[Crítica] Medusa

 
Sinopse: A jovem Mariana pertence a um mundo onde deve manter a aparência de ser uma mulher perfeita. Para não cair em tentação, ela e suas amigas se esforçam ao máximo para controlar tudo e todas à sua volta. Ao cair da noite, elas formam uma gangue e, escondidas atrás de máscaras, caçam e punem aquelas que se desviaram do caminho correto. Porém, dentro do grupo, a vontade de gritar fica a cada dia mais forte.

O que achei? No longa Medusa, com roteiro e direção de Anita Rocha da Silveira, o horror está presente na misoginia e machismo estruturais, opressão da sociedade sob a mulher, na violência que as mulheres sofrem até mesmo por parte de outras mulheres que fazem parte desse mesmo sistema que as oprime e as aprisiona.

Esse é o contexto que a protagonista Mariana vive. Ela frequenta uma igreja que tem características de uma seita, onde faz parte de um grupo – as Preciosas do Altar – que se esforçam para seguir os princípios da igreja que exigem que as mulheres sejam puras e recatadas. Esse nível de fanatismo faz com que essas amigas ataquem mulheres que elas acreditam que estão em pecado por não seguir esses princípios e tentar evangeliza-las por meio da opressão e violência. Isso também é uma tentativa – ainda que errada – dessas amigas controlarem algo em suas vidas, já que elas não tem essa liberdade na igreja.

É daí que vem o nome do filme: uma metáfora onde mulheres são punidas – até mesmo por outras mulheres por causa de sua beleza e sensualidade.

Tudo muda na vida de Mariana quando uma mulher que as Preciosas do Altar perseguem revida o ataque e Mariana fica com uma cicatriz em seu rosto. Assim como Medusa, ela é estigmatizada por causa dessa cicatriz e acredita que isso afetou sua beleza e pureza.

A visão de mundo de Mariana começa a mudar quando ela começa a trabalhar em um hospital e passa a se relacionar e observar o comportamento de pessoas que não são influenciadas por dogmas religiosos ultraconservadores, pelo fanatismo e misoginia enraigada nesses dogmas.

A trama do filme mostra como as personagens femininas – principalmente Mariana e sua melhor amiga, Michelle – se libertam desses dogmas no final do filme ao desafiar e expressar seu desespero literalmente na base do grito, colocando abaixo aquela imagem de moça recatada e obediente, só esperando pelo príncipe encantado lhe pedir em casamento, onde elas nem sequer tem a escolha de dizer não.

A personagem Michelle (interpretada por Lara Tremouroux) possui camadas e mostra o retrato de muitas mulheres no Brasil que esconde ser vítima de violência doméstica em um mundo cor de rosa e tutoriais de maquiagem para manter as aparências tanto suas quanto de seu namorado.

As atuações do elenco são bem sólidas e o destaque vai para Lara Tremouroux e Mari Oliveira.

Outro destaque também vai para a trilha sonora, principalmente para a introdução do grupo As Preciosas do Altar ao som de Cities in Dust de Siouxsie and the Banshees no início do filme.

Com produção da Bananeira Filmes, de Vania Catani, e coprodução da MyMama Entertainment de Mayra Faour Auad, Telecine, Canal Brasil, Brisa Filmes, Cajamanga, Medusa chega estreia nos cinemas brasileiros no dia 16 de março. 

Trailer:


 

Escrito por Michelle Araújo Silva






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