[Crítica] Grazie Ragazzi (Obrigado, Rapazes)


Sinopse:
Antonio, um ator desempregado, aceita ensinar teatro em uma prisão. Ao descobrir o talento dos detentos, ele decide encenar a famosa comédia de Samuel Beckett, "Esperando Godot". Conforme os detentos se entregam à arte, descobrem o poder transformador da expressão e encontram esperança além dos muros da prisão. Uma história emocionante sobre redenção, transformação e o poder do teatro como forma de expressão e resgate da esperança. Um filme com um claro propósito social, contado com simplicidade encantadora.


O que achei?

O filme é estrelado por Antonio Albanese, que dá vida a um ator desempregado que acaba dublando filmes pôrnos. Quando recebe a proposta de um amigo para dar aulas em uma prisão, ele aceita, mas logo percebe que não vai ser uma tarefa tão tranquila.


Apenas quatro rapazes se candidataram para as aulas, a maioria por não querer fazer outra atividade disponível. Então vimos as dificuldades que o diretor envolve os presidiários e não atores, mas depois de 6 horas eles apresentam uma pequena fábula para os restante dos presidiários.


Com a missão cumprida, o ator e diretor consegue perceber a evolução que aquele grupo atingiu, perdendo a vergonha do ridículo e acreditando na cena. Então, decide montar o clássico “Esperando Godot”, depois de ouvir dos presidiários que tudo que eles fazem na prisão é esperar. Para isso, precisa convencer a diretora a liberar mais tempo para montar a peça e o seu amigo a liberar uma apresentação no teatro.


A trama se passa exatamente nesse processo de montagem. Durante os ensaios, vemos o diretor também precisando convencer os presos, mostrando suas capacidades e os auxiliando com técnicas. Nesse processo, entendemos a importância da arte e as mudanças que ela promove na prática.


Com toda a dedicação necessária, o grupo de não-atores vivenciam todos os processos e o resultado é um sucesso de bilheteria. A apresentação final é emocionante, pois não é somente notório a evolução e superação, mas como o texto absurdo de Beckett ganha uma outra profundidade com esses intérpretes. O público representa ainda um grupo de pessoas que não acessam aquelas salas, então nota-se o vislumbre com o evento.


A partir daqui a companhia, podemos chamar assim, começa a chamar a atenção de grandes públicos e espaços, justamente a partir da sua simplicidade. O objetivo do filme é mostrar a força do teatro em sua essência. Apesar de todo o glamour que passa a ter, o grupo de atores presidiários, apesar das conquistas e realizações, sempre retornam no fim do dia para as suas celas.


No fim, somos surpreendidos por esse grupo de não-atores e a espera de um Godot diferente na última apresentação. O diretor faz um monólogo emocionante no final, sintetizando todo o processo vivenciado por aquele grupo e mostrando o papel transformador que a arte tem. Um filme divertido e emocionante.


“Grazie Ragazzi” está em cartaz no Festival Italiano até o dia 9 de dezembro.


Trailer:



Escrito por Nathalia Bittencourt


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