[Crítica] Belchior, O musical
Nessa sexta (21) fomos convidados pelo Teatro Claro par assistimos o espetáculo Belchior, O musical.
O espetáculo apresenta a vida, a obra e os pensamentos do cantor e compositor cearense Belchior, por meio de uma dramaturgia composta por trechos de entrevistas do próprio artista. Pablo Paleologo, ator e cantor, interpreta Belchior, enquanto Bruno Suzano assume o papel do Cidadão Comum, personagem recorrente nas canções de Belchior e, de certa forma, seu alter ego.
"BELCHIOR: Ano Passado Eu Morri, Mas Esse Ano Eu Não Morro" celebra o legado de Antonio Carlos Belchior, destacando a relevância atual de suas reflexões sobre a política brasileira. Belchior acreditava na força do amor e no poder transformador da arte na vida das pessoas. Em um cenário de medo e incerteza quanto ao futuro do país, a voz desse grande poeta se torna essencial para refletirmos sobre um mundo mais igualitário.
Dirigido por Pedro Cadore, que também organizou os textos junto com Cláudia Pinto, o musical vai além da biografia do artista, buscando transmitir ao público a filosofia de um dos ícones mais enigmáticos da Música Popular Brasileira.
A produção conta com uma banda ao vivo composta por seis músicos – Dudu Dias (baixo), Cacá Franklin (percussão), Emília B. Rodrigues (bateria), Mônica Ávila (sax/flauta), Nelsinho Freitas (teclado) e Rico Farias (violão/guitarra) – que executam 15 músicas ao vivo, incluindo: "Alucinação", "Apenas Um Rapaz Latino Americano", "A Palo Seco", "Na Hora do Almoço", "Todo Sujo de Batom", "Coração Selvagem", "Medo de Avião", "Mucuripe" (de Belchior e Raimundo Fagner), "Conheço o Meu Lugar", "Como Nossos Pais", "Populus", "Paralelas", "Velha Roupa Colorida", "Sujeito de Sorte" e "Galos, Noites e Quintais".
Belchior nasceu em 26 de outubro de 1946, em Sobral, no norte do Ceará. No início da década de 1970, mudou-se para o eixo Rio-São Paulo com o objetivo de promover suas canções em festivais de música. Seu primeiro grande sucesso veio quando Elis Regina incluiu "Velha Roupa Colorida" e "Como Nossos Pais" em seu espetáculo "Falso Brilhante".
Embora tenha falecido há dois anos, os últimos dez anos de vida de Belchior foram marcados por um quase total silêncio na mídia, com raras aparições em notícias, entrevistas ou shows, o que nos deixa um reflexão se ele gostaria de volta a ser apenas um cidadão comum.
A peça nos faz mergulhar na poesia cantada e refletir sobre temas políticos e sobre a banalização da vida do cidadão comum. O espectado fica imerso nas questões profundas mas também s emociona como as tais questões são colocadas nos holofotes do palco.
Eu sai com uma sensação de gratidão não só pela obra deixada por Belchior como também pelos profissionais envolvidos por não deixarem esse tesouro cair no esquecimento e nos fazer refletir novamente. São canções na sua maioria escritas nos anos 70/80 mas tão atuais que fazem nos perguntar: "será que evoluímos mesmo?"
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