[News] Ivo Müller vem ao Barsil para lançamento de Barba ensopada de sangue no Festival de Gramado

 


As diversas faces/fases de Ivo Müller



Ivo Müller, ator, vive e trabalha entre São Paulo e Los Angeles, para onde foi para trabalhar num projeto em 2019 e, impedido de voltar ao Brasil por conta da pandemia, conseguiu visto de residente e se fixou por lá com a família.

Com trajetória ligada ao cinema independente, foi o único ator brasileiro em um filme em competição no Festival de Berlim de 2012, a premiada produção luso-brasileira contemplada com os prêmios da crítica e inovação, Tabu, de Miguel Gomes – diretor que recebeu, no último Festival de Cannes, a Palma de Ouro de melhor diretor por Grand Tour.

No Brasil, entre outras produções no cinema, teatro e TV – como na novela As Aventuras de Poliana (SBT), no qual encarnou o pai da personagem de Larissa Manuela –, Ivo Müller atuou no longa e na série Hebe: A Estrela do Brasil (2019), no qual contracenou com Andrea Beltrão no papel de Carlucho, cabeleireiro, pessoa vivendo com HIV e amigo de Hebe por anos. Agora volta para sua terra natal para o lançamento, no Festival de Gramado, de sua última película: Barba Ensopada de Sangue, do diretor Aly Muritiba, baseado no romance premiado do escritor Daniel Galera – também autor do roteiro.

No filme, Ivo dá vida a Marcelo, um antagonista na história, rival do protagonista Gabriel, interpretado por Gabriel Leone. Marcelo é caiçara, pescador, um homem nascido e criado na região onde se passa a história e local com o qual Ivo tem uma relação pessoal. “Nasci e fui criado no litoral catarinense, meu avô materno gostava de levar os netos para Garopaba e região, onde se passa a história do livro. Contava causos e lendas, algumas bem parecidas com as coisas que se passam no filme”, conta. “Li o romance na época que saiu, pela minha relação com Santa Catarina. Fui atrás dos direitos, mas soube que já haviam comprado. Dez anos depois, o diretor Aly Muritiba me convidou para fazer o Marcelo”, completa. Quase uma premonição.

Identidade tem sido uma questão para o ator, principalmente depois que passou a viver nos Estados Unidos. Por seu sobrenome, Müller sempre achou que era “mais” alemão. Porém, recentemente descobriu, através de testes de DNA, sua ascendência portuguesa e indígena por parte de mãe, portugueses especificamente vindos dos Açores, que se miscigenaram depois de colonizar o litoral. Gente que sempre contou e acreditou em lendas, como a do Gaudério, personagem do filme e avô de Gabriel.

Em Los Angeles, além a de participar em projetos em Hollywood, como a circulação de Proof Sheet, de Richard Kilroy, e Bluefish, de Ewen Bremner e Clark Middleton, que está em pós-produção, foi convidado para falar do cinema brasileiro em sessões em salas prestigiadas, como a sessão de Tabu, no qual atuou, na American Cinematheque.

Ivo, que participou como preparador de elenco no premiado documentário Cine Marrocos, está ainda desenvolvendo um projeto pessoal, uma peça sobre o poeta Rainer Maria Rilke, assunto que pesquisa há mais de dez anos, que já rendeu duas peças no Brasil e agora ganhará uma versão em inglês – e que tem muito a ver com a questão da identidade. “Rilke é um poeta checo que nunca falou sua língua natal e viveu em vários lugares. Na atual versão do projeto, vou falar uma língua que não é a minha nativa, estando bem longe de onde nasci e de onde vivi.”

Existem também conversas para fazer uma peça nova no Brasil. “Ainda vivendo os impactos da pandemia e com IA sendo assunto diário em nossas vidas, tenho sentido ainda mais saudades de fazer teatro, o lugar onde pessoas se reúnem para encontrar artistas que se apresentam ao vivo”, diz o ator.

Depois de participar do novo filme da dupla Fernando Grostein de Andrade e Fernando Siqueira, Necklace, no Brasil, Entrelaços, sobre saúde mental, tem outros projetos na agulha. Ivo viverá mais um antagonista no novo longa de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, diretores de Tinta Bruta, que estreou no Festival de Berlim, premiado com o Teddy de Melhor Longa-Metragem Queer e pela associação internacional CICAE, além dos troféus de melhores filme, roteiro, ator e ator coadjuvante no Festival do Rio, em 2018.

Ivo Müller também estará em Fractais Tropicais, primeiro longa do premiado diretor de curtas Leonardo Pirondi, uma fábula que transita entre ficção, documentário e imaginação, que se passa em um futuro próximo, após uma catástrofe climática. Ivo, que também é produtor do filme, atua no papel do último homem na Terra, um andarilho solitário, que atravessa ruínas, inundações, secas, vida e morte enquanto coleta artefatos e objetos de uma civilização que já existiu.





Nenhum comentário