[News] Violoncelo que pertenceu a Heitor Villa-Lobos é cedido à Orquestra Petrobras Sinfônica para concerto na Sala Cecília Meireles nesta sexta-feira (10/3)

 Violoncelo que pertenceu a Heitor Villa-Lobos é cedido à Orquestra Petrobras Sinfônica para concerto na Sala Cecília Meireles nesta sexta-feira (10/3)


Foto Tulio Lima

 

 Na semana em que se celebra o 136º aniversário de nascimento de Heitor Villa-Lobos, a Orquestra Petrobras Sinfônica apresenta uma de suas últimas obras, "Floresta do Amazonas" (1958), neste fim de semana, na Sala Cecília Meireles, com uma emblemática surpresa não somente para o público, mas também para os músicos. Entre os inúmeros instrumentos da orquestra, destaca-se o violoncelo que pertenceu ao compositor, gentilmente cedido pelo diretor do Museu Villa-Lobos, Luiz Octávio de Castro, para a récita de sexta-feira.

O violoncelista Hugo Pilger, líder de naipe da Orquestra Petrobras Sinfônica, professor e pesquisador da obra de Villa-Lobos, terá a honra de tocar com o instrumento que foi utilizado pelo compositor. "É uma emoção indescritível. Grande parte da obra de Villa-Lobos brotou desse violoncelo. Ele tem marcas em baixo relevo, números com a caligrafia do compositor, que indicam que, provavelmente, ele apoiava a partitura no instrumento para anotar dedilhados", imagina o violoncelista, emocionado.

Para Pilger, autor do livro "Heitor-Villa Lobos, o violoncelo e seu idiomatismo", o compositor teve a proeza de sintetizar a música do nosso país e elevá-la a um patamar jamais visto e, até agora, insuperável. "Villa inseriu a música brasileira num contexto de música de concerto, algo impensável naquela época em que violonistas, por exemplo, eram associados à malandragem. Sua vivência como chorão e como músico de rua foi fundamental para a valorização da nossa cultura. Não apenas por sua genialidade, mas também pela coragem em defender a música brasileira. Não há figura tão importante na história da música do Brasil e, eu diria, da América Latina. Era uma fonte incrível e incansável de produção", acredita. 

A composição "Floresta do Amazonas" - que será executada pela Orquestra Petrobras Sinfônica, sob a regência do maestro Roberto Tibiriçá, com participação da soprano Camila Titinger e do Coro Brasil Ensemble, dirigido por Maria José Chevitarese - talvez seja uma perfeita síntese da obra de Villa-Lobos, não somente pelo ponto de vista da técnica composicional, bem como pela justa tradução de elementos fundamentais de nossa cultura e de sons de nossa exuberante natureza. 

"Em certos momentos, a obra nos remete ao ciclo das 'Bachianas'. Em outros, ao bailado 'Amazonas' ou ao ciclo de 'Choros'. Fechando os olhos, os sons que permeiam a orquestra levam o ouvinte para dentro do ambiente quente da floresta. É como se os insetos estivessem voando; um pássaro canta aqui; um ganho quebra acolá e surge o barulho da água ali", enumera. "E sem contar a parte do coro, que evoca uma música tribal e, ao mesmo tempo, contrasta com a soprano, com uma parte extremamente lírica. É uma obra muito rica, com sons que parecem surgir do acaso, mas que são todos extremamente organizados", finaliza. 

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