[Crítica] Deus tem AIDS

Sinopse: 40 anos depois do início da epidemia de AIDS, sete artistas e um médico ativista, pessoas vivendo com HIV, oferecem novas imagens e perspectivas para lidar com a sorofobia no Brasil.

O que achei? Dirigido por Fábio Leal e Gustavo Vinagre, o documentário mostra as vozes e a forma como essas vozes se expressam sobre como é viver com o HIV, fazendo com que o espectador veja, escute e conheça perspectivas diferentes de pessoas soropositivas e suas experiências sobre um tema que tem sido alvo de polêmica, tabu, preconceito, discriminação e desinformação desde que a pandemia de HIV/AIDS começou na década de 1980.

O documentário mostra a convivência com o vírus à vida. Não tem tons alarmistas ou deprimentes. Retratam pessoas vivendo suas rotinas, criando pontes e diálogos sobre o HIV com o objetivo não apenas de criar conscientização em relação a esse tema como também para mostrar como eles convivem com o vírus de forma estável, balanceada e saudável e normalizar o debate e a conversa sobre um tema que ainda é considerado incômodo.

A forma como cada indivíduo escolhe se expressar é única. Temos um rapaz que dança nu na cobertura de um prédio, o diálogo que um ativista faz com pessoas na rua, as intervenções de uma mulher e a apresentação artística de um performer que envolve seu próprio sangue. Só um aviso de gatilho nessa parte do documentário (a partir de 1h mais ou menos) que pode ser gráfica para alguns espectadores.

O documentário inteiro é mostrado com empatia e sem julgamentos e sem aquela separação típica de um documentário, onde quem dirige coloca uma certa distância entre si e quem está sendo documentado. É um retrato bem intimista e introspectivo e parece que nem sequer tem câmeras e uma equipe registrando o cotidiano desse grupo de sete pessoas.

Deus tem AIDS é um documentário que mistura arte e ativismo e cumpre seu objetivo de mostrar essas vozes que a sociedade tenta isolar e silenciar há 40 anos.

Ganhador dos prêmios de Melhor Filme pelo Júri Oficial e Júri Popular, no Queer Porto, o documentário Deus tem AIDS, chega aos cinemas no dia 1º de dezembro, no Dia Internacional de Luta Contra a AIDS e é produzido pela Pontes Produtoras e lançado pela Vitrine Filmes.

Trailer: 

 Escrito por Michelle Araújo Silva