[News] Filmes de ROBERT BRESSON e CHRIS MARKER na Cinemateca Brasileira

 

Contemporâneos, os cineastas franceses Robert Bresson e Chris Marker fizeram contribuições significativas e duradouras no mundo do cinema. Apesar de estilos e abordagens diferentes, ambos desafiaram os limites da linguagem cinematográfica, oferecendo experiências visuais únicas.


 


Bresson e Marker eram mestres da narrativa visual. Eles acreditavam no poder das imagens para transmitir significado e emoção. Enquanto Bresson apostava em uma abordagem minimalista e precisa, usando planos meticulosamente compostos e atuações de atores não profissionais, Marker frequentemente usava uma combinação de fotografias, trechos de filmes e narração em off em seus documentários, criando uma atmosfera poética e evocativa.


 


Isso fica claro nas técnicas experimentais aplicadas em suas obras-primas A grande testemunha (Bresson, 1966) e A pista (Marker, 1962). Os filmes se afastam do tradicional cinema narrativo ao explorar a fragilidade humana no tempo e na memória. A pista é composto quase inteiramente por fotografias estáticas que borram as fronteiras entre presente, passado e futuro, criando uma experiência visual imersiva. Da mesma forma, A grande testemunha apresenta escolhas de montagem não convencionais em que um burro testemunha a passagem do tempo e diversas experiências humanas, destacando a natureza cíclica da existência.


 


Embora suas escolhas temáticas raramente coincidam – Bresson focou em questões existenciais, moralidade e redenção, enquanto Marker explorou temas políticos, memória, tempo e identidade –, Lancelot do lago (Bresson, 1974) e Nível cinco (Marker, 1997) desenvolvem um processo similar de desconstrução de mitos e lendas. Na história da queda dos Cavaleiros da Távola Redonda, Bresson elimina os aspectos romantizados da lenda arturiana e apresenta uma visão sombria e realista dos personagens e de suas ações. Marker, por outro lado, investiga a memória pessoal e coletiva em torno da Batalha de Okinawa, questionando a confiabilidade das narrativas históricas e desafiando a noção de verdade objetiva por meio do mundo virtual do jogo de computador.


 


Outra coincidência: em 1983, os dois cineastas lançam filmes em que refletem sobre o estado da sociedade: O dinheiro (Bresson) e Sem sol (Marker). Por meio de uma sequência de eventos desencadeada por uma cédula falsificada, assistimos, no filme de Bresson, ao poder destrutivo da ganância, à influência corruptora do dinheiro e à decadência moral que ele traz. Já em Sem sol, contemplamos a alienação e desconexão dos indivíduos no mundo moderno, refletindo sobre tecnologia e identidade cultural.


 


A Mostra Bresson-Marker ainda oferece duas obras excepcionais de Marker (Carta da Sibéria e A sexta face do Pentágono) para convidar o público da Cinemateca Brasileira a comparar e traçar paralelos entre esses dois cineastas únicos que levam seus espectadores à reflexão e à contemplação ao explorarem a potência do cinema como meio de expressão artística.


 


A mostra é uma correalização entre a Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, Embaixada da França no Brasil, Institut Français e a Cinemateca Brasileira. A programação é gratuita e os ingressos são distribuídos uma hora antes das sessões.


 


 


 


CINEMATECA BRASILEIRA


Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana


 


Horário de funcionamento


Espaços públicos: de segunda a segunda, das 08 às 18h


Salas de cinema: conforme a grade de programação.


Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h, exceto feriados


 


Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)


Sala Oscarito (104 lugares)


Retirada de ingresso 1h antes do início da sessão


 


 


Quinta-feira, 29 de junho, na Sala Grande Otelo


 


19h - A PISTA (La jetée)


França, 1962, P&B, 12 anos


Direção: Chris Marker


Elenco: Étienne Becker, Jean Négroni, Hélène Chatelain


Sinopse: Considerado um dos melhores curtas-metragens de todos os tempos e um marco da Nouvelle Vague, conta a história de um homem forçado a explorar suas memórias após a devastação da Terceira Guerra Mundial.


A GRANDE TESTEMUNHA (Au hasard Baltazar)


França, Suiça, 1966, P&B, 92min, 14 anos


Direção: Robert Bresson


Elenco: Anne Wiazemsky, Walter Green, François Lafarge


Sinopse: A vida do burro Balthazar, que passa de dono em dono, às vezes amado, às vezes maltratado, imerso em meio ao drama humano, é paralela à de sua primeira dona, Maria. Uma parábola sobre o mal, a pureza e a transcendência. "Eu queria que o burro passasse por vários grupos humanos que representam os vícios da humanidade. Como a vida de um burro é muito tranquila, muito serena, eu também tinha que encontrar um movimento, um surto dramático", afirmou Robert Bresson.


 


 


Sexta-feira, 30 de junho, na Sala Grande Otelo


 


17h - LANCELOT DO LAGO (Lancelot du lac )


França, Itália, 1974, cor, 85min, 14 anos


Direção: Robert Bresson


Elenco: Luc Simon, Laura Duke Condominas, Humbert Balsan


Sinopse: Após o fracasso de sua busca pelo Graal, os cavaleiros da Távola Redonda retornam à corte do Rei Arthur. Entre eles está Lancelot, que se apaixona pela rainha Guinevere e passa por uma série de provações por causa dela.


 


21h - NÍVEL CINCO (Level 5)


França, 1997, cor, 110min, 12 anos


Direção: Chris Marker


Elenco: Catherine Belkhodja, Kenji Tokitsu, Nagisa Ôshima


Sinopse: Laura, viúva de um programador de computador, tenta superar sua dor concluindo o último trabalho do falecido marido, uma reconstrução em videogame da Batalha de Okinawa, na qual ela espera simular um resultado alternativo para a tragédia histórica.


 


 


Sábado, 01 de julho, na Sala Grande Otelo


 


14h - A SEXTA FACE DO PENTÁGONO (La sixième face du Pentagone)


França, 1967, P&B, 27min, 14 anos


Direção: Chris Marker, François Reichenbach


Elenco: William Sloane Coffin, N. Paul Stookey, Mary Travers


Sinopse: Documentário excepcional sobre a marcha pacífica no Pentágono, organizada em outubro de 1967 por jovens americanos em oposição à Guerra do Vietnã. Essa marcha pela paz, que reuniu 100.000 pessoas, foi a primeira ação direta que se seguiu aos protestos de estudantes americanos depois que recrutadores do exército visitaram seus campi.


CARTA DA SIBÉRIA (Lettre de Sibérie)


França, 1958, 61min, cor, 12 anos


Direção: Chris Marker


Elenco: Georges Rouquier


Sinopse: Uma apresentação da distante região russa, que passava à época por uma industrialização promovida pelo comunismo. Chris Marker constrói, nesta obra, a Sibéria como metáfora de distanciamento e subjetividade. Segundo André Bazin, trata-se de “um ensaio humano e geopolítico sobre a realidade siberiana, vividamente iluminado pela fotografia. O autor conjuga inteligência, poesia e uma imaginação fabulosa”.


 


 


Domingo, 02 de julho, na Sala Grande Otelo


 


15h - O DINHEIRO (L’argent)


França, Suiça, 1983, 85min, cor, 14 anos


Direção: Robert Bresson


Elenco: Christian Patey, Sylvie Van den Elsen, Michel Briguet


Sinopse: Norbert está endividado. Um amigo de escola lhe dá uma nota falsa de 500 francos, que é rapidamente usada por um fotógrafo, Lucien. Mas o chefe está de olho nela. Ele se livra da nota pagando Yvon, o entregador de óleo. Com toda a inocência, Yvon usa a nota, mas é recusado. Surpresa, escândalo e falso testemunho de Lucien. Yvon é demitido. Ele tem uma esposa e uma filha para sustentar. Ele concorda em ser o motorista de um assalto. Esse filme é baseado no conto Le Faux Coupon, de Leo Tolstoy.


 


20h - SEM SOL (Sans soleil )


França, 1983, 100min, cor, 18 anos


Direção: Chris Marker


Elenco: Amilcar Cabral, Florence Delay, Arielle Dombasle

Sinopse: Uma mulher narra os escritos contemplativos de um viajante. Uma meditação sobre a natureza da memória humana, um fluxo de consciência.


 


 


Sexta-feira, 07 de julho, na Sala Grande Otelo


 


16h - SEM SOL (Sans soleil )


França, 1983, 100min, cor, 18 anos


Direção: Chris Marker


 


20h30 - O DINHEIRO (L’argent)


França, Suiça, 1983, 85min, cor, 14 anos


Direção: Robert Bresson


 


 


Sábado, 08 de julho, na Sala Grande Otelo


 


15h30 - A SEXTA FACE DO PENTÁGONO (La sixième face du Pentagone)


França, 1967, P&B, 27min, 14 anos


Direção: Chris Marker, François Reichenbach


CARTA DA SIBÉRIA (Lettre de Sibérie)


França, 1958, 61min, cor, 12 anos


Direção: Chris Marker


 


19h - A PISTA (La jetée)


França, 1962, P&B, 12 anos


Direção: Chris Marker


A GRANDE TESTEMUNHA (Au hasard Baltazar)


França, Suiça, 1966, P&B, 92min, 14 anos


Direção: Robert Bresson


 


 


Domingo, 09 de julho, na Sala Grande Otelo


 


13h - NÍVEL CINCO (Level 5)


França, 1997, cor, 110min, 12 anos


Direção: Chris Marker


 


 


17h - LANCELOT DO LAGO (Lancelot du lac )


França, Itália, 1974, cor, 85min, 14 anos


Direção: Robert Bresson


 


 


 


 


CINEMATECA BRASILEIRA


A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.


O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.


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