[News] Túlio Pinto realiza nova individual na Millan em novembro

                  Túlio Pinto, Cumplicidade #51 (2022)

Intitulada Lastros e Tensões. Deformações e Acolhimento, a exposição conta com curadoria de Guilherme Wisnik e apresenta uma seleção de obras inéditas

Dois anos após sua última exposição solo na galeria, Buraco no céu (2020), Túlio Pinto apresenta os desdobramentos recentes em sua investigação sobre os limites de materiais de uso industrial. Localizadas entre escultura e instalação, as obras produzidas com blocos ou barras de aço e bolhas de vidro soprado se organizam em arranjos precisos de equilíbrio e jogo de forças.

As obras se sustentam autonomamente, em equilíbrio, e colocam em tensão os pressupostos sobre a fragilidade do vidro e o peso do aço. Para atingir esse resultado, no ateliê onde é o vidro é soprado,– com o material ainda quente e maleável –, as bolhas são pressionadas contra as chapas e vigas de aço, para que se moldem a elas. Esse processo se desenvolveu a partir de trabalhos nos quais o artista posicionava peças de concreto contra balões de festa – que, no embate com o peso, iam pouco a pouco, cedendo e murchando.

“A primeira impressão que temos ao ver esses trabalhos escultóricos de Túlio Pinto é a de que as bolhas de vidro vão estourar, já que, aparentemente, não poderiam resistir ao apoio daquelas massas brutas. Por isso, o paradoxo, que, nos trabalhos do artista, ganha ares de uma espécie de milagre laico, ou, na verdade, de uma explicitação materialista: os volumes de vidro são, sim, muito resistentes, e ainda mais quando sua geometria se contorce, distanciando-se da fragilidade das chapas planas. Assim, enquanto as barras de ferro realizam a força de empilhamento, as informes bolhas de vidro se deformam para apoiá-las. O conflito se resolve provisoriamente em acomodação.” Comenta o curador.

Tal operação, entendida pelo artista como uma “performance dos materiais", se configura numa organização precisa das peças que compõem os trabalhos – levando em conta as propriedades e os antagonismos das matérias, que permitem que as obras permaneçam estáticas.

Há ainda um contraste entre a forma orgânica do vidro e a precisão industrial da liga metálica, para Wisnik: “Daí, a meu ver, a força desses encontros improváveis, nos trabalhos de Túlio Pinto, entre ferro e vidro, ou entre as formas geométricas claras e o organicismo informe de estruturas frágeis que se amoldam ao esforço bruto de compressão. Ou, ainda, entre o peso da barra de ferro, de extração industrial, e a consistência mutante da película vítrea, que, soprada delicadamente pelo pulmão de um trabalhador artesão, esculpe-se em formas pelo movimento de massas de ar.”

Avançando em debates postos pelo minimalismo e pela arte construtiva brasileira, a produção de Túlio Pinto permeia de maneira singular os conceitos de harmonia, equilíbrio e efemeridade, formulando a coexistência de opostos, assim como experiências dos espectadores com o espaço.

Lastros e Tensões. Deformações e Acolhimento
Túlio Pinto
Curadoria Guilherme Wisnik
Até 17 de dezembro
Millan
Rua Fradique Coutinho, 1430,
Pinheiros, São Paulo, SP

Sobre o Artista

Túlio Pinto (Brasília, DF, 1974) vive e trabalha em Porto Alegre, RS. É bacharel em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS, RS. Realizou diversas exposições individuais, entre elas: Encontros divergentes, no MAC Sorocaba, SP (2021); Buraco no céu, na Galeria Millan, São Paulo, SP (2020); Momentum, no MARGS — Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS (2019); Onloaded: Túlio Pinto, no Phoenix Institute of Contemporary Art, Phoenix, EUA (2015). Entre suas principais exposições coletivas destacam-se: 13a Bienal do Mercosul: Trauma, sonho, fuga, Porto Alegre, RS (2022); Glass and Concrete, Marta Herford Museum, Herford, Alemanha (2020); Transparência e reflexo, Mube — Museu Brasileiro de Escultura, São Paulo, SP (2016); Bienal de Vancouver, Vancouver, Canadá (2014). Sua obra faz parte de diversas coleções, entre elas: Instituto Figueiredo Ferraz; Museu de Arte Contemporânea do Paraná; Museu de Arte de Ribeirão Preto; Fundación Pablo Atchugarry; Fundação María Cristina Masavesu Peterson; Marta Herford Museum.




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