[News]Festivalia do Rio2C apresenta novos artistas ao mercado com o PitchingShow
Festivalia do Rio2C apresenta novos artistas ao mercado com o PitchingShow
Após quatro dias (11 a 14 de abril) voltados principalmente aos profissionais das indústrias criativas — com painéis, debates, pitchings e rodadas de negócios —, o fim de semana de encerramento do Rio2C deu espaço à Festivalia, que começou misturando shows de novos artistas da música e apresentações de ídolos dos games, mas também oficinas, masterclasses e bate-papos com executivos e empreendedores das indústrias criativas, oferecendo um contato direto e instrutivo para os jovens que almejam fazer parte deste mercado.
O destaque da parte musical da Festivalia foi o PitchingShow, plataforma de lançamento de novos artistas já consagrada no Rio2C. No sábado, apresentaram-se Karen Francis – amazonense de 22 anos que foi a favorita no voto popular e roubou a cena com seu show –, Julia Svacinna (RJ), Coral (BA) e Marilia Lopes (SP). No domingo (16/4), tocam Bruna Alimonda (PE), Luana Berti (SC), Luis Otávio (RJ) e Augusta Barna.
O curador de música do Rio2C, Zé Ricardo, afirmou que o PitchingShow vem evoluindo a cada edição em sua intenção de conectar novos artistas ao mercado. “O Rio2C fala de conexão, e a música precisa conectar suas pontas. Os artistas se apresentam para o público e para uma comissão da música, formada pelos principais festivais independentes, presidentes de gravadora, jornalistas, diretores de agregadoras, de forma a conectar quem cria conteúdo com que precisa de conteúdo. Você ter um representante (dos festivais) Coala, Mada, Garanhuns, Rock in Rio na sua frente é um privilégio muito grande pra qualquer artista novo”, disse Zé Ricardo.
O processo curatorial envolve de 600 e 800 bandas que são escutadas pela curadoria do Rio2C. “Sempre tento buscar uma pluralidade dentro do Brasil, temos representantes de Manaus, Rio de Janeiro, Jequié (interior da Bahia), São Paulo, entre outros. Além da diversidade regional, procuro também uma diversidade de narrativas, como temos nessa edição, onde temos Trap, Pop, MPB e Hip Hop. A proposta é trazer pra quem está contratando, consequentemente formando o mercado, mais opções e que eles nem imaginam que existem em outros estados. Então, a importância pro mercado é brutal, porque os artistas saem daqui com cinco ou seis festivais fechados sem tocar uma música na rádio.”
Quem curte, trabalha ou pretende trabalhar com música pôde aproveitar ainda workshops como o do #ESTUDEOFUNK, programa de residência artística musical da Fundição Progresso para funkeiros, e Marketing para Eventos: Planejando o Sold Out!, que destrinchou o que levar em conta no momento de planejar a experiência dos participantes em eventos, incluindo controles de gestão, estratégias de divulgação e marketing, para quem quer preparar o seu próprio evento. Já Claudia Nogueira, Especialista de Distribuição do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), mostrou o passo a passo para receber rendimentos de direito autoral de músicas na masterclass Tudo o que Você Precisa Saber para Receber Direitos de Execução Pública.
Outro workshop importante, que se estendeu por quatro horas, foi o do Copenhagen Institute For Futures Studies (Ações do Presente Construindo o Futuro), que ensinou aos participantes novas formas de impulsionar a criatividade e de desenvolver habilidades estratégicas fundamentais.
GAMERS
Os fãs de games – não só os que jogam, mas os que assistem e os que querem ser streamers – encontraram na Festivalia alguns dos principais ídolos atuais da cena, contando suas trajetórias e dividindo dicas de como trilhar um caminho parecido, além de workshops unindo criadores e executivos das principais plataformas de transmissão.
João Feio “Big”, cofundador da Hero Base, e Mayara “Manteiga”, youtuber streamer de “Fortnite”, dividiram o workshop Gaming Content: Como se Tornar um Creator de Sucesso; Manuelle Pires, Gerente de Parcerias Estratégicas do YouTube Gaming, mostrou dados da plataforma e orientou os interessados em se tornar streamers bem-sucedidos, contando com a participação especial de Luis Fernando "Geleia", fenômeno na criação de conteúdo gamer, no workshop Youtube Gaming: Dominando a Criação de Conteúdo.
O sábado teve ainda um bate-papo reunindo três dos streamers mais populares do Brasil - gORDOx, Paulinho o Loko e Luqueta - e um painel com os irmãos capixabas Cainã, Cauê e Ynaê, o trio que compõe o @cauwave, fenômeno do TikTok que atinge milhões de pessoas com seus vídeos de conteúdo leve, informativo e inovador.
PACTO GLOBAL DA ONU
O sábado foi também marcado por quatro painéis do Pacto Global da ONU, a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, que ocuparam o palco Biodom. Na abertura, Pacto Global da ONU: Negócios & Comprometimento com a Mudança, a Head de Comunicação do Pacto no Brasil, Karla Prado, explicou a parceria com o Rio2C: “Pensamos em estar aqui para encontrar novas formas de comunicar. Nós falhamos como humanidade, estamos longe de chegar nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, mas estamos numa corrida contra o tempo para mudar isso. A empresa que só pensar no lucro está fadada a desaparecer. Hoje ninguém sai de casa se não tiver um propósito, então a empresa tem de entregar também propósito. E é papel do Pacto Global trazer o setor privado à ação, por meio de responsabilidade
Gabriela Furtado, analista de engajamento do Pacto Global, afirmou que ele tem hoje mais de 18 mil empresas e 4 mil organizações não-empresariais engajadas em 162 países. A rede do Brasil é a que mais cresce no mundo, tendo mais de 1.900 participantes atualmente. “O Pacto oferece às empresas apoio em suas jornadas de sustentabilidade, oferecendo ferramentas de conhecimento, networking e oportunidades de participação em eventos e programas exclusivos”, disse. “Queremos que as empresas tenham compromissos ambiciosos, metas e indicadores.”
No mesmo painel, estavam a cadeirante Patrícia Côrtes, analista de Comunicação do Pacto no Brasil, e o ativista Raull Santiago, membro do Conselho Jovem da organização. “Estamos na década de ação, não dá mais para esperar. Foi estabelecido que temos até 2030 para salvar o planeta. Mas não há como todo mundo resolver tudo, então queremos que as empresas entendam em que ponto da jornada estão”, afirmou Patrícia. “Para quem é de periferia, a contagem regressiva é desde que a gente nasceu”, disse Raull, cria do Complexo do Alemão, que louvou a força criativa das favelas como motor para a transformação necessária. “A favela se salva, é sua própria escola num cenário de desigualdade. Quando as empresas pensam em soluções práticas, não precisam pensar em futuro, a solução real é voltar para o simples. Eu acredito nas periferias como exemplo. Lá, somos sobreviventes. Criamos solução na ausência.”
O dia do Pacto Global da ONU teve também os painéis Como está sua agenda ESG?, com a Coordenadora de Conhecimento e Parcerias do Pacto, Keitt Lomiento, e os executivos Rodrigo Brito, da Coca-Cola, representando o E de ESG; Pedro Capanema, da Eletrobras, representando o S; e Julia Del Bianco, da Eneva Energia, representando o G. Depois, houve o painel Elas Lideram: O Futuro É Feminino, com a COO Camila Valverde; e O Poder da Transparência: A Nova Era dos Negócios, com Camila Araújo, Diretora de Governança, Riscos e Conformidade da Eletrobras e Coordenadora da Plataforma de Ação Anticorrupção do Pacto.
AUDIOVISUAL
Quem se interessa pelas produções e pelo trabalho no audiovisual encontrou muita informação no painel com Tereza Gonzalez, Diretora Sênior da Paramount. Com mais de 20 anos de experiência na produção de conteúdo para cinema, TV e plataformas digitais, ela ocupou o cargo de CEO do Porta dos Fundos por cinco anos, e foi responsável pela produção de 29 longas e mais de 200 filmes publicitários.
No papo, que lotou o Screening Room, Tereza falou de suas experiências e da importância da colaboração no processo criativo. “A primeira dica que eu tenho para criadores que forem apresentar projetos é que é preciso aprender a ouvir”, disse Tereza. “Fui durante muitos anos produtora de cinema independente. Isso significa que você se aproxima muito do criador, e eu fui sendo educada nesse lugar em que o criador é a pessoa mais importante. Você tem que aprender a dar seus pulinhos. O dinheiro nunca é suficiente, então você precisa aprender a falar com o diretor, ou o diretor de fotografia, de arte, que você tem que limitar.”
A executiva disse ver o mercado audiovisual brasileiro em um momento muito maduro, e ponderou as questões que precisam ser levadas em conta quando se coloca conteúdo no ar, principalmente no streaming. “O que o streaming quer? Assinantes, botar pessoas na plataforma. Depois, reter aquelas pessoas. Você tem de dar conta disso, não tem de ficar só bom, tem de engajar. Hoje, engajamento é a coisa mais importante que existe no audiovisual.”
O renomado diretor de teatro, cinema e TV João Falcão abriu o dia no painel A Arte de Identificar e Revelar Talentos, que contou com a participação da atriz Luana Martau, do ator Emiliano D’Ávila e do ator e roteirista Junior Vieira. Falcão abordou diversos temas sobre o mercado artístico e compartilhou experiências da sua trajetória profissional com as peças “Clandestinos” (adaptada para série de TV) e “A Máquina” (adaptada depois para o cinema), que revelou nomes como Wagner Moura, Lázaro Ramos, dentre muitos outros.
Com uma plateia formada por bastantes atores, João respondeu algumas perguntas sobre como investir na carreira e os aconselhou. “Prefiro trabalhar com uma pessoa legal do que com uma talentosíssima. Para mim, conta muito mais um bom comportamento e tratar a equipe bem. O talento é bom, mas, se não for um profissional que tenha uma consciência de equipe, pode prejudicar o trabalho. Quando a coisa fica chata vai transparecer no resultado final do projeto”, explicou.
CIÊNCIA E FUTURO
Outro palco ativo durante a Festivalia é o Brainspace, que apresenta de forma acessível os mais recentes avanços do mundo científico e integra a ciência ao entretenimento. Nele, a pesquisadora Priscilla Bonfim, responsável pelo Núcleo de Pesquisa, Ensino e Divulgação Científica e Extensão em Neurociências da UFF, apresentou um jogo desenvolvido para falar sobre drogas com crianças e adolescentes.
A ideia surgiu a partir da necessidade de sensibilizar este público sobre o uso das substâncias lícitas e ilícitas que causam dependência. Com um desenho do cérebro, com lóbulos coloridos, os estudantes percorrem as casas de um tabuleiro de acordo com o número de acertos de perguntas sobre cada tipo de droga. Durante a atividade, os alunos conversam e se informam sobre o assunto.
“A melhor maneira de lidar com esse tipo de problema é a informação. Percebi que o discurso vertical com o slogan ‘não use drogas’ não funciona, optei por uma abordagem horizontal. A melhor política é a prevenção e não o combate", explicou Priscilla.
OS PALCOS
Nesta edição, o evento apresentou dois novos palcos – o Arts & Crafts, dedicado a discussões sobre como o design, a moda, as artes e a arquitetura impactam a sociedade, e o Game+, destinado ao universo dos jogos eletrônicos.
O StoryVillage reverencia a arte da criação, da narrativa, dos roteiros, da composição, do traço e da fórmula, nas mais diversas áreas abordadas pelo evento.
O audiovisual tem no palco Screening Room – fruto de uma parceria com a RioFilme, órgão que integra a Secretaria de Cultura da Prefeitura do Rio – um espaço para estimular a reflexão sobre o segmento a partir de temas como plataformas de streaming, alternativas de financiamento, propriedade intelectual e coprodução, entre outros. Da mesma forma, o SoundBeats reúne expoentes do universo musical para discutir o show business da música com temas atuais e urgentes como o streaming, lives, direito autoral, empresariamento, turnês e festivais.
Espaço dedicado a temas únicos sobre cérebro, criatividade e descobertas incríveis que surpreendem o público, o BrainSpace, sucesso desde a edição 2019, tem a premissa de transformar a ciência em entretenimento ao abordar temas instigantes de forma acessível. No palco Biodom, as principais tendências e os desafios urgentes nas áreas socioambientais que podem impactar o futuro do planeta são discutidos a partir de temas como a agenda ESG, meio ambiente, energia, diversidade, comunidades e cidades do futuro.
O New Frontier traz o futuro para o presente, analisando quem está por trás das mais novas tecnologias e como essas mesmas tecnologias impactam a vida cotidiana e transformarão o mundo como o conhecemos. O Future U aborda temáticas sobre o futuro do trabalho, das empresas e da educação, com foco especial no idadismo, empreendedorismo, educação continuada, novas habilidades e profissões do futuro.
As transformações do universo das marcas, do marketing, da mídia, da publicidade e da propaganda e os cases mais relevantes são discutidos por executivos, produtores de conteúdo, jornalistas, artistas, influencers e gamers na House of Brands.
O Game+ faz uma imersão na indústria dos games e esports e suas múltiplas conexões, sob diversos ângulos e visões. Reúne publishers, criadores, influencers, streamers, organizadores de ligas e eventos, times, artistas, instituições, grandes marcas, e os fãs para celebrar a indústria e suas conexões, bem como entender o futuro.
O Arts&Crafts aborda questões mercadológicas e conceituais da arquitetura, design, moda e artes, como a importância artística para a manutenção da identidade, a cadeia produtiva e a geração de negócios para além da estética pura e simplesmente.
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