[News]“O que eu quiser ser”: novo EP da cantora paulistana AnnaLu

 

“O que eu quiser ser”: novo EP da cantora paulistana AnnaLu

 

 

Filha de cantores (Vera Lúcia e Paulo Idelfonso, este também produtor, que no fim dos anos 1970 criou o grupo infantil A Patotinha), AnnaLu nem teve muito tempo para pensar: desde criança estava mergulhada na música. Começou a cantar aos 14 anos, aos 17 se profissionalizou e aos 19 já estava na telinha da Globo, no “Fama”, um dos primeiros reality shows musicais do país.

Criada em meio ao repertório das orquestras e bandas de baile de SP, fez dela uma cantora eclética, o que possibilitou cruzar fronteiras e convites para cantar MPB na Tailândia e na Califórnia, mas AnnaLu nunca perdeu de vista a busca por um trabalho autoral, que incluísse o lado mais rock e pop. Esse lado foi exercitado, com a ajuda de amigos e parceiros, em dois álbuns que ela lançou em 2004 e 2012, enquanto seguia com o seu dia a dia da música – muitas vezes em grande estilo, esbanjando seu preparo de jazzista no Baretto, piano-bar do hotel Fasano.

O encontro com o experiente Zé Ricardo, produtor do EP, se deu em 2019, quando ele, diretor do palco Sunset do Rock in Rio, viu o vídeo de AnnaLu candidatando-se à vaga de apresentadora das jam sessions que aconteceriam madrugada adentro no festival. Ela se recorda bem das palavras de Zé (“Muita gente ainda vai estar na plateia quando começarem as jams. Você está preparada para isso?”), mas também de ter respondido na lata: “Eu nasci pronta!”

Logo, AnnaLu estava participando das jams do Sunset também como cantora, e de outros projetos que envolveram o produtor, como o Verão Tim e o Segue o Baile. “Fui aproveitando qualquer oportunidade que eu tinha de apresentar o meu trabalho!”, entrega ela.

A partir daí, o caminho para que produtor e cantora trabalhassem juntos em um disco foi natural. AnnaLu, Zé Ricardo (revezando-se nas guitarras e violões), Maurício Piassarollo (teclados e programações), Marcelo Linhares (baixo), Maurício Negão (guitarras) e Wallace Santos (bateria) bateram muitas bolas no estúdio Cantinho, de Zé, no Rio de Janeiro. O resultado: esse EP, que agora chega ao streaming (e logo, também, aos palcos).

Cada uma das seis faixas – na verdade, cada uma das notas que a cantora emite – carrega uma história de perseverança, de paixão e de busca pelo autoconhecimento, que só agora chega a um ponto ideal. Este é, finalmente, o disco que AnnaLu se preparou a vida inteira para fazer.

Embalada por violão e eletrônicas, “O que eu quiser ser” foi composta pelo produtor como uma forma de tentar responder à pergunta que se fazia desde o início do trabalho: Quem é, de fato, AnnaLu? Versos como “só quem é livre sabe a delícia do que é viver livre” e “ela não quer dançar com quem não tem coragem” abrem caminho para o entendimento desse disco que não poderia ter sido feito sem liberdade.

E o que poderia ser mais livre e ousado do que tomar um grande sucesso do rock do começo dos anos 2000, “Sex on Fire”, dos americanos Kings of Leon, e transformá-lo num moderno trap? “Essa é uma música que trata do sexo de uma maneira muito elegante, é o famoso ‘sexy sem ser vulgar’.

E eu quero poder falar disso, o sexo faz parte da minha vida”, argumenta AnnaLu, que hoje é tão fã dos Kings of Leon quanto da potência trap de Post Malone. Os dois universos se encontram em uma faixa que é ao mesmo tempo agressiva, melódica, poética, misteriosa, pop e muito sensual.

“As minhas músicas são histórias da minha vida”, admite a cantora. O que nos leva a “Certo ou errado”, emotivo pop-folk que ela compôs quando estava no meio de um relacionamento desgastado, questionando-se se deveria ficar ou partir para um outro porto.

“Tua paz”, composição de Zé Ricardo, espécie de samba-canção eletrônico, perfeito para os contornos jazzy de sua voz, ganhou um instrumental dark, de acordo com a crua letra que fala em “matar a canção / matar o amor e o meu desejo”.

Mas AnnaLu também é leveza e bailado, o que fica evidente em “Não dá”, composição dela com outros parceiros. Funky na medida, a faixa arrasta o ouvinte para a pista de dança.

E a festa do EP continua com “Inevitável”, disco music eletrônica digna de Dua Lipa, mas que era uma música completamente diferente: uma antiga composição de AnnaLu em parceria com outra compositora. No novo tratamento musical dado por Zé Ricardo, bem como diz a letra da música, “o inesperado aconteceu”. E da canção romântica nasceu uma pérola dançante, para as FMs de todas as épocas.

“Eu não fiz outra coisa na minha vida a não ser música. Vivo, respiro música desde que eu nasci”, reconhece a cantora, com a satisfação de apresentar esse EP em que finalmente realiza todas as suas possibilidades – e que é a sua cara. “Canto desse jeito hoje porque eu aprendi a cantar várias coisas. Porque eu sempre me joguei em várias coisas. Foi isso o que me deu coragem para chegar a um palco do Rock in Rio com 60 mil pessoas, que não sabiam quem eu era, e ir lá falar e cantar!”

Pois bem, AnnaLu, agora o palco é todo seu.

Silvio Essinger, julho de 2022.

 

Links:

Certo ou Errado - https://www.youtube.com/watch?v=W8lCjLoyEJA

O que eu quiser ser - https://www.youtube.com/watch?v=8r1tb6cozU4

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O que eu quiser ser - https://deezer.page.link/T8mFuqTBhrnKJCej7

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