[Crítica] Paloma
Sinopse: Paloma é uma mulher trans que está decidida a realizar seu maior sonho: um casamento tradicional, na igreja, com o seu namorado Zé. Ela trabalha duro como agricultora numa plantação de mamão, e está economizando para pagar a festa. A recusa do padre em aceitar seu pedido obrigará Paloma a enfrentar a sociedade rural. Ela sofre violência, traição, preconceito e injustiça, mas nada abala sua fé.
O que achei? Dirigido por Marcelo Gomes e roteirizado por ele, Armando Praça e Gustavo Campos, o longa Paloma é baseado em uma história real que o diretor leu em um jornal. A personagem que dá título ao filme é interpretada por Kika Sena.
O longa mostra a luta de Paloma não apenas de realizar seu grande sonho, mas também pelo seu direito de ter sua identidade de gênero reconhecida e respeitada e de ser tratada como ser humano.
Apesar de todos esses obstáculos e preconceito que Paloma sofre, ela é uma mulher sonhadora, cheia de esperança e com uma certa inocência. Kika Sena consegue passar de forma excelente as emoções e sentimentos de Paloma.
O filme tem vários pontos positivos, um deles é que o diretor mostra vários aspectos da vida de Paloma que vão além de sua identidade como mulher trans, o que é importante quando se trata de representatividade LGBTQIA+ na mídia.
O mundo sonhador de Paloma é interrompido pela dura realidade da transfobia institucionalizada e enraizada na sociedade, bastante influenciada pelo conservadorismo religioso. O preconceito está presente no filme, mas não de uma maneira personificada, o que representa bem o quanto esse preconceito é estrutural.
Enfim, em um país onde se mais mata transexuais no mundo, o longa é sobre uma personagem que é mais do que sua identidade de gênero e que não se deixa abalar com o preconceito e a violência diárias. Paloma é uma mulher realista que enfrenta essas violências e os problemas que aparecem em sua vida de cabeça erguida.
Paloma, Melhor Longa da mostra competitiva da Première Brasil do Festival do Rio de 2022, que também deu à Kika Sena o troféu de Melhor Atriz e levou o Prêmio Félix concedido a obras LGBTQIA+, exibido na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo estreia amanhã, dia 10, nos cinemas brasileiros.
O filme é produzido pela pernambucana Carnaval Filmes, em coprodução com a portuguesa Ukbar Filmes e distribuído pela Pandora Filmes.
Trailer:
Escrito por Michelle Araújo Silva
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