[News]Espetáculo traz canções inéditas de Ruy Guerra e Zeca Baleiro, e ficará em cartaz até o dia 27/07, no Teatro Casa Grande, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro.
Espetáculo traz canções inéditas de Ruy Guerra e Zeca Baleiro, e ficará em cartaz até o dia 27/07, no Teatro Casa Grande, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro.
O homem é capaz de viver sem seus sonhos?
Esta pergunta sai em busca de uma resposta no musical “Dom Quixote de Lugar Nenhum”, de Ruy Guerra, que, na visão de Jorge Farjalla, ganha nova montagem, no Teatro Casa Grande, com patrocínio do Instituto Cultural Vale.
Imerso em nossa brasilidade, o espetáculo — inspirado pela clássica obra de Cervantes — canta a saga do herói Queixada (Lucas Leto) agora pelo interior do Nordeste e coloca pela primeira vez um ator preto como Dom Quixote. Lá — ou em lugar nenhum, como sugere o título —, ele inicia uma batalha a fim de transformar seu próprio mundo em um espaço menos triste e ainda encontrar a musa Dulcineia (Dani Fontan) que nunca conheceu.
A alma de Dom Quixote, tão utópica e idealista na literatura, vai mexer com os desejos dos espectadores, segundo o diretor. “‘E aí, você continua acreditando no sonho mesmo quando tudo parece ser do contra?’ Você é ou não é um sonhador?’ Esses são questionamentos que estão dentro de todos nós”, diz Farjalla, que coloca Cláudia Ohana no papel de um inquieto diabo. “Ela representa o feminino libertador. Desmembrei a personagem do Sancho, que na obra do Ruy era o diabo, para trazer uma dualidade ainda maior para a história. Essa personagem atua num lugar de consciência para o Dom Quixote. E é também uma homenagem a ela, musa do Ruy dentro e fora da ficção”, explica Farjalla.
Claudia Ohana não trabalhava com Ruy desde 1989 e confessa que está vivendo uma experiência singular no palco. “É incrível voltar a trabalhar em um texto dele – já faz anos, desde o filme ‘Kuarup’. E ter as músicas do Zeca Baleiro, que eu também adoro, é demais. Eu queria trabalhar com o Farjalla já há algum tempo. Tem me trazido muita alegria o processo dele nos ensaios. Fazemos tudo em grupo. É a primeira vez que estou em cena o tempo todo, que toco instrumento, mudo de personagem. Está sendo bastante especial e transformador”, diz ela.
Interpretado por Lucas Leto, o herói Queixada enfrenta um caminho de pedras neste universo árido e já chega rompendo barreiras. “Fazer o primeiro Dom Quixote preto me pegou de surpresa e ao mesmo tempo em estado de alerta. Serve para todo mundo pensar que a sociedade está mudando, mas não estamos nem perto do que seria ideal num contexto racial. Agora, a gente vê um grande clássico como o Dom Quixote, que os artistas pretos nunca conseguiam acessar, sendo vivido por mim. É uma responsabilidade grande porque ele é icônico e agora vai ser interpretado por um jovem ator preto de Salvador. A cada ensaio tenho certeza que esse espetáculo vai surpreender quem for assistir e vai emocionar muito”, diz o ator.
A montagem, idealizada por Simone Kontraluz, marca a estreia de Farjalla no teatro musical. “Sempre tive uma ligação muito forte com música. Ela sempre norteou meus trabalhos, mas agora, pela primeira vez, de forma total. Quando recebi o convite da Simone, pensei muito em trazer para o palco a nossa brasilidade, gente preta no protagonismo. Em termos de linguagem, eu retorno ao estilo barroco, assino o figurino inclusive. Nesta montagem, o coro ganha uma força maior e está presente em toda a ação. Fui em busca também da completude das obras do Ruy Guerra, um desejo dele de ouvi-las no espetáculo”, conta Farjalla, que atualmente dirige os shows “Ana Carolina Canta Cássia Eller”, e “Vem Doce”, de Vanessa da Mata.
Nesta adaptação de Ruy Guerra, esse Dom Quixote Queixada representa a singularidade de cada um de nós nessa eterna busca para amenizar a dureza do cotidiano e transcender ao caos. Os contadores dessa história são materializados no palco como uma trupe de saltimbancos, com 10 atores que cantam e tocam instrumentos se desdobrando em vários personagens, para num grande e fabuloso cordel, narrarem as aventuras e desventuras do protagonista e seu fiel escudeiro, Sancho Pança (Danilo Moura). Eles são incansáveis na tentativa de tornar a fantasia possível de se acreditar.
Ex-aluna de Ruy Guerra, a fotógrafa Simone Kontraluz mantém uma grande amizade com o cineasta há 20 anos. Foi durante a pandemia, ainda mais conectados, que surgiu a ideia de fazer uma nova montagem de “Dom Quixote de Lugar Nenhum”. “Ele fez 90 anos. Então, perguntei o que ele queria de homenagem. Ele me falou deste espetáculo, que havia sido feito pelo Edson Celulari anos atrás, e que não tinha saído exatamente como ele gostaria. Falou da vontade de ver o Quixote como musical no palco, e essa se transformou na minha missão”, conta ela, que convidou Zeca Baleiro para também trabalhar nessas canções.
“Zeca ficou encantado pelas músicas e pela ideia. Eu também achei que só o Farjalla faria como o Ruy gostaria. E ele também se apaixonou de cara. Ficamos nessa corrida louca com o Ruy dizendo que poderia morrer com 90 e ele já está fazendo 92 este ano. Agora, estamos com o Quixote montado e todo mundo está muito feliz, num amor profundo”, celebra Simone.
Ficha técnica
Idealização: Simone Kontraluz
Texto: Ruy Guerra
Direção e encenação: Jorge Farjalla
Assistente de direção: Andrea Dantas
Músicas: Ruy Guerra e Zeca Baleiro
Direção Musical: Lui Coimbra
Elenco: Lucas Leto, Danilo Moura, Claudia Ohana, Dani Fontan, Jana Figarella, André Rosa, Daniel Carneiro, Du Machado, Paloma Ronai, Caio Menck
Cenário: João Uchoa
Figurinos e adereços: Jorge Farjalla
Assistente de figurino: Joana Seibel
Desenho de luz: Samuel Betz e Eduardo Dantas
Preparação Vocal: Suely Mesquita
Preparação corporal: Jorge Farjalla
Som: Gabriel D’angelo
Caracterização: Joana Seibel
Ilustrações: Pally Siqueira
Design gráfico e mídias sociais: Christoffer Pesce
Fotos: Simone Kontraluz
Direção de Produção: Valéria Macedo
Realização: Graviola Produções
Curadoria: Simone Kontraluz
Serviço
Data: 01/06 até 23/07/2023
Local: Teatro Casa Grande
Endereço: Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 – Loja A- Leblon – Rio de Janeiro/RJ
Horário: Quinta a Sábado às 20h | Domingo às 18h
Abertura da casa: 1h antes do evento
Classificação: 12 anos. Menores a partir de 10 anos entram acompanhados dos pais ou responsáveis. Crianças de até 1 ano e 11 meses possuem gratuidade permanecendo no colo do responsável.
Venda: https://www.eventim.com.br/
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