[News]Solo multiartístico Mulher Sem Fim, que faz duas sessões na Oficina Cultural Oswald de Andrade, investiga construção social da mulher em culturas distintas
Solo multiartístico Mulher Sem Fim, que faz duas sessões na Oficina Cultural Oswald de Andrade, investiga construção social da mulher em culturas distintas
Figuras históricas de mulheres são
representadas por gestos, cantos e textos da atriz Andréia Nhur. Entre outras
referências, são levados à cena fragmentos de Emma Bovary, Lady Macbeth, Carmen
Miranda e Dadá, a cangaceira. Constituído por pequenos quadros narrativos, a obra propõe uma
reflexão sobre a construção cultural da mulher no aspecto social, afetivo e
subjetivo.
Mulher Sem Fim. Foto: Paola Bertolini
Em apresentação solo, a bailarina e atriz do
grupo Katharsis Teatro, Andréia Nhur
(finalista do prêmio APCA de 2015 na categoria Melhor Atriz por As Estrelas São Para Sempre?) apresenta Mulher
Sem Fim na Oficina Cultural
Oswald de Andrade nos dias 11 e 12 de maio, quinta e sexta-feira, às 20h,
com entrada gratuita (ingressos distribuídos a partir das 19h). O espetáculo
foi contemplado com o Edital Proac-04/2022 (Programa de Ação Cultural do
Governo do Estado de São Paulo) para circulação estadual.
Neste trabalho, Andréia contou com
colaboração dos demais integrantes do Katharsis Teatro: a musicista e bailarina
Janice Vieira (sua mãe), o dramaturgo, diretor e iluminador Roberto Gill
Camargo(seu pai) e a atriz e produtora Paola Bertolini. Em cena, a artista
dança, canta e representa em uma narrativa descontínua corpos de mulheres
tomados pelos contextos em que elas vivem.
O trabalho anuncia relações corpóreas e
sonoras sobre construção do feminino, opressão, liberdade, loucura, devaneio,
poder, resistência e infinitude, por meio de uma proposta estética que mistura
dança contemporânea, teatro, música e performance. A estrutura cênica se ancora
na fisicalidade e na vocalidade, trazendo questões femininas e feministas em
movimento intermitente.
Tangenciando as narrativas críticas da
opressão e fracasso do corpo feminino diante do patriarcado, o solo abre
frestas para uma outra abordagem: não se trata de uma peça-denúncia, mas de uma
peça-dança-multilíngue enunciada por um corpo que constrói e destitui exaustivamente
sua cisgeneridade para dar vasão a leituras e reflexões abertas sobre a
condição feminina.
Para criar o solo, Andréia
recorreu a um recurso central na pesquisa do Katharsis – a busca da
materialidade da cena antes de algum significado imediato – as mulheres
construídas por Andréia transitam de uma para a outra por associações que se
mostram em seus gestos e textos. “No Katharsis buscamos as associações antes
dos significados. Procuramos entender onde o gesto, a voz e outros elementos
conduzem o corpo”, explica Andréia.
Sendo assim, a representação de
uma reza árabe vira a imagem de uma escultura de Afrodite para logo em seguida
se tornar a canção Jesus, Alegria dos
Homens, de Bach. “As culturas vão se transformando no corpo a partir do que
cada som ou movimento lembra. A partitura corre pelo meu corpo e chega nas
imagens dos cantos, por exemplo”, conta a artista.
Em alguns dos quadros, a atriz
referencia personagens femininas conhecidas mundialmente, como Emma Bovary, do
romance francês de Gustave Flaubert Madame
Bovary, e Lady Macbeth, da peça Macbeth,
de William Shakespeare.
“A visão que Emma criou da
liberdade está muito associada ao que um homem poderia oferecer a ela. Emma é
uma espécie de heroína aprisionada, porque tudo que existia em seu universo era
parte de uma construção masculina”, avalia Andréia. Sobre Lady Macbeth, ela
pontua o fato de que ambicionar o poder e arquitetar sua liberdade – e a de seu
marido – lhe custou a vida.
Andréia também reproduz o canto de
uma pastora cristã para experimentar o que “a voz da religião pode fazer com a
voz de uma mulher” e se referencia a mulheres assassinadas por regimentos
totalitários na história universal, como Joana D’arc, queimada viva, e Mary
Stuart, decapitada.
A artista ainda conduz o público
num canto à Nossa Senhora do Rosário que resulta do relato de Dadá, esposa de
Corisco (cangaceiro de Lampião) - cuja morte foi fundamental para o
enfraquecimento do cangaço - e passa por uma menção à cantora e atriz
luso-brasileira Carmen Miranda.
“São várias narrativas que se
encerram e chegam nas outras”, sintetiza Andréia, reforçando no entanto que o
que conduz Mulher Sem Fim é a
narrativa de mulheres vivendo nos limites do que suas culturas oferecem. Como definiu o crítico boliviano Mijail Zapata, “corpo e feminismo são
os dois materiais que formam o canto de ‘Mulher Sem Fim’”.
Gill Camargo, iluminador e
provocador no espetáculo, diz que a ideia dramatúrgica de Mulher Sem Fim acontece em abismos, se aprofundando em várias
camadas e seguindo a estrutura de um espelhamento infinito. O conceito
observado por Gill foi cunhado em 1893 pelo escritor francês André Gide.
Sinopse
Curta
Mulher sem fim é uma peça multiartística que
transita entre dança, teatro, música e performance para edificar um corpo
constantemente trespassado por ecos de mulheres presentes nas memórias de
diversas culturas. De Madame Bovary a Lady Macbeth, passando por Carmen
Miranda, o trabalho traça uma dramaturgia da transformação corpórea de uma
performer que desenha e apaga sua própria identidade de gênero, por meio de
citações de outras mulheres.
APRESENTAÇÕES
E FESTIVAIS
Mostra Mulheres que Inspiram -2022 (São José
dos Campos)
Sesc Ribeirão Preto - 2022
Mostra Mulheres em Cena – 2021 (São Paulo)
Festival Internacional da Novadança -2021
(Brasília)
Destelheide Center -2020 (Dworp/Bélgica)
Mostra Uns e Outros – Curitiba - 2019 (Brasil)
Sesc Sorocaba – 2019 (Brasil)
FITAZ-Festival Internacional de Teatro de La
Paz – 2018 (Bolívia)
Mostra Latino-Americana de Dança- São Paulo
-2018 (Brasil)
Mostra Mirante na Dança – Botucatu- 2018
(Brasil)
Festival Internacional de Dança de Londrina –
2018 (Brasil)
Teatro da Universidade de São Paulo – São
Paulo/2017 (Brasil)
Mostra Só Solos - São Paulo/2017 (Brasil)
Danzènica- Encuentro Internacional de Danza
Contemporánea em La Paz - 2017 (Bolívia)
Ficha
Técnica
Texto, Criação e Performance: Andréia Nhur
Colaboradores: Janice Vieira, Paola Bertolini
e Roberto Gill Camargo
Iluminação: Roberto Gill Camargo
Produção, Fotos e Operação de Luz: Paola
Bertolini
Duração: 45 minutos | LIVRE
Serviço
Mulher Sem Fim
Dias
11 e 12 de maio, quinta e sexta-feira, às 20h
Local: Oficina
Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro, São Paulo - SP,
01123-001)
Duração: 45 minutos
Classificação: Livre
Ingressos: Grátis (Chegar com 1h de antecedência)
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