[News] Documentário nacional resgata a trajetória e a importância de Léa Freire e sua música
Apesar do reconhecimento internacional de seu trabalho como música, chegando a ser comparada a Mozart e Debussy, a brasileira Léa Freire ainda não é conhecida pelo grande público de seu próprio país. O documentário A MÚSICA NATUREZA DE LÉA FREIRE, dirigido por Lucas Weglinski, chega para suprir essa lacuna, e levar o trabalho e a trajetória da artista para mais pessoas. Com distribuição da Descoloniza Filmes, o longa estreia nos cinemas em 18 de julho.
"A Villa-Lobos contemporânea", "A nova Tom Jobim", “A Hermeto de saias” são algumas das masculinas alcunhas que seguem Léa Freire, excepcional instrumentista popular, improvisadora de jazz, arranjadora e compositora sinfônica. Vanguarda da Música Brasileira instrumental e orquestral, universos ainda exclusivamente masculinos, machistas e misóginos, Léa quebra a barreira entre o erudito e o popular, criando uma sonoridade única, extremamente brasileira e ao mesmo tempo universal. O filme narra também um pouco da história da Música Brasileira na cidade de São Paulo e sua evolução dos anos 60 até hoje.
“O filme aborda o apagamento das mulheres da nossa história, ainda mais quando são criadoras, inventoras de novas linguagens e novas formas. Falamos também sobre as origens afro-brasileiras de toda música nacional, inclusive a sinfônica. Resgatamos personagens que foram convenientemente ‘esquecidos’. Esse filme é sobre o Brasil, sua riqueza, suas dores e delícias. A música e vida desta artista é apenas um caminho para falarmos da nossa cultura, nossa raiz, nossa terra”, explica o diretor.
O longa acompanha a história de um movimento musical descolonizador, contado por gerações de músicos brasileiros excepcionais (em sua grande maioria mulheres) e lendas do jazz internacional (Amilton Godoy do Zimbo Trio, Ali Ryerson, Keith Underwood e Jane Lenoir), através do retrato poético e musical de uma das mais conceituadas compositoras do mundo – mulher, brasileira – que vence o preconceito no universo de composição instrumental e sinfônica, e constrói uma obra fundamental, expressão profunda do múltiplo continente Brasil.
“Neste filme saudamos as raízes, muitas vezes ignoradas ou esquecidas, da música brasileira, seja ela instrumental ou sinfônica, é fundamental celebrarmos sua ancestralidade, a fonte das águas bebidas por Léa Freire: Filó Machado, Alaíde Costa, Johnny Alf, Originais do Samba, Regional do Evandro, Manezinho da Flauta, enfim músicos a frente de seu tempo, inovadores, que desafiaram os padrões sociais e estéticos e fundaram uma nova cena musical brasileira e que devem ser lembrados com toda glória que merecem”, explica o diretor.
O longa é assinado por Weglinski, que tem em seu currículo filmes como o premiado Máquina do Desejo, cuja direção é assinada com Joaquim Castro, e foi exibido em diversos festivais brasileiros e estrangeiros, recebendo prêmios como Melhor Documentário - Los Angeles Brazilian Film Festival – 2022 e New York Tri State Film Festival – 2023, Melhor Música - Roma International Film Festival – 2023 e Prêmios no Japão, Índia, Coréia, entre outros. Além disso, foi exibido em festivais como Vision du Réel, In-Edit, Festival de Cinema Latino de São Francisco, Toronto Indie Festival, e Festival Internacional de Cinema de Bern.
A MÚSICA NATUREZA DE LÉA FREIRE, repleto de músicas, muitas delas gravadas especialmente para ocasião, foi mixado e masterizado por Homero Lotito do Reference Mastering Studio, que é também responsável pela Mixagem e Masterização do todos os discos de Léa Freire, inclusive orquestrais e do Selo musical de Léa, Maritaca Discos que está prestes a completar 30 Anos. A Direção Musical é do Maestro Felipe Senna, que tem conduzido a maioria das Orquestras que se aventuram no repertório da compositora, cheio de ritmos brasileiros.
“Apesar da Música ser protagonista, esse filme tem algumas mensagens para além da música. Falamos da FEBEM (Prisão Infantil) mas também do Projeto Guri, e indagamos: que Brasil desejamos? O que encarcera as crianças pobres ou o que cria escolas públicas profissionalizantes de música para que nossa criançada possa voar para onde quiser do mundo, como por exemplo à Orquestra Sinfônica de Berlim, que é inclusive citada no filme.”
Contra todas as dificuldades e estatísticas, A MÚSICA NATUREZA DE LÉA FREIRE, almeja transbordar beleza e poesia, nestes tempos violentos que vivemos. “Esse não é um filme ‘de música, para músicos’, é um filme de cinema para todos, uma imersão com um profundo trabalho de roteiro, pesquisa, montagem, fotografia e som: as bases e fundamentos do cinema e o que o caracteriza como linguagem própria, diferente da televisão e do jornalismo”, conclui Weglinski.
A MÚSICA NATUREZA DE LÉA FREIRE será lançado no Brasil em 18 de julho pela Descoloniza Filmes.
Sinopse
Léa Freire, mulher, excepcional instrumentista popular, improvisadora de jazz, arranjadora e compositora sinfônica, universos ainda masculinos, machistas e misóginos. Léa atravessa o preconceito e quebra as barreiras entre erudito e popular. Em Música Natureza, diferentes gerações contam sobre a influência de Léa e sua Música, as delícias, dificuldades e desafios de ser música e ser mulher na música. Ainda hoje.
Ficha Técnica
Direção, Fotografia, Montagem, Desenho de Som e Roteiro: Lucas Weglinski
Protagonistas: Léa Freire, Alaíde Costa, Amilton Godoy, Silvia Góes, Filó Machado, Arismar do Espírito Santo, Joana Queiroz, Erika Ribeiro, Tatiana Parra, Jane Lenoir, Keith Underwood, Orquestra Sinfônica da Unicamp, Orquestra Jovem Projeto Guri, Câmaranóva, Zimbo Trio, Regional do Evandro e Originais do Samba.
Fotografía: Louise Botkay e Joaquim Castro
Direção Musical: Maestro Felipe Senna
Mixagem e Masterização: Homero Lotito
Produtores: Carolina Kotscho e Clara Ramos
Produção Executiva: Heloisa Jinzenji, Fernando Nogueira e Lucas Weglinski
Supervisão de Pós: Gustavo Grandke
País: Brasil
Ano: 2022
Duração: 99 min.
Produção: Agalma Filmes e Loma Filmes
CoProdução: SPFilmes
Distribuição: Descoloniza Filmes e SPCine
Sobre Lucas Weglinski
Trabalha com cinema há 20 anos, com incursões nas Artes Visuais, Videoarte, Teatro e Música. É Roteirista, Diretor, Montador e Desenhista de Som. Em 2023 lançou nos cinemas o longa-metragem Máquina do Desejo, que permaneceu em cartaz nos cinemas do Brasil por mais de cinco meses, após percorrer dezenas de festivais e juntar inúmeros prêmios. O mesmo percurso vem sendo trilhado por seu segundo longa documental, A Música Natureza de Léa Freire, que agora prepara seu lançamento comercial. Lucas acaba de filmar seu primeiro longa de ficção “A Noite é uma Farsa”, do qual é Roteirista, Diretor, Montador e Desenhista de Som. E também está montando seu terceiro longa documentário “Rei da Noite”, sobre Ricardo Amaral, cuja história é muito mais do que suas icônicas casas noturnas e La Dolce Vitta da Alta Sociedade do Rio, Paris e NY. Na vida deste Rei da Noite, como um desfile de Escola de Samba, descobrimos como nasceram os Fogos de Copacabana, porque Caetano e Gil foram presos na sua boate Sucata, como golfinhos de Miami fugiram e repopularam a baía de Guanabara, porque foi inventado o Engov ou os camarotes de celebridades na Sapucaí e personagens como Pelé, Danuza Leão, Príncipe Charles, Federico Fellini, Luiza Brunet, Jaguar, Claude Troisgros, Dzi Croquettes e a máfia de NY se cruzam neste Vaudeville.
Sobre a Tempero Filmes
Tempero é um espaço de criação e produção audiovisual, que reúne as obras dos realizadores Ana Valeria González, Ivan Morales Jr, Leo Ayres e Marcos Pimentel. Voando juntos ou separados, eles desenvolvem projetos com foco no cinema autoral e na produção independente, atuando em diferentes lugares, principalmente Brasil, Alemanha e México. Seus filmes foram exibidos e premiados em importantes festivais internacionais [Rotterdam, IDFA (Holanda), Veneza (Itália), Tampere (Finlândia), Cinema du Réel, Toulouse, Nantes, Lussas, Centre Georges Pompidou, Biarritz (França), Visions du Réel (Suíça), Documenta Madrid, Huesca, MECAL, L´Alternativa, CinemaJove, Granada (Espanha), Parnu (Estônia), Doc Lisboa, Indie Lisboa, Santa Maria da Feira (Portugal), Gulf Film Festival (Dubai / Emirados Árabes), La Habana (Cuba), Chicago, Hollywood Film Festival, (EUA), Guadalajara, DOCS DF, Morelia (México), Cartagena (Colômbia), Atlantidoc (Uruguai), EDOC (Equador), DOCKANEMA (Moçambique), FIC Luanda (Angola), Norwegian Short Film Festival (Grimstad / Noruega), FIDOCS (Chile), Zagreb (Croácia), Tokyo, Sapporo, Con-can, JVC Film Festival (Japão), Pequim, SCTVF (China)] e nos mais importantes festivais brasileiros [É Tudo Verdade, Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Festival de Gramado, Cine-PE, Cine Ceará, Mostra Internacional do Filme Etnográfico, Festival Internacional de Curtas de SP, Festival Internacional de Curtas de BH, ForumDoc, Mostra de Cinema de Tiradentes, Janela Internacional de Cinema do Recife, Indie BH, Mostra do Filme Livre, entre vários outros].
Sobre a Descoloniza Filmes:
A Descoloniza Filmes é uma distribuidora e produtora paulistana fundada por Ibirá Machado em 2017 com um propósito curatorial explícito em seu próprio nome. Lançou comercialmente seu primeiro filme em 2018, a produção argentina “Minha Amiga do Parque”, de Ana Katz. Desde então, levou aos cinemas outras 22 produções, dentre as quais “Carta Para Além dos Muros”, de André Canto, “Cavalo”, de Rafhael Barbosa e Werner Salles, “Gyuri”, de Mariana Lacerda, “Luz nos Trópicos”, de Paula Gaitán, e “Incompatível com a Vida”, de Elisa Capai. Para 2024 a distribuidora prepara o lançamento de mais 8 títulos nacionais, incluindo “Amanhã”, de Marcos Pimentel, “Dorival Caymmi - Um Homem de Afetos”, de Daniela Broitman, “Toda Noite Estarei Lá”, de Suellen Vasconcelos e Tati Franklin, e “Maputo Nakuzandza”, de Ariadine Zampaulo.
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