[News] Ziel Karapotó conversa sobre “O espiritual na arte” nesta sexta, dia 27, na ArtRio

 


Ziel Karapotó conversa sobre “O espiritual na arte” nesta sexta, dia 27, na ArtRio


Encontro acontece no Palco Instituto Cultural Vale, a partir das 19h, com os artistas Manuela Costa Silva, Ana Sant'Anna, Rafael Chavez e mediação de Nadam Guerra



O artista Ziel Karapotó na performance à beira da Baía de Guanabara


Ziel Karapotó, artista da Christal Galeria que veio para a ArtRio de 2024, participa nesta sexta-feira de uma conversa sobre “O espiritual na arte” no Palco Instituto Cultural Vale, a partir das 19h. Ziel fez uma performance ontem no evento, em que invocou a espiritualidade dos povos originários e suas tradições para, segundo ele, “transbordar, abrir caminhos e retornar e conexão entre corpos-rios, corpos-mares, corpos-águas”. 


Num momento em que o Brasil convive com os efeitos da crise climática, que atinge sobretudo os povos da floresta, mas que se espalha em forma de fumaça e seca por todo o território, Ziel quer lembrar da importância da preservação e da territorialização de seu povo. 


Vestido com a indumentária tradicional dos Karapotó, o artista usou em “Afluente”, o nome da apresentação, uma rede de pesca vermelha, cabaças e maracá, além de fumo e instrumento percursivo. 


A Galeria Christal, do Recife, trouxe para a ArtRio obras de Ziel e também de Olinda Tupinambá. As obras de ambos estarão no Pavilhão Mar, no programa Brasil Contemporâneo, com curadoria de Paula Borghi, dedicado a galerias que representam artistas residentes nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul. Olinda é da Bahia e Ziel é natural da comunidade Karapotó Terra Nova, de Alagoas, mas reside na Reserva Indígena Marataro Kaetés, em Pernambuco. 


Ziel Karapotó e Olinda Tupinambá são multiartistasdesenvolvem pesquisas em múltiplas linguagens e assumem diversos papéis no campo das artes: artista/performance, artista/músico, artista/educador, artista/cineasta, artista/curador, artista/formador, artista/produtor, artista/artista, artista/ativista, artista-etc. 


De Veneza para o Rio

Os dois, que vêm se destacando também no cenário internacional, estão com obras atualmente expostas no Pavilhão Brasil da Bienal de Veneza neste ano, que vai até o dia 24 de novembro. Para o evento no Rio de Janeiro, a Christal escolheu trabalhos que têm entre eles diálogos e conexões, tramas visuais compostas pelas práticas e presenças dos grafismos (que se misturam aos modos de fazer e de narrar de criadores/as indígenas em tempos dispersos da criação) e tramas narrativas visuais propostas por meio de performances (foto performance e vídeo), que denunciam fortemente os processos coloniais e da colonialidade, que insistem em se perpetuar em nossa sociedade. 


Em suas obras, Ziel e Olinda apresentam investigações e pesquisas que fabulam experiências e saberes de processos criativos, atravessados por referências que requalificam a passagem do tempo (tradições), o sagrado, o imaginário e a crítica ao colonialismo, à modernidade ocidental, o antirracismo, no fluxo do tempo. Vejam abaixo a relação de obras que estarão na ArtRio: 


Ziel Karapotó - Portal, 2022 Argila e acrílica sobre tela 90x60cm






Ziel Karapotó Kampiô, 2022 Técnica mista (Argila e acrílica) sobre tela90x60cm


Ziel Karapotó - Propósito Karapotó, 2022 Argila e acrílica sobre tela 90x60cm

Ibirapema Foto performance por Levi Fanan, 2023 Impressão em papel Rag Photo 310g 70x100cm (1)


Olinda Tupinambá - 70x100cm Canson Rag Photographique 310g_Pina_Performance Atos modernos no Theatro Municipal






Olinda Tupinambá Transformação - Foto performance por Samuel Wanderley, 2023 Impressão em papel Rag Photo 310g 30x45cm




SOBRE A GALERIA

A Christal Galeria de Arte foi fundada por Christiana Asfora, empresária, fotógrafa e  produtora recifense, em 2021, com o propósito de enriquecer o setor artístico e ser destaque na  cena contemporânea do Recife e do Brasil. O conceito da galeria abarca diversas manifestações  artísticas nas artes visuais, da moderna à arte contemporânea, incluindo pintura, desenho,  escultura, fotografia, instalação, performance, arte digital e arte conceitual.

A galeria promove exposições experimentais e apresenta obras de artistas, movimentos e coletivos da arte urbana e da arte popular, com uma vasta programação cultural permeada  por proposições educativas e culturais, como manifestações da música, do teatro e do cinema,  criando um espaço onde as artes se manifestam, atingindo as pessoas em seus modos de ver e operar no mundo.

Com a intenção de ecoar as vozes e destacar artistas fora da cena, ampliando o acesso e a fruição das artes e suas variadas narrativas, a Christal Galeria tem como princípios essenciais o apreço pela liberdade, o respeito pela democracia e pela livre expressão, visando ampliar o repertório de experiências estéticas e de capital cultural para seu público.

Nesse sentido, cabe destacar que a Christal Galeria tem como propósito colaborar ativamente para a construção de um novo paradigma de Brasil e de mundo através das Artes. Um mundo onde a redução da exclusão e desigualdade social seja um fazer permanente e onde a quebra de paradigmas e preconceitos aconteça independente dos agentes participantes nas relações que travarmos.

Para isso, seremos colaboradores vivos na formação cultural e educativa dos indivíduos, atuando em ações conjuntas com organizações civis, movimentos sociais, editais públicos e em parcerias com empresas privadas.

SOBRE OS ARTISTAS

Olinda Tupinambá (natural de Pau Brasil- BA, 1989) é uma multiartista graduada em comunicação social. É produtora cultural, performer e realizadora audiovisual. Seu trabalho se destaca pela proposta de usar seu corpo como um corpo político, um corpo que se transmuta para falar de outros mundos possíveis, visibilizar e discutir as questões ambientais e a relação do homem com a natureza, tema recorrente em suas obras. Trabalha com audiovisual desde o final de 2015, entre documentários, ficção e performance, tendo produzido e dirigido 10 obras audiovisuais próprias e independentes. Foi curadora de diversos festivais e mostras de cinema, entre eles o Festival de Cinema Indígena Cine Kurumin (2020 e 2021), a Mostra Lugar de Mulher é no Cinema (2020 e 2021), e o 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena – FeCCI 2022. Foi também produtora de duas mostras de cinema: Mostra Paraguaçu de Cinema Indígena (2017) e Amotara - Olhares das Mulheres Indígenas (2021). Integrou o grupo de pesquisa “Culturas de Antirracismo na América Latina” (CARLA - UFBA e Universidade de Manchester). Foi artista convidada da exposição Véxoa: Nós Sabemos (2020-2021) e do programa Atos Modernos (2022), ambos da Pinacoteca de São Paulo. Em 2024, participou da 60ª Bienal de Veneza com a obra "Equilíbrio", tendo sido uma das artistas convidadas do Pavilhão Hãhãwpuá, como foi referido o Pavilhão do Brasil na ocasião. Foi indicada ao Prêmio Pipa 2024.



Ziel Karapotó (natural da comunidade Karapotó Terra Nova, São Sebastião- AL, 1994 e reside na Reserva Indígena Marataro Kaetés, Igarassu- PE) é formado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pernambuco. É multiartista, produtor cultural, curador, performer e realizador audiovisual. Reside, atualmente, na reserva Indígena Marataro Kaetés, em Igarassu - PE. É um dos três artistas indígenas a representar o Brasil na 60ª Bienal de Veneza, 2024, com a obra “Cardume II” e indicado ao prêmio PIPA 2024. Integrou os grupos de pesquisa “Ciência e Arte indígena no Nordeste” (CAIN-UFPE) e “Culturas de Antirracismo na América Latina” (CARLA UFBA). Desde 2021 é coordenador geral da Associação de Indígena em Contexto Urbano Karaxuwanassu (ASSICUKA). Sua trajetória é marcada por produções e atuações nos campos das artes visuais e do audiovisual no cenário nacional e internacional. Em seus trabalhos e pesquisas, aborda as poéticas indígenas, as configurações identitárias e o racismo sobre as etnicidades originárias, em especial sobre os povos indígenas no Nordeste.

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