitir informações e sensações sobre uma produção artística bastante peculiar. Esse universo não é perfeitamente traduzível em palavras; são janelas que se abrem para outro mundo, com telas, instalações e murais em espaços urbanos, que brincam com a imaginação dos visitantes, coletiva ou individualmente. OSGEMEOS: Otavio e Gustavo Pandolfo | Foto: Filipe Berndt
“Essa exposição coloca tudo isso junto”, afirma Gustavo Pandolfo. “Um desenho num papel pode virar um avião inteiro, pintado com muitas tintas e sobre um fundo totalmente diferente, com técnicas distintas para produzir um efeito que nos caracteriza e que é parte de nosso processo criativo”, explica ele. “Gostamos de trabalhar com múltiplos suportes e materiais variados.”
Otavio, por sua vez, destaca peculiaridades da arte que cria com o irmão. “Nossa caligrafia e nossos desenhos contam a história de nossos lugares: de onde viemos, como nos formamos…". Ele explica ainda que muitos dos desenhos que serão apresentados em OSGEMEOS: Nossos segredos funcionam como uma espécie de templo: "É onde a gente se encontra em paz, em harmonia, vinculados à família e aos amigos, e, sobretudo, ao que a gente mais acredita", revela. "Este é o alicerce do nosso trabalho”, conclui Otavio.
Vale lembrar que uma das atrações da nova exposição dialoga, em versão 3D, com as experiências caligráficas: trata-se de uma estante com o formato das letras que compõem o nome da dupla, em escala humana.
Trajetória e técnicas
O trabalho de Gustavo e Otavio ganhou destaque quando os artistas começaram, no início de 1990, a produzir diversos tipos de arte, com destaque para os grafites nas laterais dos edifícios. Diversos murais criados por eles ocuparam grandes espaços em São Paulo, cidade de nascimento da dupla. OSGEMEOS partiram do bairro de Cambuci, na zona central da capital paulista, para diversas cidades e museus mundo afora.
A questão técnica é uma característica fundamental do trabalho. O domínio de diferentes formas de pintar veio da necessidade de trabalhar, desde os anos 1980, com a diversidade de suportes e, muitas vezes, com a escassez de recursos. Frequentemente precisavam combinar o uso de tintas à base de água com o spray, por exemplo. Um desenho podia ter uma parte pintada sobre madeira e outra sobre uma parede de alvenaria ou, ainda, poderia incorporar um resto de lona de feira. Também desenvolveram a técnica de contorno de traço fino com spray para poder materializar todas as ideias e detalhes que tinham em mente.
Fará parte da mostra um trabalho que fez parte de uma intervenção de um dia realizada em Nova York, em parceria com Banksy. Nele OSGEMEOS inserem um personagem em uma obra do artista britânico – famoso por seus estênceis, seu ativismo político e anonimato –, e este inclui um personagem em meio a uma tela d’OSGEMEOS. A combinação é um exemplo da mundialização das obras da dupla, que dialoga com outros artistas da vanguarda da arte feita na rua, em que o debate estético caminha lado a lado com a intervenção crítica e política.
Gigante na rotunda
Outro destaque da exposição é a configuração renovada de Templo e de Gigante, obras adaptadas especialmente para o espaço do CCBB Rio de Janeiro. Ambas estarão estruturadas na rotunda, numa posição de grande destaque. Na mesma rotunda, haverá a projeção de animações.
Além disso, telas emprestadas de colecionadores farão parte do conjunto de peças em exposição. A mostra apresenta também projeções de imagens de obras urbanas, trabalhos que em grande parte foram apagados pelo tempo, pelo poder público ou por motivações de naturezas diversas. Há uma sala dedicada ao tema, em que serão projetados os registros fotográficos da presença efêmera dessas obras nas cidades.
Outra parte da exposição é dedicada ao registro fotográfico d’OSGEMEOS produzindo murais pelo mundo, uma novidade mesmo em relação às exposições de São Paulo e Curitiba. Estão incluídas, por exemplo, imagens dos novos murais: um no Queens, em Nova York, produzido em maio deste ano, e outro realizado em agosto, em Ishinomaki, no Japão, para o Reborn Art Festival.
Múltiplas influências
Com essa exposição, o CCBB propõe um registro organizado do processo de criação d’OSGEMEOS. Desde crianças, nos anos 1980, os irmãos atuam em conjunto. Nascidos numa família que valorizava a visitação a exposições, OSGEMEOS também foram fortemente influenciados pelas séries japonesas para a TV, como o Ultraman, por animações, como as de The Wall, do Pink Floyd, ou as do filme Heavy Metal, pelas músicas eruditas que ouviam com o avô, pelos desenhos que faziam com o irmão mais velho, Arnaldo. A partir das ruas do Cambuci, um dos berços da cultura hip-hop nos anos 1980, conviveram com o graffiti, o rap e o break, ou seja, com a força da estética visual, da poesia, da música e da dança de rua, que foram elementos fundamentais de formação da dupla.
Essas influências deram origem tanto a personagens peculiares – que habitam as ruas em forma de graffiti –, a telas, pinturas e desenhos em papel e madeira, como a uma infinidade de objetos planos e tridimensionais que ganharam vida e cores, num estilo diverso, ao mesmo tempo popular e sofisticado.
Os irmãos costumam afirmar que nunca repetem personagens: embora perceba-se semelhanças entre as figuras humanas e os ambientes retratados, eles são únicos. Essa diversidade pode ser observada, por exemplo, em esculturas, como é o caso de B-girl, personagem do mundo hip-hop, ou de uma mulher de vestido azul ou de uma cabeça de Boombox.
A exposição revela de maneira inédita os cadernos de desenho dos irmãos e apresenta ainda anotações em cadernos e papéis avulsos, pinturas e esculturas que remetem à experiência espontânea de criar na rua. Segundo OSGEMEOS, foi na rua que tudo começou e é nela que eles se sentem em casa.
Sobre o CCBB RJ – O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona de segunda a sábado, das 9h às 21h, no domingo, das 9h às 20h, e fecha às terças-feiras. Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o CCBB está instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva. Marco da revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro, o Centro Cultural mantém uma programação plural, regular e acessível, nas áreas de artes visuais, cinema, teatro, dança, música e pensamento. Em 33 anos de atuação, foram mais de 3 mil projetos oferecidos ao público, e, desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking anual do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio de Janeiro entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo. O prédio dispõe de 3 teatros, 2 salas de cinema, cerca de 2 mil metros quadrados de espaços expositivos, auditórios, salas multiuso e biblioteca com mais de 150 mil exemplares. Os visitantes contam ainda com restaurantes, cafeterias e loja, serviços com descontos exclusivos para clientes Banco do Brasil.
OSGEMEOS: Nossos segredos
12/10/2022 a 23/01/2023
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
Rua Primeiro de Março, 66 - Centro - Rio de Janeiro, RJ
· Segundas: das 9h às 21h
· Terças: fechado
· Quartas a sábados: das 9h às 21h
· Domingos: das 9h às 20h
Ingressos: retirados gratuitamente na bilheteria do CCBB RJ ou em www.bb.com/cultura
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