[News] PREMIADO ''UM PAR PRA CHAMAR DE MEU'' ESTREIA NO CIRCUITO SPCINE EM 30 DE MARÇO
Ganhador do prêmio de melhor documentário no Festival de Gramado de 2022, UM PAR PARA CHAMAR DE MEU, de Kelly Cristina Spinelli, será lançado no circuito Spcine no próximo dia 30, e, posteriormente, no Canal Brasil. O primeiro longa da diretora tem como tema o universo da dança e dos personal dancers, homens contratados para dançar com mulheres em bailes. O filme é produzido pela Olé Produções, que também o distribui no Brasil. A distribuição em VOD no exterior é da O2Play.
“O documentário levanta a questão do ostracismo social das mulheres na terceira idade. Fala também de uma questão geracional, de como a sociedade afeta de forma diferente as mulheres de cada geração e os passos que cada geração consegue dar.”
O ponto de partida foi a própria mãe da cineasta, Eni Spinelli, que, com a morte do marido, sentiu a perda de sua vida social. A partir de observar como sua mãe se transformou quando começou a contratar personal dancers para ir aos bailes, Kelly viu que tinha ali uma questão interessante para um documentário.
“As mulheres mais velhas costumam ter sua vida social mediada pelos parceiros. Sua participação na vida pública dependeu dos maridos a vida toda. Quando eles faltam, não podem ou não querem acompanhá-las, elas sentem que ficam presas à vida familiar, criação dos netos e eventos de família. Se tentam ir sozinhas aos bailes, tomam chá de cadeira. E assim, muitas deles começam a contratar personal dancers.”
Partindo do pessoal para atingir o universal, UM PAR PARA CHAMAR DE MEU acompanha Eni e um grupo de mulheres de terceira idade de São Paulo que contratam esse serviço, de idades, experiência de vida e motivações diversas, embora os bailes sejam frequentados, em sua maioria, por mulheres brancas de classe média e alta. Elas são acompanhadas em casa, em suas vidas domésticas, e vistas nos bailes e em danças produzidas, exibindo seus passos, seus corpos, sua sensualidade.
O documentário conversa também com os rapazes que prestam esse serviço: em sua maioria jovens periféricos que têm metade da idade das contratantes. Eles falam sobre o que os levou a prestar esse serviço, e dos prós e contras da profissão, ainda bastante informal.
Um Par Pra Chamar de Meu tem, ainda, a participação da própria diretora, como observadora desse universo.
“ Minha mãe foi a última a fazer parte do documentário. Por resistência minha, e não dela. Eu achei que nós brigaríamos, que ela desistiria na metade, muitas coisas passavam pela minha cabeça. Mas entendi que a minha resistência tinha a ver com meu olhar, como mulher mais nova, sobre ela e esse universo, e que tentar entendê-la era minha motivação central pra esse documentário”
A fotografia do filme é assinada por Carol Quintanilha, e Kelly destaca da parceria a sintonia para fazer o documentário filmado em apenas nove diárias. “Ela teve todos os desafios possíveis porque filmamos situações diferentes, entrevistas, bailes e danças produzidas com um orçamento apertado. Além disso, a Carol é muito curiosa e muito empática: todas as mulheres e todos os personais ficavam à vontade perto dela.”
Filmar as cenas de dança foi um desafio que obrigou Carol e Kelly a encontrarem saídas criativas. “Eu queria imagens em movimento, que a Carol girasse ao redor dos pares de dança. Como tínhamos pouco equipamento, Carol sugeriu usarmos uma cadeira de rodas, o que criou uma situação curiosa: a fotógrafa sendo empurrada na cadeira de rodas enquanto as mulheres da terceira idade estavam de salto dançando seus tangos e boleros.”
O documentário foi editado por Matheus Tibira, que trouxe para a edição seu olhar sobre ritmo e a preocupação com o som, as danças e os silêncios da narrativa.
Como resultado, Um Par Pra Chamar de Meu busca mostrar como as mulheres mais velhas, inclusive quando têm privilégios sociais, são deixadas de lado na terceira idade – muitas vezes depois de uma vida negligenciando seus interesses pessoais ao casar e ter filhos. A diretora ressalta que as mulheres que contratam personal dancers estão contestando como podem esse sistema.
“Existe também uma camada desse documentário que é o encontro possível de pessoas muito diferentes. Esses pares de dança são formados entre mulheres mais velhas e privilegiadas, muitas vezes conservadoras, e homens mais jovens e em geral periféricos e, em alguns casos, progressistas. Como todo encontro, e especialmente todo encontro que é mediado por um acordo financeiro, pelo sistema capitalista, tem conflitos. Mas existe um encontro, existe aprendizado para ambos, e isso me parece interessante em anos de polarização extrema como os que estamos vivendo.”
UM PAR PARA CHAMAR DE MEU será lançado pela Olé Produções no circuito Spcine.
Sinopse
Depois da morte do marido, Eni Spinelli, mãe da documentarista Kelly Cristina Spinelli, se viu sem par - de dança e de vida. Anos depois, ela decidiu resolver parte do problema contratando um personal dancer, nome que se dá aos jovens de 25 a 40 anos, em geral periféricos, que cobram em média 250 reais por noite para levar mulheres mais velhas para dançar. Em Um Par Pra Chamar de Meu, Kelly acompanha a vida da mãe e de quatro outras mulheres que saem com personal dancers para discutir solidão, sexualidade e privilégio entre as mulheres da terceira idade.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kelly Cristina Spinelli
Produção: Gal Buitoni, Luiz Ferraz
Produção Executiva: Gal Buitoni, Thomas Miguez
Direção de Fotografia: Carol Quintanilha
Pesquisa e consultoria de roteiro: Carla Gallo
Som direto: Carol Barranco, Eder Amarelo, Diogo Fubá, Gabriella Zago
Direção de produção e AD: Claire Castelano
Produção base: Lucas Gattaz, Cris Marinho
Câmera Adicional: Rica Saito e Renata Corrêa
AC: Renata Corrêa e Giovanna Gil
Montagem: Matheus Tibira
Assistente Montagem: Dani Gonçalves
Edição e som e mixagem: Input Arte Sonora
Correção de Cor: Samanta do Amaral
Coordenação de Pós: Monica Ravaiolli
Finalização: Quanta Post
Produção e Distribuição nacional: Olé Produções
Distribuição VOD exterior: O2 Play
Gênero: Documentário
Duração: 82 min.
País: Brasil
Ano: 2022
Sobre Kelly Cristina Spinelli
Roteirista e diretora, especialista em trazer perspectivas femininas para o audiovisual. É roteirista do longa As Origens - semifinalista do Prêmio Cabíria, roteirista e diretora documentários Um Par pra Chamar de Meu (2022) e Parece Comigo (2016), exibido em festivais internacionais. Foi coordenadora de conteúdo e pesquisadora de programas de televisão por diferentes produtoras paulistas.
Sobre a Olé Produções
A Olé Produções foi fundada em 2007 e tem como sócios a produtora executiva Gal Buitoni e o produtor e diretor Luiz Ferraz. Nossa principal especialidade é o desenvolvimento, produção e direção de documentários e formatos de não-ficção e ao longo desse tempo tivemos diversos filmes exibidos e premiados em importantes festivais como Festival de Gramado, É Tudo Verdade, Karlovy Vary (República Tcheca), Festival do Rio, Festival de Havana (Cuba), BAFICI (Argentina), DocsMX (México), Cine Ceará, entre outros. Também estabelecemos importantes parceiros como Globo Filmes, Globonews, Globosat, National Geographic Channel, Itaú Cultural, Canal Curta!, Canal Brasil, Amazon Prime Video, O2 Play, entre outros.
Serviço:
Sessão: Um par para chamar de meu
Horário: 19h
Duração: 1h22 - debate na sequência com duração máxima até 21h
Sala: Paulo Emílio (CCSP)
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