[News] Petrópolis ganha mostra permanente com painéis de cerâmica, com o tema “Transporte e Independência”, no dia 16 de abril, domingo, na Praça de Nogueira
Petrópolis ganha mostra permanente com painéis de cerâmica, com o tema “Transporte e Independência”, no dia 16 de abril, domingo, na Praça de Nogueira
Projeto “Painel de Cerâmica na Cidade Imperial” é aberto ao público junto ao Centro Cultural Estação Nogueira,
espaço dedicado a história da primeira ferrovia do país, a Estrada de Ferro Mauá
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Imagem parte do Painel 3: “Fotos históricas”
Com o tema “Transporte e Independência”, no dia 16 de abril (domingo), a partir das 10 horas, os petropolitanos ganham a mostra permanente “Painel de Cerâmica na Cidade Imperial” para promover a memória histórica da Estrada de Ferro Mauá. Idealizado pela artista plástica e ceramista Rane Bessa, três painéis de cerâmica para visitação permanente, e a céu aberto, são instalados na Praça de Nogueira – local onde funciona o Centro Cultural Estação Nogueira, que tem preservada a história da ferrovia no município de Petrópolis.
A partir de um concurso nacional, trinta e cinco participantes enviaram suas propostas e duas artistas foram selecionadas pelas curadoras Patrícia Pedrosa, doutora em História da Arte pela UFRJ e por Rane Bessa. Sendo o terceiro painel de fotocerâmica, composto por imagens históricas à época desde a construção da Estrada de Ferro Mauá, em 1852. As imagens selecionadas recriam a importância da primeira ferrovia do país para o progresso do Brasil, busca despertar o valor histórico e artístico da identidade brasileira com a chegada do transporte ferroviário e promove a importância das locomotivas como patrimônio cultural.
A mostra permanente “Painel de Cerâmica na Cidade Imperial” ganha acessibilidade nos painéis “Transporte e Independência”, que recebem um QR Code com áudio descrição das imagens e o texto da curadora em libras. Além do circuito de painéis, um mini doc captado e editado por Sophia Azara traz imagens dos bastidores da execução da mostra, bem como a importância da parceira com o Centro Cultural Estação Nogueira. Após a sua inauguração, durante o mês de abril, visitas guiadas com alunos da rede pública de ensino do município de Petrópolis, serão realizados pela curadora Patrícia Pedrosa.
Painel 1: “Dos caminhos aos reencontros”
De Camila Gomes, o painel de pintura digital em azulejo, “Dos caminhos aos reencontros”, busca reunir a história dos transportes do país, a partir da construção da ferrovia – de grande importância para o desenvolvimento econômico do Brasil e com grande impacto no cotidiano das pessoas. Painel de 1.71m X 1.25m, com a execução de Lazaro Trucci. Abaixo, texto de Camila Gomes sobre o seu tema.
Painel 2: “Baroneza”
De Margarita Gallo, na gravura sobre cerâmica, podemos identificar a locomotiva Baroneza, primeira a percorrer a Estrada de Ferro Mauá. Locomotiva pioneira da primeira estrada de ferro do país, ganhou fama no mundo por sua importância como meio de transporte. Existem apenas dois exemplares da Baroneza, um no Brasil e outro na Inglaterra. Com Tamanho: 0,75m X 1,05m, o painel tem execução de Rane Bessa. Abaixo, texto de Margarida Gallo sobre o seu tema.
Com a curadoria das ceramistas Rane Bessa, Tadzia Maya e Julia Botafogo, esta última, responsável pela execução do painel de fotocerâmica de 0,79cm x 0,79cm com imagens históricas, como a foto acima, desde a construção da Estrada de Ferro Mauá, iniciada em 1852.
Para entender a importância da Estrada de Ferro Mauá para o município de Petrópolis, o Estado do Rio de Janeiro e todo o país, podemos começar falando sobre Barão de Mauá, considerado Patrono do Ministério dos Transportes. Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889), foi comerciante, empresário, político, armador, banqueiro, responsável por grandes obras para o progresso do país. Em abril de 1852 ele conseguiu a concessão do Governo Imperial para construção e exploração de uma ferrovia desde o Porto de Estrela, no fundo da Baía da Guanabara, até Fragoso, na Raiz da Serra. Sua intenção era subir até Petrópolis, e posteriormente alcançar Minas Gerais e São Paulo.
Em maio do mesmo ano, ele fundou a Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. Em junho recebeu concessão para explorar uma linha de navegação pela Baía de Guanabara desde a Prainha (atual Praça Mauá) na Corte até Estrela (atual Magé), fazendo a integração dos transportes marítimo e ferroviário.
Em 29 de agosto de 1852 teve início a construção da primeira ferrovia brasileira. A cerimônia de lançamento da pedra fundamental foi um grande evento, estando presentes o Imperador D. Pedro II, a Imperatriz D. Teresa Cristina e muitas autoridades. A festa aconteceu na fazenda do Comendador Albino José de Sequeira, em Inhomirim. Também foi um dos responsáveis pela construção da Estrada União e Indústria, a primeira rodovia pavimentada no Brasil, que foi inaugurada em 23 de junho de 1861, ligando a cidade de Petrópolis (RJ) a Juiz de Fora (MG). Abaixo, a história mais extensa.
“Transporte e Independência” nasceu com o intuito de celebrar os 200 anos da Independência do Brasil ao resgatar as experiências e memórias da importância dos transportes para o progresso do país.
O projeto conta com o patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria do Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural 2
Mídia Digital: @uma_ceramica
Serviço:
Painel de Cerâmica na Cidade Imperial
Tema: Transporte e Independência
Local: Praça de Nogueira | Rua Braz Rossi, Nogueira – Petrópolis
Data: 16/04/2023 | domingo
Horário: 10 horas
Programação:
10h: Inauguração do circuito de painel de cerâmica
Apresentação musical de João Gabriel Trio
10:30h: Visita guiada com artistas
11h: Apresentação do vídeo "Painel de Cerâmica na Cidade Imperial”
11:30h: Confraternização
12h: Encerramento
APRESENTAÇÃO DOS TRÊS PAINÉIS PELOS ARTISTAS
Painel 1: “Dos caminhos aos reencontros”
Processo: Pintura digital em azulejo
Artista premiada: Camila Gomes
Execução do painel: Lazaro Trucci
Tamanho: 1.71m X 1.25m
A história do desenvolvimento econômico é um dos temas mais importantes para a consolidação da nossa cultura brasileira. O encontro à mesa, para um cafezinho, une as classes, já que acontece nas casas ricas e nas da gente desfavorecida. Para que os encontros aconteçam, os passageiros e as cargas vão de trem, de avião ou de bicicleta até o local do encontro.
Na pintura digital “Dos caminhos aos reencontros” representei o trem, o avião e a bicicleta. No centro está a máquina à vapor que fica em frente a antiga estação de Nogueira de Petrópolis, como motivo principal do painel. Acima dela, como um adorno, está o dirigível de Alberto Santos Dumont, para fazer alusão aos meios de transportes aéreos. E no rodapé, uma bicicleta de modelo do final do século XIX para situar na mesma temporalidade (mais ou menos) dos outros elementos. Nas margens incluí uma moldura com a representação das texturas das estradas de ferro, das rodovias e das históricas ruas de paralelepípedos, que no painel formam arabescos, remetendo aos adornos de painéis de azulejos clássicos. Além disso, inseri trios de pés de café, aludindo ao tipo de produto agrícola importante para o desenvolvimento econômico do sudeste e fiz uma referência à região nordeste com a cana de açúcar e o algodoeiro. Apresentei um mapa, na lateral direita, que mostra a estrada de ferro para Petrópolis, como elemento gráfico decorativo e simbólico, o mapa data de 1926. Abaixo do mapa, está uma mesa com duas cadeiras, uma garrafa de café e duas xícaras, para o momento poético do encontro para o cafezinho. A mesa reúne todos os elementos: o transporte de passageiros (até o encontro) e de cargas, que proporciona todo o resto: o algodão da toalha de mesa, o café e o açúcar.
Sobre Camila Gomes (Rio de Janeiro / RJ):
Graduada em Design Gráfico, pós-graduada em Design de Estampas, mestranda em Design e graduanda do bacharelado em Pintura pela EBA/UFRJ. Sua pesquisa pessoal parte do diálogo entre as técnicas tradicionais e digitais de representação gráfica. Enquanto artista visual, busca remeter às memórias afetivas (pessoais e coletivas), cria cenas dos mundos vistos e/ou imaginados. Utiliza referências da dita cultura material, que são marcadores dos tempos históricos de um passado distante ou recente.
Painel 2: “Baroneza”:
Artista premiada: Margarita Gallo
Processo: Gravura sobre cerâmica
Execução do painel: Rane Bessa
Tamanho: 0,75 X 1,05 cm
Texto Margarita Gallo:
Escolhi a Baroneza pois ela foi a primeira locomotiva a transitar pela Estrada de Ferro Barão de Mauá, a primeira ferrovia a ser estabelecida no Brasil. Apenas existem dois exemplares, um no Brasil e outro na Inglaterra. "A Baroneza, por seu importante papel como pioneira no campo ferroviário do Brasil, transformou-se também em um importante marco da história do ferroviarismo mundial. A primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Mauá, foi de extrema importância para que o setor ferroviário ganhasse destaque no país, incentivando empresas a investirem na construção de novas ferrovias." "Além disso, teve papel de destaque na metade do século XIX, ajudando a desenvolver pequenos municípios do Rio de Janeiro e ampliando a economia do país, pois facilitava o acesso aos portos e aprimorava a exportação e importação de insumos." (Informação do site Wikipedia e do site massa.ind.br)
Na época, o feito foi noticiado por grandes jornais do Rio de Janeiro e de outras províncias. Na capa da edição do Diário do Rio de Janeiro de 2 de maio de 1854, publicou-se: “Todos sabem de que importância é a abertura de uma estrada para um país novo, onde todos os meios de comunicação são dificultosos, péssimos e muito caros. Se considerarmos que além de ser uma estrada ordinária é uma fonte de riqueza que comunica os lugares mais remotos com os grandes mercados, sendo o principal, e em nossa opinião”. (memoriadotransporte.org.br)
Sobre Margarida Gallo (São José dos Campos/SP):
Natural de Neuquén, Argentina, reside no Brasil desde 2019. Artista autodidata, sempre se interessou pelas Artes Plásticas. Suas pesquisas sobre as artes visuais são constantes, tanto das artes clássicas como das técnicas experimentais e digitais. Sua arte é figurativa e prefere as artes gráficas como a gravura, a aquarela e o desenho.
Painel 3: “Fotos históricas”
Seleção de fotografias Rane Bessa, Julia Botafogo e Tadzia Maya
Processo: Fotocerâmica
Execução Julia Botafogo
Tamanho: 0,79cm x 0,79cm
Sobre Painel 3 – “Fotos históricas”:
Painel de fotocerâmica, composto por imagens históricas à época desde a construção da Estrada de Ferro Mauá, em 1852. As imagens recriam a importância da primeira ferrovia do país para o progresso do Brasil, busca despertar o valor histórico e artístico da identidade brasileira com a chegada do transporte ferroviário e promove a importância das locomotivas como patrimônio cultural.
Sobre Rane Bessa:
Artista Visual vive e trabalha em Petrópolis/RJ. Atualmente cursa o mestrado na Escola de Belas Artes da UFRJ, mesma instituição na qual concluiu a graduação em Artes Visuais. Estudou também na escola de Artes Visuais do Parque Lage. Ao longo de sua trajetória profissional já participou de exposições de artes coletiva e individual e mais recentemente tem se interessado por arte em espaços abertos e públicos.
Sobre A Estrada De Ferro Mauá:
Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889) foi o maior empreendedor brasileiro do século XIX. Foi comerciante, empresário, político, armador, banqueiro, responsável por grandes obras para o progresso do país, tais como: criação do primeiro estaleiro do país, em Niterói; exploração com barcos a vapor dos rios Amazonas e Guaíba; instalação da iluminação pública a gás na cidade do Rio de Janeiro; instalação do cabo submarino telegráfico entre o Brasil e a Europa; e outras. Era defensor da abolição da escravatura e da valorização da mão de obra. Em 30 de abril de 1854 recebeu o título de Barão de Mauá, e em 26 junho 1874 Visconde de Mauá. Atualmente é considerado Patrono do Ministério dos Transportes.
Em abril de 1852 ele conseguiu a concessão do Governo Imperial para construção e exploração de uma ferrovia desde o Porto de Estrela, no fundo da Baía da Guanabara, até Fragoso, na Raiz da Serra. Sua intenção era subir até Petrópolis, e posteriormente alcançar Minas Gerais e São Paulo. Em maio ele fundou a Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. Em junho recebeu concessão para explorar uma linha de navegação pela Baía de Guanabara desde a Prainha (atual Praça Mauá) na Corte até Estrela (atual Magé), fazendo a integração dos transportes marítimo e ferroviário.
Em 29 de agosto de 1852 teve início a construção da primeira ferrovia brasileira. A cerimônia de lançamento da pedra fundamental foi um grande evento, estando presentes o Imperador D. Pedro II, a Imperatriz D. Teresa Cristina e muitas autoridades. A festa aconteceu na fazenda do Comendador Albino José de Sequeira, em Inhomirim.
Os trabalhos foram conduzidos pelos engenheiros ingleses William Bragge (1823-1884), Robert Milligan (1827-1876) e Joseph Cliffe. A obra enfrentou uma série de problemas: desmoronamentos provocados por fortes chuvas, surtos de febre, inexistência de mão-de-obra especializada.
A inauguração da E. F. Mauá ocorreu em 30 de abril de 1854. Nesse dia, o Imperador concedeu a Irineu Evangelista de Sousa o título de Barão de Mauá. O trecho inicial construído, ligando o Porto de Mauá a Fragoso, tinha 14,5 km de extensão. Em 1856 a ferrovia foi prolongada até a Raiz da Serra (Vila Inhomirim), chegando a ter 16,3 km. A subida por cremalheira até Petrópolis ocorreu apenas em 1886, quando a ferrovia já fazia parte da E. F. Príncipe do Grão Pará. Em 1890, passou a ser propriedade da E. F. Leopoldina.
Até 1867 a E. F. Mauá obteve lucros mas, após a construção da E. F. D. Pedro II e da Estrada União Indústria, suas atividades entraram em declínio. Ao longo do século XX ela foi sendo desativada e abandonada. Atualmente resta apenas um pequeno trecho com tráfego de trens, entre as estações Piabetá e Vila Inhomirim, sendo administrado pela SuperVia.
Em 1954, ocasião do seu centenário, a Estrada de Ferro Mauá foi declarada Monumento Histórico Nacional, e foi tombada pela Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Fonte:
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