[News] Nós Matamos o Cão Tinhoso!, do Grupo Trapiche de Teatro, usa o teatro como protesto contra opressão
Nós Matamos o Cão Tinhoso!, do Grupo Trapiche de Teatro, usa o teatro como protesto contra opressão
Inspirado na obra do moçambicano Luís Bernardo Honwana, espetáculo conta com dramaturgia de Ériko Carvalho, que também assume a direção ao lado de Paula Flaibann
A proposta estética do espetáculo conta com números de dança, palhaçaria e teatro físico, sem deixar de lado a carga emocional do texto. - Foto: Adriano Liano.
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Ginho é um menino negro que é pressionado a matar um cão vadio. Doente, abandonado e a morrer, o cão de olhos azuis desperta empatia no menino, que ao lado dos colegas é persuadido e chantageado a matar o animal. O enredo serve de pano de fundo para abordar as relações de poder e denunciar a opressão, o racismo e a violência. ‘Nós Matamos o Cão Tinhoso!’, novo espetáculo do Grupo Trapiche de Teatro, será apresentado no dia 16 de novembro às 20h30 no Teatro Municipal Luiz Gonzaga, em Jandira. Os ingressos são gratuitos e podem ser adquiridos de forma on-line no site da Sympla.
Com pesquisa e dramaturgia de Ériko Carvalho, em codireção com Paula Flaibann, o espetáculo conta ainda com composições musicais e trilha sonora de Rafael Thomazini e coreografias de João Hespanholeto.
A peça surgiu a partir de um desejo de Ériko Carvalho de discutir a temática do racismo e da opressão, a partir de uma ampla pesquisa na obra homônima, publicada pelo moçambicano Luís Bernardo Howana, e em obras literárias indicadas aos estudantes, para leitura.
O livro de contos foi lançado em 1964, ano em que estourou a luta pela independência de Moçambique da opressão colonial portuguesa. “A obra revela temas e interpretações que desembocam na descoberta de uma nova identidade do povo moçambicano. Um redescobrimento de quem eles eram sem as mazelas da colonização e isso reverbera também na nossa realidade enquanto nação”, destaca Ériko.
Para usar a arte como forma de protesto, a proposta estética do espetáculo conta com números de dança, palhaçaria e teatro físico, sem deixar de lado a carga emocional do texto. “Todas as ações em cena têm como objetivo levar para o público a sensação de angústia que o texto propõe”, pontua Paula Flaibann.
Relações de Poder
O elenco, composto por Beatriz Amado, Glauber Leme, João Hespanholeto, Marcelo Liborne, Rai do Sol e Renan Vinícius teve liberdade criativa para debater as camadas do texto e encontrar a narrativa dentro da cena. Esses encontros e leituras da obra contaram com a orientação do ator de nacionalidade moçambicana Marcial Lourenço Macome.
“Estudei o texto de ‘Nós Matamos o Cão Tinhoso! no ensino fundamental em Moçambique e a releitura após a vida adulta me fez entender a complexidade do texto de outra forma. As alegorias e metáforas ali presentes mostram que mesmo tratando do contexto histórico de Moçambique em relação a opressão colonial em 1964, esse debate se atualiza e tem simetria com o Brasil atual”, finaliza Marcial.
De acordo com ele, a obra seguirá em pesquisa mesmo após a estreia, como novas interpretações e formatos. O projeto foi contemplado pelo edital 03/2021/SMCT - Fundo Municipal de Incentivo à Cultura de Jandira, Lei 2241 de 2019.
Sobre Grupo Trapiche
O Grupo Trapiche tem como objetivo descentralizar a cultura e como essência de seus estudos encontrar pontos de intersecção entre o teatro musical, o cinema e o teatro clássico ou teatro de texto. Criado em 1986 pela atriz e produtora Vânia Bastian, o grupo tem em sua história alguns estudos e espetáculos da literatura, sendo os principais: Morte e Vida Severina, O Cortiço (montagem produzida com o apoio da Lei Rouanet), Capitães da Areia, A Moreninha e O Auto da Barca do Inferno. Dentre os principais trabalhos infantis estão: Alice no País das Maravilhas (vencedor do prêmio APCA), Gatos na Eleição do Beco (montagem produzida com o apoio do ProAC), O Mundo de Tchelo (montagem produzida com o apoio do ProAC), O Menino Maluquinho (montagem produzida com o apoio do ProAC), Sonho de Uma Noite de Verão e Magias (montagem produzida com o apoio da Lei Rouanet) e A Borboleta Sem Asas (montagem produzida com o apoio da Lei Rouanet e do ProAC).
Obra do moçambicano Luís Bernardo Howana é parte da lista das obras literárias indicadas para leitura pela FUVEST. Foto: Adriano Liano.
Sinopse “Nós Matamos o Cão Tinhoso!”
A peça é uma adaptação do conto de uma obra considerada fundacional da literatura moçambicana moderna, escrita por Luís Bernardo Howana. A história, narrada por um menino negro, chamado Ginho, desenvolve-se à volta de um cão vadio, de olhos azuis, que está doente, abandonado e a morrer. Um dia, Ginho e um grupo de rapazes da sua idade são persuadidos e chantageados para matar o cão. Apesar de sentir pena e empatia em relação a ele, Ginho é pressionado para matá-lo, de modo a ser aceito pelos seus colegas.
Ficha Técnica
Produtora Executiva – Vania Bastian @bastianvania
Produtora Administrativa – Nayana Gomes @naagomes
Autor – Luís Bernardo Honwana
Pesquisas e Dramaturgia – Ériko Carvalho @erikocarvalho
Direção – Paula Flaibann @paulaflaibann e Ériko Carvalho
Composições Musicais e Trilha Sonora – Vinícius Loyola @viniciusloyola
Coreografias - João Hespanholeto @joaohespanholeto
Orientador e Artista Convidado – Marcial Macome @mlmacome
Cenário, Figurinos e Adereços – Grupo Trapiche @grupotrapiche
Elenco – Beatriz Amado @beatriz_amado, Glauber Leme @glaubersilva.art, João Hespanholeto, Marcelo Liborni @maaliborni, Rai do Sol @raidosol e Renan Vinícius @renanvinivius23
Serviço
Nós Matamos o Cão Tinhoso! – Grupo Trapiche de Teatro
Dia 16 de novembro, 20h30
Teatro Municipal Luiz Gonzaga (Rua Rubens Lopes da Silva, 400 - JMC – Jandira/SP)
Duração: 50 minutos | Classificação: Livre
Ingresso: Gratuito – Disponível em Sympla
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