[News] ESCRITOR SAMARONE LIMA LANÇA EDIÇÃO REVISTA E AMPLIADA DO LIVRO ‘ZÉ' QUE INSPIROU FILME DE RAFAEL CONDE

 

O ponto de partida do filme ZÉ foi o livro de mesmo nome, escrito por Samarone Lima, escritor cearense que investigou a vida do militante em arquivos da repressão, entrevistas com militantes contra a ditadura, familiares e amigos. Nascido em março de 1946 e assassinado em outubro de 1973, o personagem-título do longa participou da Ação Popular Marxista-Leninista (APML).


O livro que deu origem ao filme está fora de catálogo há pelo menos 10 anos. No entanto, o escritor Samarone Lima lançou uma campanha de pré-venda de uma segunda edição revista e atualizada com entrega prevista para o início de 2025. Os livros da nova edição podem ser adquiridos aqui.


Confira abaixo o relato de Samarone sobre o livro:

“Em 1998, publiquei meu primeiro livro: Zé - José Carlos Novais da Mata Machado, reportagem biográfica, pela editora mineira Mazza Edições. Tinha 28 anos. O livro foi o resultado de cinco anos de pesquisas, sobre vida e militância na Ação Popular (AP) do José Carlos, filho de uma tradicional família mineira, até seu assassinato, após bárbaras sessões de tortura no DOI-CODI do Recife, em 28 de outubro de 1973.


A versão oficial, divulgada em vários jornais do país, inclusive no Jornal Nacional, foi a de que ele teria morrido num tiroteio, no Recife, com os próprios companheiros de organização. Foi enterrado como indigente, ao lado do também mineiro Gildo Macedo Lacerda, desaparecido.


Ninguém sabia, mas seu cunhado, Gilberto Prata Soares, vinha trabalhando para a repressão desde fevereiro daquele ano, como “infiltrado”na AP. Foram assassinados, por causa do cunhado delator, entre setembro de 1973 e fevereiro de 1974: José Carlos, Gildo Lacerda, Honestino Guimarães, Paulo Stuart Wright, Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier.



Nenhum deles participou de ações armadas. Num caso raríssimo do período, a família Mata Machado conseguiu resgatar o corpo do Zé, mesmo tendo sido enterrado como indigente. Pesou a favor a forte denúncia internacional que Edgar da Mata Machado, seu pai, conseguiu dar ao caso, através especialmente dos intelectuais franceses e europeus, com quem mantinha intensa relação de amizade. A advogada pernambucana Mércia Albuquerque, defensora de dezenas de presos políticos, conseguiu enviar os restos mortais do Zé para Belo Horizonte.



Pela absoluta falta de documentos oficiais, no contexto político do início dos anos 1990, o livro foi escrito a partir de fontes orais, com seus companheiros de militância, presos políticos e familiares, além de notícias de jornais. Foram mais de 60 entrevistas, em Recife, João Pessoa, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Londrina. Três pessoas entrevistadas viram o Zé no DOI-CODI do Recife, e uma delas o viu agonizante, em uma cela.



O livro foi descrito como ‘emocionante’, pelo jornalista Elio Gaspari, no seu livro A ditadura escancarada, e citado longamente, no momento em que fala dos infiltrados nas organizações de esquerda”.


A nova edição


Com o avanço da Democracia no Brasil, e a criação da Comissão da Verdade, em 2011, foi possível encontrar documentos oficiais sobre diversos crimes da ditadura.


A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, de Pernambuco, criada pelo governador Eduardo Campos, em 2012, se debruçou sobre o caso do suposto tiroteio no Recife, em outubro de 1973. Ouviu parentes, militantes da AP, e levantou uma grande quantidade de documentos referentes ao caso. Acompanhei toda a investigação e consegui cópias dos depoimentos oficiais e depoimentos.


Foi batizada de “Operação Cacau” a infiltração de Gilberto Prata na AP, que resultou na prisão de Zé e seus companheiros de Ação Popular. No relatório do Exército, há depoimentos de presos, registros, relatos de ações que estavam sendo monitoradas e fotos do Zé, ao lado de sua companheira, Madalena Prata Soares, em Salvador, pouco antes de sua prisão.


Em julho de 2020, Samarone resolveu fazer uma nova pesquisa. Entrevistou outros amigos do Zé, velhos militantes da AP, irmãos que não tinham falado na primeira pesquisa, entre eles, Dorival Mata Machado, que nasceu em 1972, quando os pais eram militantes clandestinos, na periferia de Fortaleza-CE. Samarone pretende aprofundar o tema da “Luta desarmada”, que terá dois outros volumes, até 2026.


Serviço:


Para comprar o exemplar:


enviar um pix (R$ 100,00) para : zenovaedicao@gmail.com (em nome de Samarone Lima)


Encaminhar o comprovante para o zap do escritor:


(81) 99988-4003.


​O livro será lançado em janeiro de 2025


Assista ao trailer do filme:



Na adaptação para o cinema, ZÉ foi interpretado por Caio Horowicz (Califórnia, A Batalha da Rua Maria Antônia). Além do ator, Eduarda Fernandes, Samantha Jones, Rafael Protzner, Yara de Novaes, Gustavo Werneck e Alexandre Cioletti compõem o elenco principal.

ZÉ é o terceiro longa-metragem de Conde, que atua no mercado há mais de 20 anos, acumulando diversos prêmios e participações em grandes festivais de cinema, como Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Festival Internacional do Rio, Festival Latino de Nova Iorque, Rotterdam, Oberhausen, Clermont-Ferrand, Toulouse e Havana. Seus dois longas anteriores são Fronteira (2008), prêmio de Melhor Roteiro da Academia Brasileira de Letras, e Samba-Canção (2002). Além disso, o diretor conta com mais de 10 curtas lançados.

 
Sinopse
José Carlos da Mata Machado, líder do Movimento Estudantil Brasileiro, participa de um grupo de resistência contra a ditadura militar no Brasil. Perseguido, deixa o conforto de uma vida burguesa para trabalhar com alfabetização e conscientização política no interior do nordeste, na clandestinidade. Baseado em uma história real.

Ficha Técnica
Direção: Rafael Conde
Roteiro: Anna Flávia Dias e Rafael Conde
Do livro de Samarone Lima: José Carlos Novais da Mata Machado, uma reportagem
Produção: Samantha Capdeville
Fotografia: Luís Abramo
Direção de Arte: Oswaldo Lioi
Montagem: Fabian Remy
Desenho de som e trilha original: Pedro Durães
Som direto: Gustavo Fioravante
Distribuição: Embaúba Filmes

Elenco
Caio Horowicz: Zé
Eduarda Fernandes: Bete
Samantha Jones: Grauninha
Rafael Protzner: Gilberto
Yara de Novaes: Dona Yedda
Gustavo Werneck: Edgar
Alexandre Cioletti: Hélio
E as crianças:
Richard Paes
Henrico Kneip
Miguel Dias
Ravi Oter
Participação e música especial: Sara Não Tem Nome e Victor Galvão

Sobre Rafael Conde
Graduado em Ciências Econômicas pela UFMG, mestre em Artes/Cinema pela USP e doutor em Artes Cênicas pela UNIRIO com bolsa sanduíche em Performance Studies na NYU. Cursou o pós-doutorado na Escola de Comunicações e Artes da USP. Dirigiu documentários e programas jornalísticos para a Rede Minas de Televisão. Foi coordenador do Cine Humberto Mauro e Setor de Cinema da Fundação Clóvis Salgado BH/MG. É professor do Programa de Pós-graduação em Artes da Escola de Belas Artes/UFMG. Em teatro co-dirigiu a peça “A Brincadeira” (2015-2016), para o circuito CCBB, e dirigiu o projeto Experimentos Cênicos com o Grupo Galpão (2019). Publicou artigos e, em 2019, lançou o livro O Ator e a Câmera: Investigações Sobre o Encontro no Jogo do Filme. Como roteirista recebeu o prêmio de Melhor Roteiro da Academia Brasileira de Letras pelo filme Fronteira (2008), em que também é diretor. Entre os filmes destacam-se o longa metragem Samba-Canção (2002); e os curtas Uakti - Oficina Instrumental (1987); Musika (1989); O Ex-Mágico da Taberna Minhota (1996); A Hora Vagabunda (1998); Françoise (2001); Rua da Amargura (2003); A Chuva Nos Telhados Antigos (2006); A Brincadeira (2018); Bili Com Limão Verde na Mão (2015); Berenice e a Fundação da Música (2019). O Suposto Filme (2021) e A Verdade no Olhar do Ator que Mente (2021). Todos com longa carreira de exibição e diversos prêmios de melhor filme e direção em festivais no Brasil e no exterior. Seus filmes já foram exibidos em vários festivais ao redor do mundo como na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Festival Internacional do Rio, Festival Latino de Nova Iorque, Rotterdam, Oberhausen, Clermont-Ferrand, Toulouse, Havana, Festival Internacional de Curtas de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Tiradentes, entre outros.

Sobre a Embaúba Filmes
A Embaúba Filmes é uma distribuidora especializada em cinema brasileiro, criada em 2018 e sediada em Belo Horizonte. Seu objetivo é contribuir para a maior circulação de filmes autorais brasileiros. Ela busca se diferenciar pela qualidade de seu catálogo, que já conta com mais de 50 títulos, investindo em obras de grande relevância cultural e política. A empresa atua também com a exibição de filmes pela internet, por meio da plataforma Embaúba Play, que exibe não apenas seus próprios lançamentos, como também obras de outras distribuidoras e contratadas diretamente com produtores, contando hoje com mais de 500 títulos em seu acervo, dentre curtas, médias e longas-metragens do cinema brasileiro contemporâneo.





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