[News] Coletivo Estopô Balaio estreia RESET BRASIL, espetáculo que resgata a memória indígena em São Miguel Paulista

 Coletivo Estopô Balaio estreia RESET BRASIL, espetáculo que resgata a memória indígena em São Miguel Paulista

 

Com dramaturgia de Juão Nyn, da etnia Potyguara, e direção de Ana Carolina Marinho, peça conduz o público a uma viagem de trem até a região onde aconteceu uma grande resistência indígena

 

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RESET BRASIL - foto de Cassandra Mello

RESET BRASIL, novo trabalho do Coletivo Estopô Balaio, parte da estação Brás, da CPTM, e leva o público até São Miguel Paulista, bairro de São Paulo onde ocorreu uma importante resistência indígena no período colonial e hoje concentra a maior população nordestina na cidade. Nesse território, o espetáculo faz sua temporada de estreia entre 5 de outubro e 1º de dezembro, com sessões aos sábados e domingos, às 15h. Nos feriados de 15 e 20 de novembro, sexta e quarta-feira, respectivamente, também ocorrem apresentações.

 

A nova criação segue a mesma estrutura do premiado A Cidade dos Rios Invisíveis, cuja dramaturgia contava histórias, anseios e vivências de muitas pessoas que atravessam a cidade por meio dos trens da CPTM com destino ao Jardim Romano. As apresentações aconteciam na linha 12 da CPTM e convidavam viajantes a embarcar numa viagem teatral da vida real.

 

Desta vez, o destino é outro. “Em 9 de julho de 1562 aconteceu o Cerco de Piratininga, uma batalha no Pátio do Colégio entre dois grupos indígenas: os aliados dos portugueses e os contrários à escravização e à catequização dos povos nativos. Os rebeldes fugiram para uma região chamada de Ururay, que compreendia o que hoje são os bairros de São Miguel Paulista, Jardim Romano, Itaim Paulista e proximidades. Nosso objetivo é retomar essa memória”, conta a diretora Ana Carolina Marinho.

 

Com vinte atores em cena, sendo doze crianças, RESET BRASIL tem dramaturgia de Juão Nyn, da etnia Potyguara, e convida os espectadores a sonhar rotas de fuga para o país. “Como nosso elenco é negro e indígena, com múltiplas vivências, buscamos retomar as ancestralidades indígenas e afrodiaspóricas”, completa. Essa temporada acontece por meio dos recursos da Lei Paulo Gustavo.

 

A dramaturgia do Estopô Balaio parte da ideia de que o Brasil é uma falsificação ideológica. “Quando descobrimos que o Jardim Romano também é Ururay, nos sentimos convocados a um processo de retomada deste território. Esse espetáculo é nosso contra feitiço. O historiador indígena Xukurú Tupinambá, Casé Angatú, durante a pesquisa deste projeto, nos revelou as imagens dos primeiros migrantes nordestinos para São Paulo, e reconhecemos corpos indígenas. Então, nosso desejo é nos compreender como uma resistência-parente, unida pela nossa ancestralidade, pela nossa territorialidade e pelos nossos sonhos”, comenta o dramaturgo.

 

Sobre a encenação

Ao embarcar no trem, o público está equipado com aparelhos sonoros e fones de ouvido. Tudo para ouvir vozes de crianças e anciãos que falam, além do português, diversos idiomas nativos. Neste trajeto, as pessoas descobrem que o Brasil sumiu do mapa.

 

Quando chegam na Zona Leste, os espectadores são recepcionados por um levante indígena no Jardim Lapena, como um novo Cerco de Piratininga. Assim, aos poucos, os moradores, as crianças e os artistas vão se revelando a partir de suas ancestralidades: indígenas vindos de África, de Abya Yala, benzedeiras, pajés e nordestinos. E, nas andanças por São Miguel Paulista, o público conhece locais como a Capela dos Índios, construída pelos indígenas e jesuítas em 1560, considerada o templo mais antigo da cidade de São Paulo.

 

“Nós falamos que em 1562 perdemos a batalha, mas não a guerra. E que agora, com novos aliados, o público, temos uma chance de vencer. Por esse motivo, o espetáculo é narrado como se estivéssemos nos preparando para esse confronto”, explica a diretora.

 

A dramaturgia é dividida em quatro momentos. O histórico, quando o coletivo explica o cerco; o territorial, quando o público encontra moradores que não são atores, como uma benzedeira que serve caldinhos; o autobiográfico, quando o elenco narra sua própria compreensão étnica; e o espiritual, quando as crianças entregam flechas para que o público se prepare para a guerra.

 

RESET BRASIL integra a Trilogia da Amnésia do Coletivo Estopô Balaio, composta também pelas peças Reset Nordeste – encenada em versão online e que provavelmente terá uma versão presencial – Reset América Latina, em processo de pesquisa.

 

Memória étnica

Atualmente, o grupo é formado majoritariamente por artistas indígenas – Dunstin Farias, Keli Andrade, Juão Nyn, Dandara Azevedo, Mara Carvalho e Lisa Ferreira. Essa união aconteceu para conta da continuidade da pesquisa do núcleo sobre fluxos migratórios, além da ampliação de consciência indígena em corpos urbanizados, mestiçagem e memória étnica, o fortalecimento de redes politizadas na periferia e a valorização da presença de corpos nordestinos/migrantes/indígenas diante da demanda territorial de moradia e dignidade de vida na metrópole paulista.

 

Para a encenação de RESET BRASIL, foram convidados diversos atores e atrizes que participaram de uma residência artística em 2023 para integrarem o elenco, formado principalmente por moradores dos bairros Jardim Romano e Jardim Lapena. De acordo com a diretora Ana Carolina Marinho, o fazer artístico do Estopô Balaio sempre esteve voltado para a Zona Leste de São Paulo e para o resgate da oralidade e das memórias. Como migrantes nordestinos, os artistas encontraram no Jardim Romano um lugar de pertencimento.

 

“O interessante de todo esse processo foi perceber uma mudança na região. Antes, os moradores achavam que lá era um bairro apenas de nordestinos, mas eles foram se descobrindo também indígenas. E não só isso: essas pessoas passaram a ter orgulho dessa história, a ter orgulho de quem são, a se pensar do ponto de vista étnico, racial e, a valorizar essas raízes. Foi exatamente isso o que buscávamos: resgatar essa ancestralidade”, emociona-se Ana Carolina.

 

Sobre o Coletivo Estopô Balaio (@coletivoestopobalaio)

Surgiu em 2011 no bairro Jardim Romano, na Zona Leste de São Paulo, e consolidou sua atuação no espaço público, propondo novas relações com a cidade e novas experiências de praticar a vida urbana. O grupo é formado por artistas migrantes, em sua maioria vindos de estados do Nordeste, e trabalha com a perspectiva de arte em comunidade. O Coletivo encontrou no bairro um lugar de pertencimento e acolhimento e definiu seu endereço na rua Adobe, 47, onde instalou a Casa Balaio, que abriga diversos grupos, oficinas e espetáculos. Com repertório de espetáculos que acontecem nos vagões de trem e na rua, a exemplo de A cidade dos rios invisíveis, vencedor do Prêmio Shell de Teatro na categoria Inovação em 2020, o coletivo frequentemente desenvolve trabalhos itinerantes, que utilizam a cidade como suporte de cenário e dramaturgia e com a perspectiva de biografar personagens reais e levá-los à cena.

 

Sinopse
O público é convidado a sonhar rotas de fuga para o Brasil. Ao embarcar no trem, rumo a São Miguel Paulista, mergulha em um transe: o Brasil sumiu do mapa. Ao desembarcar, descobre que o antigo aldeamento de Ururay resiste e planeja um novo cerco. Os moradores, as crianças e os artistas vão se revelando a partir de suas ancestralidades: indígenas vindos de África, de Abya Yala, benzedeiras, pajés, nordestinos. Para que Ururay viva, São Paulo deve morrer. Nesse contra-feitiço, o público é convocado a sonhar um novo mundo e São Miguel de Ururay tem vocação para isso: é um bairro dormitório.

 

FICHA TÉCNICA

DIREÇÃO: Ana Carolina Marinho/ DRAMATURGIA: Juão Nyn/ DIRETORA ASSISTENTE: Maíra do Nascimento/ DIREÇÃO DE MOVIMENTOS E PREPARADOR CORPORAL: Rodrigo Silbat/ DIREÇÃO ELENCO INFANTO-JUVENIL: Carol Piñeiro/ DIREÇÃO MUSICAL, EDIÇÃO E MIXAGEM “TREM-ATO”: Rodrigo Caçapa/ DIREÇÃO DE ARTE: Mara Carvalho e Juão Nyn/ FIGURINO: Mara Carvalho/ ELENCO: Dandara Azevedo, Dunstin Farias, Jaque Alves, Jeffs Silvério, Jéssica Marcele, Keli Andrade, Laís Cafari e Silvana Farias / ELENCO INFANTO-JUVENIL: Aka Santos, Anny Beatriz, Duda Black, Eduarda França, Gi Godoy, Izabely Miranda, Jota Vitorino, Julya Pereira, Kim Andrade, Lilly Carvalho, Ryan Peixoto e Trix Souza/ PERCUSSIONISTAS: Josué Bob e Thiago Babalotim/ FLAUTISTA: Giovani Facchini/ CANÇÕES ORIGINAIS: Dunstin Farias, Dandara Azevedo e Juão Nyn/ MÚSICA FINAL: Alisson Antônio Amador - Violão, Giovani Facchini - quena, zampoñas, José Giovanni - violoncelo, Sandra Valenzuela - bombo, pandeiro, chocalho, Vladimir David - charango e Fernando da Mata - mixagem e masterização/ TÉCNICO DE SOM: Bruna Moreti e Jomo Faustino/ AUXILIAR DE SOM: Wesley Carrasco/ EFEITOS - ARTE LASER: Diogo Terra/ OPERAÇÃO LASER: Nayka Alexandre e Rubens Magalhães/ PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS: Catarina Delfina, Maju Harachell Traytowu, Cacique Caboquinho, Tutushamun, Anderson Karybaia, Maria do Socorro, Márcia Gazza, Olga Silva, Seu João, Ângela Alves, Fernando Alves, Didão, Mariana Pimentel, Arthur Carvalho e Ana Pankararu/ ARTISTAS VISUAIS - ARTES MUROS: Felipe Urso, Morales, Ricardo Cadol, Ana Kia, Rote, Vini Meio, Ignoto, Auá Mendes e Ju Costa/ CENOTÉCNICO: Enrique Casas/ ADEREÇOS: Enrique Casa, Ayrton Jacó Casas, Helem Tapira e Valquíria Evelin Casas/ COLARES COBRA CORAL: Sara Geittens/ COSTUREIRA: Pamela Rosa/ IDENTIDADE VISUAL: Daniel Torres/ DESIGNER DIGITAL DE CENOGRAFIA: Felipe Barbosa/ CONTRA-REGRAS: Layane Egídio, Derick Laureano, Rafael Alcantara e Mauro José/ PINTURAS DAS RUAS: Mara Carvalho, Muri Palma, Wesley Carrasco e Mutirão de pessoas/ INTÉRPRETES DE LIBRAS: Carol Fomin, Karina Passos, Regiane Eufrasino, Thalita Passos e Yanna Porcino/ AUDIODESCRITOR: Rodrigo Sanches/ ASSESSORIA DE IMPRENSA: Márcia Marques - Canal Aberto/ ASSESSORIA JURÍDICA: Dr. Paulo Rogerio Novaes, OAB/SP sob n° 354.228 e Dra. Aline Dias de Andrade, OAB/SP sob n° 360.514/ PSICÓLOGAS: Alessandra Milanez, Bárbara Vanzan e Marcelly Tatiani da Silva/ SECRETARIA: Lisa Ferreira/ MÍDIAS SOCIAIS: Gabriel Carneiro/ FOTOGRAFIA E CÂMERA: Cassandra Mello, David Rodrigues e Mylena Sousa/ PRODUÇÃO E DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Wemerson Nunes - WN PRODUÇÕES/ ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Muri Palma/ REALIZAÇÃO: Coletivo Estopô Balaio e Cooperativa Paulista de Teatro

 

AGRADECIMENTOS:

Casé Angatu, Ailton Krenak, Patrícia Gifford, Erika Moura, Affonso Romero, CPTM/MKT, Claudio Brites, Malu Gomes, Paloma Borges, Thiago Cassimiro, Sabrina Duarte, Marcelo Ribeiro, Andrelissa Ruiz, Vânia Silva, Jéssica Davi, Letícia Merlim, Galpão ZL, Fundação Tide Setubal, Subprefeitura de São Miguel Paulista, Museu Capela de São Miguel Arcanjo, ao Povo Dofurêm Guaianá, às famílias das crianças e adolescentes que integram o espetáculo e a todos os moradores do Jardim Lapena, Jardim Romano e São Miguel Paulista.

 

Serviço

RESET BRASIL

Com o Coletivo Estopô Balaio.

Data: 5 de outubro a 1º de dezembro, aos sábados e domingos, às 15h | Sessões extras nos dias 15 e 20 de novembro, às 15h

Ponto de encontro: Estação Brás da CPTM – Plataformas 6/7 da linha 12 – Safira da CPTM com destino à Calmon Viana (os espectadores devem chegar com 30 minutos de antecedência para retirada do equipamento sonoro utilizado na viagem).
Ingresso: gratuito | Ingressos devem ser reservados no site coletivoestopobalaio.com.br

Duração: 240 minutos
Classificação: Livre

 

*As sessões dos dias 27/10, 02/11, 15/11, 16/11 e 17/11 terão a presença de intérpretes de libras

*As sessões dos dias 02/11, 03/11, 09/11, 23/11 e 24/11 terão a presença de audiodescritores

Informações à imprensa
Canal Aberto Assessoria de Imprensa

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