[News]Festival ECRÃ acontecerá entre os dias 27 e 30 com mais de 100 obras com entrada gratuita
Dedicado às experimentações no mundo das artes audiovisuais e do cinema, o Festival ECRÃ chega à oitava edição com destaques internacionais exibidos e expostos em diversos festivais e eventos pelo mundo. O ECRÃ acontecerá na Cinemateca do MAM, Estação NET Botafogo e, pela primeira vez, ocupará o Espaço Cultural Arte Sesc, no Flamengo. Com filmes e videoartes premiadas, instalações e performances de relevância no mundo das artes audiovisuais e presença de realizadores, o ECRÃ reafirma seu compromisso com a democratização da arte e segue com entrada gratuita. A fase online também oferecerá para o público games que experimentam em linguagem e visual.
RETROSPECTIVA - KURT WALKER
O ECRÃ traz pela primeira vez no Brasil exibições dos filmes do realizador canadense Kurt Walker. Vencedor do prêmio de melhor filme do DocLisboa por seu longa-metragem de estreia Hit 2 Pass (2014) e o grande prêmio do Festival du Noveau Cinèma em Montreal por seu curta Eu Pensei No Mundo de Você (2022), Kurt virá ao Rio de Janeiro para apresentar os seus filmes e participará de bate-papos com o público mediados pelo pesquisador e professor Wilson Oliveira Filho e pelo crítico de cinema Filipe Furtado no Espaço Cultural Arte Sesc Flamengo. Além dos filmes já citados, o ECRÃ exibirá o média-metragem s01e03 (2020) e o curta-metragem Gargoyle (2017) dentro da retrospectiva do realizador.
FILMES DE LONGA E MÉDIA-METRAGEM: CANADÁ EM FOCO, NATUREZA SUFOCADA E ESPAÇO URBANO PARA INVENÇÕES
Além da presença de Kurt Walker, o ECRÃ terá a estreia mundial do primeiro longa de Marianna Milhorat chamado Logo Acima da Superfície da Terra (Para uma Extinção a Caminho) (2024) que virá ao festival apresentar o filme que é uma bela sinfonia de adeus à natureza. O jovem realizador canadense Victor Dubyna também estreia no ECRÃ o média Wanton (2023), um exercício solitário em que atua, dirige e edita o filme e resulta em um dos filmes mais aterrorizantes do ano. O longa Todo Dourado (2023) de Nate Wilson também estreia na América Latina através do ECRÃ. O filme é ousado e mistura comentários sobre o fim dos tempos e a linguagem cinematográfica com bom humor, flutuando em algum lugar entre Gregg Araki e Sergei Eisenstein. O Canadá também aparece como país co-produtor de dois longas da seleção: A Lagoa do Soldado (2024) do diretor colombiano Pablo Alvarez Estrada que retrata a campanha de liberação de Simon Bolívar através da natureza do país e que foi premiado no Cinéma du Réel e Uma Pedra Atirada (2024) da diretora Razan AlSalah, co-produção com a Palestina e Líbano que ensaia uma história da resistência palestina quando, em 1936, os trabalhadores do petróleo de Haifa explodem um oleoduto.
Um indício visto nos longas e médias do ECRÃ deste ano é da relação entre os realizadores e a natureza como caminho para a experimentação. Fora os já citados filmes de Marianna Milhorat que em seu próprio título resume sua despedida e de Pablo Alvarez Estrada, o ECRÃ apresenta filmes que partem da relação com a natureza para questionar a existência, sua resistência e o fim: Barrunto (2024) de Emilia Beatriz e Mannvirki (2023) de Gustav Geir Bollason, destaques do Festival de Rotterdam vindos de Porto Rico e Islândia, respectivamente, que minuciosamente registram, na relação com o espaço filmado, uma história de devoção. Em estreia mundial, o média francês A Casa à Beira-Rio (2024) de Adrien Charmot registra a rotina de senhoras que no espaço perto da natureza cuidam de si ao cuidar dos outros num lindo poema visual feito em 16mm. Também em première mundial, o longa Apple Pie (2024) de Evan Snyder registra em observações particulares na viagem do realizador ao Grand Canyon e põe em debate como a natureza serve de ponto turístico e como a tendência humana é deteriorar os espaços, como mantê-los vivos e saudáveis? A cineasta, alquimista e performer francesa Gaelle Rouard estreia no ECRÃ com Escuridão Flamejante (2022) que segue dois poemas para se estruturar e costurar a relação da câmera, homem e natureza. Também há espaço para o humor surrealista de Línguas de Fogo (2024), longa que estreia mundialmente no ECRÃ dirigido por Zé Kielwagen que conta a história de duas missionárias evangélicas que vão à Amazônia para conquistarem a fé dos últimos indígenas da Terra até ameaças sobrenaturais aparecerem. E, por fim, o mestre do cinema estrutural James Benning estreia na América Latina o seu novo filme Breathless (2024), uma homenagem a Acossado (1960) de Jean-Luc Godard, com a mesma duração e um filme que, como boa parte dos filmes de Benning, dá ao acaso a narrativa e retira momentos brilhantes, desta vez ao filmar a curva de uma estrada no meio de uma floresta na Califórnia.
Se pela natureza há devoção, poemas e debates, o espaço urbano retira narrativas inventivas, angustiantes e que usam da dicotomia liberdade-cativeiro para seus filmes. É o caso de Hastes Flexíveis com Pontas de Algodão de Pedro Gui e Dostoiewski Champagnette que narra com tons fantásticos e humor ácido a história de uma família presa em casa à beira de um colapso que nos remete a Cronenberg e ao cinema grego contemporâneo. Aqui Jaz o Teu Esquema (2023) de Gabraz Sanna necessita de um único plano, em um quarto, para tirar do personagem o suficiente para um panorama complexo da vida contemporânea que sufoca, traz prazeres e consequências. Também em estreia mundial, o média A Intrusão das Cartas (2024) do chinês Guan Huang é um retrato único sobre imigrantes chineses a vagar por Boston, nos Estados Unidos, usando o silêncio para abordar emoções e estados como saudade, vazio e solidão. O grande cineasta malaio Tsai Ming-Liang estreia mundialmente seu filme Moradia Pública de Xining (2024), uma despedida contemplativa ao espaço que o realizador filmou obras importantes de sua filmografia como O Buraco (1998) e All the Corner of the World (1989). Eros (2024) de Rachel Daisy Ellis dá a direção àqueles que possuem a câmera e abrem sua intimidade e, um quarto de motel. O filme de Rachel é uma narrativa em recortes sobre diversas formas e olhares do consumo do amor com a invenção de quem sabe que pode ser visto por muitos em uma sala de cinema. Figura substancial do cinema experimental americano, Su Friedrich estreia seu novo filme Hoje (2022) no ECRÃ. O filme é um recorte existencialista sobre o cotidiano em Bed-Stuy, um bairro do Brooklyn ao longo de seis anos, incluindo o período pandêmico. Rapacidade (2023) de Julia De Simone e Ricardo Pretti analisam como uma poesia repleta de acidez as mudanças da região portuária do Rio construídas pelo interesse de uma hegemonia política. Pretti também se junta a Bruno Safadi para uma releitura das trocas de cartas entre Lota Macedo Soares e Carlos Lacerda durante a construção do aterro do Flamengo em Para Lota (2024), filme que estreia mundialmente no ECRÃ. O longa foi filmado em um único plano em uma noite de temporal no Rio de Janeiro durante o lockdown. O espaço urbano também dá brechas para histórias inventivas e provocativas como é o caso de Aquele que viu o Abismo (2024), vencedor da Mostra Olhos Livres na Mostra de Tiradentes e dirigido por Gregorio Gananian e Negro Leo. O filme é uma ficção científica guiada pelo delírio que o remete diretamente ao cinema de invenção brasileiro; Paixão Sinistra (2024) do jovem realizador carioca João Pedro Faro, também exibido em Tiradentes, aproveita o dispositivo para criar licenças e códigos em um thriller que se passa nas ruas do Rio de Janeiro e Clorindo Testa (2022) do diretor Mariano Llinás que ganhou atenção dos cinéfilos brasileiros por sua obra-prima de 14 horas La Flor (2018). O filme brinca com a metalinguagem para investigar o personagem de um livro que não existe e que baseia o filme. Sofia Foi (2023) de Pedro Geraldo, vencedor do prêmio de melhor filme debut no FID Marseille, coloca juventude, solidão e tempo em pauta enquanto sua protagonista vaga pelo campus da USP em uma noite etérea. No mesmo sentido, o filme-poema O Terminal (2023) de Gustavo Fontán analisa, a partir da rodoviária de Córdoba, histórias de amor em um local característico para chegadas, festejos, partidas e saudade, sempre construídos em depoimentos compostos por planos que permanecem em nossa memória. Nada Mais (2022) do tcheco Vit Pancir faz uma releitura dos métodos de Jonas Mekas e seus filmes-diários em uma viagem e une aos de seu professor de animação, o mestre Jiri Barta. Um filme único que mescla técnicas muito distintas do cinema experimental. Já Nós e a Noite (2024) da realizadora chinesa Audrey Lam, narra o encontro muito peculiar de duas imigrantes em uma biblioteca na Austrália e recriam, a partir do espaço dado aos livros, uma história de cinema fantástico; o filme que funde ambas tendências citadas é A Noite Infinita (2023) do multiartista Francesco Zanatta que recolhe e monta registros de uma noite dança e música em uma discoteca nos anos 90. O filme, que tem a duração de uma madrugada (360 minutos), apresenta, antes da noite, um local distante da cidade para uma diversão tipicamente urbana. O filme de Zanatta é uma atração exclusiva para a fase online do ECRÃ. Completam a seleção uma bela homenagem a Jean-Luc Godard por Arnaud Lambert e Vincent Sorrel em Godard Só (2024) que reencena as metodologias do mestre e assume o risco, a partir de um doppelganger, e revisita aos arquivos do diretor que nos mostram momentos de um homem de olhar único para a arte. E dois filmes baseados em obras literárias contorcem suas matérias-primas: A Moeda Viva (2024) do português Pedro Paiva parte de três textos de Georg Büchner para um conto de delírio e amor como anacronismo à atualidade e Solaris Mon Amour (2023) do polonês Kuba Mikurda que a partir da obra de Stanislaw Lem usa partes de 70 filmes produzidos pelo Estúdio Educacional de Cinema de Lodz nos anos 60 e a primeira adaptação para o rádio de “Solaris”.
FILMES DE CURTA-METRAGEM
Em sua abertura, o Festival ECRÃ traz Aventura no Cinema, o novo curta do realizador carioca Vinícius Dratovsky, na tradição do cinema marginal para filmar sua pequena homenagem a Julio Bressane. Entre os brasileiros, se destaca a presença de Um Tropeço em Cinco Movimentos, de Valentina Rosset, bela sinfonia em homenagem a Toru Takemitsu, que vem egressa do Festival de Roterdã. Retornando ao festival, Fábio Andrade e Vinícius Romero trazem seus novos filmes, as Veredas Tropicais de Andrade analisando o passado brasileiro com a censura cinematográfica, e a Duna Atacama de Romero, um diário sensorial de viagem rumo a espaços alienígenas. Direto dos festivais de Berlim e Tiradentes, Janaína Wagner também retorna com seu novo filme, Quebrante. Da Viennale e do É Tudo Verdade vem Sertão, América, novo trabalho da diretora Marcela Ilha Bordin, responsável também pelo curta Princesa Morta do Jacuí. O realismo que flerta com o fantástico dessas diretoras encontra coro em Ruído Azul, de Julia Maurano, com seu setting urbano que aos poucos culmina em uma noite fantasiosa, e em A Espera Reclusa Perante as Montanhas, de Enrico Alchmin, que encontra numa estrada noturna vazia e no olhar das vacas ao redor uma paisagem justa para o evocativo título de Cesare Pavese. A sua imagem na minha caixa de correio, de Silvino Mendonça, constroi um retrato íntimo através das cartas e recortes de uma revista de cinema e a relação dos fãs com seus objetos de culto, enquanto Artificial, porém Sensível, de Amanda Devulsky, faz dessa mesma intimidade uma mistura de diário visual e autoficção em relação à própria imagem, num curioso movimento da diretora após seu marcante Vermelho Bruto.
Jean-Claude Rousseau apresenta em Onde Estão os meus Amantes? uma nova floresta misteriosa para nos perdermos, enquanto Deborah Stratman cria em Otherhood um diálogo sobre maternidade e legado bem distinto de seus curtas anteriores. Jodie Mack retorna ao estudo visual de plantas em Cogu, enquanto Ruling Star representa a primeira vez no Brasil que um filme de Jerome Hiler passará no cinema, um outro exemplo desses que são alguns dos nomes mais essenciais da história do cinema experimental e que marcam presença no ECRÃ. Entre os novos destaques, Salaman Extensor, a chilena Matilde Miranda Mellado cria texturas digitais bizarras e coloridas numa ficção-científica abstrata com uma voz muito própria - movimento similar ao de Yuyan Wang em A Lua também Nasce, vindo da Berlinale, que usa da ficção-científica comportamental para analisar o futuro das relações humanas mediadas por estranhas tecnologias. Do Pé ao Chão, de Christopher Thompson, analisa arquiteturas e objetos para investigar a história geológica de Manhattan. Como o filme de Thompson, outros grandes exemplos do forte cinema vindo da CalArts são Terminal Island, de Sam Drake, um retrato ímpar sobre paisagens naturais e urbanas e suas discrepâncias, e Oclusões Remotas, de Utkarsh, uma angustiante análise de imagens noturnas. Através do som e do ritmo da fala, o português Diogo Baldaia faz seu retrato sensorial em Sonido, e no silêncio e na difusão o polonês Antoni Orlof filma seu Distância.
Em Cópia de Trabalho - O Incidente de Facto Vela, o coletivo Pastinaca Videotapes Plantation realiza um dos filmes mais estranhos e curiosos do festival, num falso documentário conspiracionista realizado todo dentro de jogos como Grand Theft Auto: Vice City, através da estética machinima. Já nas bitolas analógicas temos Língua do Sol, da diretora inglesa Laura Cooper, trazendo um novo olhar à atividade de um apiário, enquanto Luz, Barulho e Fumaça, de Tomonari Nishikawa, traz esse incrível frescor ao mero observar de fogos de artifício. Também na película, o canadense Charlie Marois observa em Horizontes o movimento do sol no céu, um frame de cada vez, numa experiência de desestabilização do olhar, enquanto a boliviana Luciana Decker Orozco usa o 16mm para retratar em O que os humanos vêem como sangue, jaguares vêem como chicha um vilarejo entre o etnográfico e o mistério das lacunas e tradições.
Diversos cineastas retornam ao festival com suas pesquisas próprias, nas mais diferentes texturas, temáticas e bitolas. Joshua Troxler cria um novo pesadelo de saturação e pixels em fúria com seu Antes dela Fugir, enquanto Hsu Che-Yu traz seu Fotografia em Branco, direto da Berlinale, numa nova investigação digital sobre uma cena de crime, agora sob o ponto de vista de um fabricante de bombas. Em Quando Encontrarmos o Mundo, Leonardo Pirondi e Zazie Ray-Trapido filmam um curioso experimento social; já Damien Cattinari parte de uma paisagem comum para reeducar nossa percepção sobre luz, em seu A Mais Branca das Sombras. Em Cartões Postais Elétricos, Gloria Chung cria mais um de seus diários visuais, cheios de uma vibrante textura urbana, embalados por sua narração cadenciada.
GAMES
Um dos entretenimentos que mais cresce no mundo são os videogames, mas isso talvez não seja novidade para ninguém. Com a realização de jams, eventos onde se cria um jogo em apenas dois dias, milhões de desenvolvedores ao redor do mundo criam centenas de obras por ano. Todas, de certa forma, experimentais.
A categoria de Games no ECRÃ, também não é novidade, já são a mesma quantidade de edições com ou sem a categoria. Com uma enxuta seleção de 3 Games, o ECRÃ traz 3 formas de interação.
Um utiliza a clássica interação do mouse com o ambiente digital num puzzle game 3D. Pipa, da produtora independente Zumbido, de Thays Pantuza. Thays vai também apresentar uma palestra relacionada à área. Hossein Valian cria em The Deadline uma visão sarcástica dos trabalhos em escritórios: quantos cafés você precisa tomar para sobreviver mais um dia? Aqui é necessário que se jogue em seu aparelho de celular, com o uso dos seus dedos para navegar. Por último, do premiado canal do Youtube Game Maker’s Toolkit (GMTK), de Mark Brown, é apresentado ao público vídeo ensaio interativo. Visto de dois ângulos Platformer Toolkit é ao mesmo tempo um vídeo e um game.
INSTALAÇÃO E ARTES INTERATIVAS
Com estreias que vão se afunilando de mundial à brasileira, o ECRÃ vai expor instalações presencialmente e levará uma arte Interativa para seu streaming.
Augusto Calçada estreará sua instalação Genesis+ nos corredores da Cinemateca do MAM. A obra “oferece uma lente de aumento sobre o coração da floresta brasileira” trazendo uma reflexão acerca de nosso DNA. O público é convidado a manipular um microscópio modificado e explorar a conexão entre cultura, biologia e inovação.
Em première internacional Nobody By Mitski surge como um trabalho universitário homenageia a música “Nobody” da cantora nipo-americana Mitski de uma forma leve, curiosa e hilária. Cada clique é uma nova descoberta nesta obra exclusiva da etapa online e feita internamente através do software Processing.
Optx.drips marca a volta dos óculos 3D magenta e ciano no ECRÃ. Maxime Corbeil-Perron faz a estreia latina de sua instalação dividindo o espaço com o microscópio de Calçada. As telas e óculos aqui presentes discutem e unem tecnologias e mídias obsoletas para criar uma nova forma de imersão digital.
O Espaço Cultural Arte Sesc do Flamengo recebe nossa seleção VR da edição. O equipamento do óculos de Realidade Virtual (VR) terá interação do visor com seus controles de mão explorando o pós-humanismo através da prática budista Patikulamanasikara (que dá nome à obra). Como você constroi seu corpo, como ele é imaginado?
PERFORMANCES
Ocupando o espaço físico e o virtual, a categoria de performances desta edição continua a busca pela relação do corpo e da imagem. O ECRÃ traz a estreia latina de Caindo Em Pedaços da artista Yuka Murakami, exclusiva da etapa online. Mais uma vez Lee Campbell, poeta performático, professor na University of the Arts London (UAL) e curador/fundador do Homo Humour, se junta ao ECRÃ com suas apresentações no Zoom: As Aventuras De Rufus, uma comédia sobre Lee, seu parceiro Alex e Rufus, o cachorro que se intromete no relacionamento.
Cris Miranda, acompanhada de Verónica Cerrota, ocupam o Auditório da Cinemateca do MAM com Iluminuras Noturnas, trabalho que explora as luzes de projetores de 16mm, cristais e objetos mundanos para encerrar a etapa presencial do ECRÃ. Outra obra nacional é a vídeo-performance Seres Conecta realizada pela dupla Flavia Goa e L3V1AT4 exclusivamente para esta edição do festival.
VIDEOARTES
Podemos dizer que desde sua primeira edição Online em 2020, Categoria de Videoartes se estabilizou como uma forma em si de arte, porém, ela vem se modificando ao longo dos anos dentro do Festival. Nesta edição, pela primeira vez, elas vão estar presentes na Etapa Presencial, sendo exibidas em telas nos corredores do MAM e numa sala no Estação Botafogo. Uma videoarte atrás da outra em looping, das 15h às 20h.
Esta curadoria é marcada pela diversidade e pluralidade de linguagens e experiências. No corpo das obras aqui selecionadas, encontramos experiências transformadoras, onde a investigação da imagem e seus desdobramentos forneceram um território fértil de investigação. Colocamos aqui alguns dos destaques:
Acompanhando o ECRÃ desde sua segunda edição, o argentino Luis Grané volta com Fluxo Nenhum. Grão Fino, Multi-tude e Sob o Deserto, cada um à sua maneira, explora os ruídos do mundo real e da criação de imagens, comentando também de questões ambientais e a evolução humana, dos realizadores Muriel Paraboni, Fernando Moletta, Claude Ciccolella, respectivamente.
A performance e sua potência editada, manipulada e filmada vêm forte em Anata-mɛ (Você-você), de Julienne Doko e Kyrie Oda; Déjà Nu de Rolf Hellat, Laetitia Ky e Sylvia Ouattara (uma coprodução da Costa do Marfim, Senegal, Guiné, Suíça); e Marés Sombrias de Chantal Caron.
Um dos maiores destaques das videoartes é Karaiw A’e Wà - Os Civilizados, da diretora e atriz indígena Zahy Tentehar. Como sua sinopse nos conta, a obra “considera o Futurismo Indígena como uma metodologia para combater a erradicação histórica do conhecimento, das tecnologias e das formas criativas indígenas”. Como Nascem As Farmácias é outro trabalho nacional, da artista Helena Zimbrão, mas que aborda um tema totalmente diferente: quando padarias fecham, será que vai virar farmácia?
São 30 Videoartes selecionadas, sendo 10 brasileiras e aqui há também (assim como em outras categorias) um foco na produção canadense, que é representada com 6 obras. A maioria dos vídeos aqui presentes também vão estar em nosso Streaming a partir do dia 4 de julho, onde acontecerão Mesas Redondas com os realizadores das videoartes como: O Consolo É Um Rio Chorando (Monica Hirano), Espero Veementemente Que A Casa Caia (Juliabe Balbino), Cartas De Arapuca (Paulo Pontes) e Morbo (Fernando Moletta).
SESSÃO ESPECIAL
Com curadoria do realizador, produtor e entusiasta da cultura cinéfila carioca Cavi Borges, esta sessão dupla traz três filmes em caráter de estreia em terras cariocas. Mulheres em Auschwitz dirigido pela coreógrafa Regina Miranda e pela atriz Patricia Niedermeier, Ruínas de Navarone dirigido por Marcela Tamm e Inventário de Imagens Perdidas, novo filme do realizador paulistano Gustavo Galvão, exibido em grandes festivais ao redor do mundo e faz sua estreia no Rio no Festival ECRÃ.
ATIVIDADES (EVENTOS PARALELOS)
Além das tradicionais mesas redondas após as sessões de filmes brasileiros - e este ano após as sessões dos filmes de Kurt Walker -, o ECRÃ oferecerá duas palestras gratuitas. No formato presencial a palestra “A crítica cinematográfica e a prática experimental” mediada pelo crítico de cinema Filipe Furtado no Espaço Cultural Arte Sesc no dia 29/06. Já no formato online a desenvolvedora independente Thays Pantuza apresentará, no canal do Youtube do Festival ECRÃ, “Muito além do texto: Uma análise sensível-afetiva do desenvolvimento narrativo nos videogames”.
O Festival ECRÃ é realizado pela 5D Magic, 7 a 1 Filmes e Cara Feia e tem a Parceria Cultural do Sesc Rio e apoio do Museu de Artes Modernas do Rio de Janeiro, Grupo Estação, Cavideo, JL Ribas, Yoshi Serviços e Eventos e Filmes Cuti.
ISTA COMPLETA DE SELECIONADOS
FILMES DE LONGA E MÉDIA-METRAGEM
APPLE PIE | idem | Evan Snyder | Estados Unidos | 2024 | 94 min.
AQUELE QUE VIU O ABISMO | idem | Gregório Gananian, Negro Leo | Brasil | 2024 | 70 min.
AQUI JAZ O TEU ESQUEMA | idem | Gabraz Sanna | 2023 | Brasil | 80 min.
BARRUNTO | idem | Emilia Beatriz | Porto Rico, Escócia | 2024 | 70 min.
BREATHLESS | idem | James Benning | Estados Unidos | 2024 | 87 min.
A CASA À BEIRA DO RIO | The House By The River | Adrien Charmot | França | 2024 | 40 min.
CLORINDO TESTA | idem | Mariano Llinás | Argentina | 2022 | 100 min.
EROS | idem | Rachel Daisy Ellis | Brasil | 2024 | 105 min.
ESCURIDÃO FLAMEJANTE | Darkness, Darkness, Burning Bright | Gaëlle Rouard | França | 2022 | 70 min.
GODARD SÓ | Seul Godard | Arnaud Lambert, Vincent Sorrel | França | 2024 | 88 min.
HASTES FLEXÍVEIS COM PONTAS DE ALGODÃO | idem | Pedro Gui, Dostoiewski Champagnette | Brasil | 2024 | 71 min.
HOJE | Today | Su Friedrich | Estados Unidos | 2022 | 57 min.
A INTRUSÃO DAS CARTAS | The Intrusion Of Letters | Huang Guan | China, Estados Unidos | 2024 | 46 min.
A LAGOA DO SOLDADO | The Soldier's Lagoon | Pablo Alvarez Mesa | Colômbia, Canadá | 2024 | 75 min.
LÍNGUAS DE FOGO | idem | Zé Kielwagen | Brasil | 2024 | 70 min.
LOGO ACIMA DA SUPERFÍCIE DA TERRA (PARA UMA EXTINÇÃO A CAMINHO) | Just Above The Surface Of The Eart (For A Coming Extiction) | Marianna Milhorat | Canadá | 2024 | 71 min.
MANNVIRKI | idem | Gústav Geir Bollason | Islândia, França | 2023 | 71 min.
A MOEDA VIVA | A Moeda-Viva | Pedro Paiva | Portugal | 2024 | 96 min.
MORADIA POPULAR DE XINING | Xining Public Housing | Tsai Ming-Liang | Taiwan | 2024 | 63 min.
NADA MAIS | Nic Vic | Vít Pancíř | República Tcheca | 2022 | 71 min.
A NOITE INFINITA | La Notte Infinita | Francesco Zanatta | Itália | 2023| 360 min.
NÓS E A NOITE | Us And The Night | Audrey Lam | Austrália | 2024 | 67 min.
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