[Resenha] Das Coisas Definitivas


 
Sinopse: Júlio Dansseto foi uma das vozes mais marcantes na segunda metade do século XX no Brasil. Sua presença mística iluminou a busca de justiça social por décadas, mas, num habilidoso jogo narrativo, seu perfil se define pelos que o cercavam, e o dia de sua morte está no centro dos acontecimentos.

De um ponto à frente no tempo, enxergando destinos já cumpridos, o “desconstrutor aposentado João Robert da Cruz Bamalaris está interessado em desvendar a origem de grandes mudanças no curso da História, que julga terem ocorrido a partir da morte do grande homem público Júlio Dansseto. Do já vivido, os episódios que se sucedem, de maneira apenas aparentemente aleatória, guardam insuspeitas relações de causa e efeito.

Das coisas definitivas é uma trama polifônica que se ergue sobre a desconstrução de uma época e de uma família, de um modo de ser e ver o mundo. Ligadas ao vulto de Dansseto, encontramos aqui as trágicas histórias de Isa, sua esposa, e Nina, sua filha; de Takashi Makaoka, um especialista em sistemas que deseja mudar o mundo; de Natasha e Jéssica, jornalistas recém-formadas interessadas em escrever sobre Sidney, um rapaz que acordou um dia acreditando ser um artista famoso; de Ana Paula, prima da mãe de Sidney e esposa de Roberto Bamalaris, o militar que fez a proteção dos Dansseto nos anos finais da ditadura militar iniciada em 1964.

Todos esses personagens compõem uma teia de relações que nunca se encerra por completo. Em meio a dores e alegrias, círculos vão se fechando para outros círculos se abrirem, formando os alicerces duvidosos do que vem a ser a chamada “verdade dos fatos. O tempo vai e volta, nunca deixando de correr, mesmo que as imagens e sons fiquem aprisionados por séculos nos sistemas de computador.

O que achei? O romance de Carlos Eduardo Magalhães tem como objetivo fazer uma análise do cenário que vivemos agora ao contar uma história que se passa centenas de anos no futuro. Em termos de cronologia, é um futuro distante, mas não em relação à temas como inteligência artificial, mídias sociais e cultura de massa, já que vemos os efeitos e consequências desses temas em tempo real.

Esse mundo duzentos anos no futuro não é revelado profundamente na história do livro, mas dá para se ter uma noção geral de como ele é. Achei a leitura um pouco confusa e exaustiva em sua narrativa com os acontecimentos contados no que parece ser diferentes épocas nas vidas dos personagens. Pode ser para dar a impressão de que o narrador não é muito confiável, mas teve momentos que abandonei a leitura do livro para retomá-la depois. Enfim, não achei a leitura deste livro muito fácil e fluída. 
 
Escrito por Michelle Araújo Silva
 
 

 

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