[News] Agropeça, do Teatro da Vertigem, coloca o agronegócio nas terras de Dona Benta; uma arena ocupa o galpão do Sesc Pompeia

 Agropeça, do Teatro da Vertigem, coloca o agronegócio nas terras de Dona Benta; uma arena ocupa o galpão do Sesc Pompeia

O universo dos rodeios e seu entorno, associado ao agronegócio e aos personagens do Sítio do Picapau Amarelo estão em Agropeça, a mais nova montagem do Teatro da Vertigem, premiado grupo paulistano que levou espetáculos para igrejas, hospitais, presídios desativados e para o Rio Tietê. A nova peça investiga o conservadorismo e o reacionarismo que tomou conta do Brasil nos últimos anos.

 



Foto: Lígia Jardim


 


Uma criação do Teatro da Vertigem concebida e dirigida por Antonio AraújoAgropeça tem texto final de Marcelino Freire e co-direção de Eliana Monteiro.

A temporada no Galpão do Sesc Pompeia é de 04 de maio a 11 de junho.

 

 

A influência do agronegócio na sociedade brasileira atual e o aumento acelerado do conservadorismo que cerca este posicionamento político são alguns dos temas de Agropeça, nova montagem do Teatro da Vertigem. A temporada acontece no Galpão do Sesc Pompeia, de 04 de maio a 11 de junho de 2023, de quarta a sábado às 20h, e domingo às 17h - os ingressos ficam disponíveis para venda em www.sescsp.org.br a partir de 25 de abril, e às 12h nas bilheterias das unidades do Sesc SP em 26 de abril, a partir das 17h.

 

Dirigida e concebida por Antonio Araújo, com texto final de Marcelino Freire, co-direção de Eliana Monteiro e luz de Guilherme Bonfanti, o novo trabalho do Teatro da Vertigem investiga a tendência conservadora e reacionária atual e a relação do agro como forma de linguagem.

 

Para abordar esse tema, o grupo se faz valer de personagens bem conhecidos da literatura brasileira: Emília, Narizinho, Pedrinho, Tia Nastácia, Dona Benta, Visconde de Sabugosa, Marquês de Rabicó. Criação de Monteiro Lobato, o Sítio do Picapau Amarelo torna-se cenário (e personagem) do novo espetáculo do Vertigem, em uma versão bastante livre.

 

No elenco estão André D' Lucca (Saco e Rainha de Sinop), Andreas Mendes (Dona Benta, Marquês de Rabicó e palhaço de rodeio), Lucienne Guedes (Narizinho e Santa | cantora gospel), Mawusi Tulan (tia Nastácia), James Turpin (Visconde de Sabugosa, Boi), Paulo Arcuri (Coronel Teodorico), Tenca Silva (Emília), e Vinicius Meloni (Pedrinho).

 

Agropeça comemora os 30 anos de existência do Teatro da Vertigem, grupo conhecido e premiado por montagens que investigam São Paulo, utilizando espaços importantes da cidade para compor suas produções, criando novas formas de se relacionar com a arquitetura dos ambientes e provocando o movimento pelo espaço. Exemplos não faltam. O Paraíso Perdido, de 1992, que trata de questões metafísicas vividas pelo homem contemporâneo, foi encenado na Igreja Santa Ifigênia; O Livro de Jó, cujo personagem título foi vivido por Matheus Nachtergaele, teve como espaço o Hospital Humberto Primo, de 1995; Apocalipse 1,11 (2000) usou o antigo Presídio do Hipódromo e BR3 (2006) fez o público navegar pelo Rio Tietê.

 

Palco de disputa

Diferente de outras peças do grupo, dessa vez não haverá a ocupação de um lugar já existente; mas a transformação do Galpão do Sesc Pompeia em uma arena. Para compor este imaginário rural brasileiro, a estrutura cênica onde é encenado o espetáculo toma todo o espaço, transformando-o em uma arena de rodeio. Porém, a experiência imersiva - uma das características do Teatro da Vertigem - se mantém, transportando os espectadores não só a uma arena de rodeios, como também ao próprio Sítio do Picapau Amarelo. A cenografia é de Eliana Monteiro e William Zarella Junior e iluminação de Guilherme Bonfanti. Os figurinos são de Awa Guimarães e a direção musical é de Dan Maia.

 

Ao abordar o universo do agro, o Teatro da Vertigem investiga o jeito de pensar e agir do neo-conservadorismo brasileiro. O universo agro será representado pelo mundo dos rodeios, com cenas que representam e exemplificam a fricção entre o pensamento retrógrado promovido pela ultra-direita e o diálogo cheio de embates com as ideias progressistas e as novas formas de agir que fazem a sociedade avançar.

 

A peça faz o cruzamento desse mundo com o Sítio do Picapau Amarelo. Os personagens ganham novos contornos e novas funções sociais e o próprio Sítio se torna um elemento narrativo.

 


Em Agropeça, é criada uma amálgama entre o mundo do agro, os personagens do Sítio do Picapau Amarelo e episódios recentes da realidade política brasileira transformada em linguagem poética.


Dividido em três blocos, cada uma das partes será narrada por um personagem do universo do Sítio - Pedrinho, Tia Nastácia e Emília. A partir disso, são criadas cenas que envolvem esses personagens (e os demais personagens do Sítio) o que de certa forma relé a série de literatura criada por Monteiro Lobato, entre 1920 e 1947.

A dramaturgia foi escrita depois de um longo período de pesquisas e oficinas, e em processo colaborativo entre direção, elenco e o escritor.

À procura do interior

O novo trabalho do Teatro da Vertigem busca investigar a tendência conservadora e reacionária que está cada vez mais se ampliando pelo Brasil. Para compor este imaginário rural brasileiro, a estrutura cênica escolhida para a realização da peça consiste em uma arena de rodeio, uma competição esportiva de montaria em touros.

 

O evento foi objeto de pesquisa durante o processo criativo, tanto para a realização do roteiro quanto para as referências de modalidade de montaria. Em 2022, o início desse estudo que se transformaria na Agropeça foi aberto ao público durante a 6ª edição do Mirada - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, do Sesc São Paulo. Os estudos do universo rural perpassou também pela clássica personagem da cultura brasileira, Jeca Tatu, entrevistas com profissionais do rodeio - como o peão Cleber Henrique, um dos ganhadores da última edição de Barretos, e a primeira locutora mulher de rodeios do Brasil, Mara Magalhães. O espetáculo propõe a pensar um Brasil contemporâneo que se vê como manutenção da exploração histórica, construindo um país atualizado de passado.

 

Na peça, as personagens espelham a complexidade da estrutura social brasileira que ainda necessita revisitar sua memória. Elas expressam discursos distintos, que se colocam em disputa, construindo e desconstruindo um projeto político reacionário. O embate que se apresenta na arena é atravessado por narrativas que friccionam o pensamento retrógrado presente em parte da sociedade brasileira diante da diversidade de gênero, raça e discursos políticos.

 

SINOPSE

No meio de uma arena, que ora é rodeio, ora é o centro de um sítio, os personagens, à mesa de jantar ou prestes a domar um touro brabo, enfrentam-se na tentativa de desvendar um país que “rumina” e ao mesmo tempo “agoniza” em busca do próprio destino. Não sabemos se o que estamos assistindo é a representação de um país cruel e conservador, ou se tudo faz parte de uma antiga fábula infantil que, de alguma forma, moldou o imaginário brasileiro.

 

Serviço

Agropeça

Teatro da Vertigem

Data: 04/05/2023 a 11/06/2023

de quarta-feira a sábado às 20h, domingo e feriado, às 17h

Local: Sesc Pompéia - Rua Clélia, 93 – Lapa – São Paulo - SP | Galpão

Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); e R$ 15 (Credencial Plena).

Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 120 minutos

FICHA TÉCNICA
AGROPEÇA

Uma criação do TEATRO DA VERTIGEM
Texto: Marcelino Freire
Concepção e Direção Geral: Antonio Araújo
Co-direção: Eliana Monteiro
Desenho de luz: Guilherme Bonfanti
Performers:
André D' Lucca, Andreas Mendes, James Turpin, Lucienne Guedes, Mawusi Tulani, Paulo Arcuri, Tenca Silva e Vinicius Meloni
Artistas Colaboradores:
Nicolas Gonzalez (1ª e 2ª Fase)
Lee Taylor (1ª Fase)
Dramaturgismo: Bruna Menezes
Assistente de Dramaturgismo: João Crepschi
Conceito do Espaço: Antonio Araújo
Cenografia: Eliana Monteiro e William Zarella Junior
Sound Designer Associados: Randal Juliano, Guilherme Ramos e Kleber Marques
Figurino: Awa Guimarães
Visagismo: Tiça Camargo
Direção Musical e Trilha Original: Dan Maia
Direção vocal: Lucia Gayotto
Videografismo: Vic von Poser
Preparação Corporal: Castilho, Ricardo Januário
Preparação Corporal (1ª Fase): Fabrício Licursi
Direção de movimento: Castilho
Assistente de Direção: Gabriel Jenó
Assistentes de Iluminação: Giorgia Tolaini
Músicos: Lisi Andrade e Ricardo Saldaña
Operação de luz: Giorgia Tolaini
Operador de Áudio: Fernando Sampaio
Operadoras de Projeção: Júlia Ro e Vic von Poser
Operadores de Câmera: André Voulgaris e Matheus Brant
Operadores de seguidor: Igor Beltrão e Lays Ventura
Contrarregras: Clay Dalim, Flores Ayra, Gabriel Jenó e Jacob Alves
Cenotécnico: Zé Valdir Albuquerque
Montagem, Pintura e Tratamento de Cenografia: Elástica SP Cenografia
Costureiras: Francisca Rodrigues e Cleonice Barros Correa
Sonoplastia dos Ensaios: Dener Moreira
Aulas de Laço: Gui Sampaio
Crânios de Boi: Vinicius Fragata
Máscara Rabicó: Pietro Schlager
Tradutor Yorubá: Mariana de Òsùmàrè
Assistente de arquitetura: Maria Piedade
Acompanhamento no projeto de luz: Chico Turbiani
Estagiária de Direção: Julie Douet Zingano
Estagiário de Iluminação: Felipe Mendes e Caio Maciel
Fotos: Lígia Jardim
Documentarista: Padu Palmerio
Designer: Guilherme Luigi
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
Produção: Corpo Rastreado – Leo Devitto e Gabi Gonçalves

Sobre o Teatro da Vertigem

O grupo Teatro da Vertigem, criado em 1992 na cidade de São Paulo, desenvolve um trabalho artístico com base em elementos característicos, que vão desde a utilização de espaços não convencionais da cidade, passando pela criação de espetáculos a partir do depoimento pessoal dos seus integrantes e de processo colaborativo entre atores, dramaturgo, encenador e demais criadores, até a pesquisa sobre os processos de interferência na percepção do espectador.

 

Entre os espetáculos da trajetória do grupo estão O Paraíso Perdido, de 1992, encenado na Igreja Santa Ifigênia; O Livro de Jó, no Hospital Humberto Primo, de 1995; Apocalipse 1,11 (2000), no antigo Presídio do Hipódromo; a Trilogia Bíblica, apresentada na íntegra em 2002; a residência artística na Casa Nº1, em uma parceria entre o Patrimônio Histórico, a Secretaria Municipal de Cultura e o grupo, em 2003, que serviu de criação do projeto seguinte: BR-3.

 

Em janeiro de 2007, estreia História de Amor (últimos capítulos) de Jean-Luc Lagarce, e uma exposição sobre a trajetória dos 15 anos do grupo na galeria Olido. Em um projeto de intercâmbio artístico com os grupos LOT de Lima, Peru, e Zikzira, de Belo Horizonte, cria a intervenção cênica A Última Palavra é a Penúltima a partir do texto “O Esgotado”, de Gilles Deleuze, na passagem subterrânea da Rua Xavier de Toledo, no centro de São Paulo.

 

Neste mesmo ano realizou a ópera Dido e Enéias, de Henry Purcell, num dos galpões da central de produção de cenários e figurinos do Theatro Municipal. Da obra O Castelo, de Franz Kafka estreou Kastelo em 2010, no prédio do Sesc da Avenida Paulista. Ainda em 2012 o Teatro da Vertigem realiza duas estreias: o espetáculo Bom Retiro 958 metros e a ópera Orfeu e Euridice de Christoph W. Gluck, e o espaço escolhido é o inacabado complexo Praça das Artes no centro de São Paulo.

 

No ano de 2013 comemorou 21 anos do grupo com o projeto 21 Vertigem 21, que trouxe também à Praça das Artes, a exibição gratuita de diversos filmes dos espetáculos do grupo. Em 2014 o diretor Antonio Araújo, a convite do Villes en Scène, estreia com o Teatro da Vertigem, o espetáculo Dizer o que você não pensa em línguas que você não fala, com produção do Teatro Nacional da Bélgica e Festival de Avignon, realizado no antigo edifício da Bolsa de Valores de Bruxelas, e em Avignon, no Hôtel des Monnaies. Nesse mesmo ano o grupo é convidado a participar da 31ª Bienal de Arte de São Paulo, com a intervenção de A Última Palavra é a Penúltima 2.0.

 

No início de 2015, o Teatro da Vertigem vai ao Festival Santiago a Mil no Chile, e estreia Patronato 999 metros, adaptado a partir de Bom Retiro 958 metros. No mesmo ano, o grupo estreia O Filho inspirado no texto Carta ao Pai de Franz Kafka. Em agosto de 2017 estreia o espetáculo Enquanto Ela Dormia. No ano em que a Cia completou 25 anos de trajetória, foi lançado o livro “Teatro da Vertigem”, com textos críticos de dramaturgos e pensadores que refletem sobre os modos e meios de criação do grupo.

 

Em 2020, o grupo realizou Marcha à ré, uma performance-filme criada em colaboração com Nuno Ramos, comissionada pela 11ª Bienal de Berlim e filmada por Eryk Rocha, com a realização de uma intervenção artística site-specific em São Paulo. A partir de todo material colhido pela filmagem foi produzido o curta-metragem “Marcha à ré”, que teve sua estreia mundial na Bienal de Berlim, em 05 de setembro de 2020, e estreia no Brasil durante o Festival Internacional de Artes Cênicas Porto Alegre em Cena no dia 21 e outubro de 2020.

 

A versão de "Os Capuletos e Montequios", ópera de Vincenzo Bellini, com direção cênica de Antonio Araújo e Iluminação de Guilherme Bonfanti estreou em 2022 no Theatro São Pedro, em São Paulo.

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