[News] Diretor Pedro Kos realiza première nacional de dois longas-metragens no Festival do Rio
Cineasta carioca radicado em Los Angeles, Pedro Kos tem se destacado no cenário internacional com uma carreira que abrange documentários impactantes e, mais recentemente, seu primeiro longa-metragem de ficção. O diretor, indicado ao Oscar (2022) com o curta “Onde eu Moro”, apresentará dois filmes inéditos no Brasil – ambos produzidos nos EUA, mas com temáticas completamente diferentes – nesta edição do Festival do Rio (03 a 13 de outubro).
No dia 6 de outubro (Estação Net Gávea, às 21h30), realiza a première do thriller de terror psicológico “No Nosso Sangue” (“In Our Blood”) e, no dia 11 (Estação Net Rio, às 21h), a do documentário “O Efeito Casa Branca” (“The White House Effect”) – cuja direção divide com os norte-americanos Bonni Cohen e Jon Shenk –, que aborda a crise climática a partir dos anos de governo de George H.W. Bush. Confira mais informações sobre os dois longas abaixo.
“NO NOSSO SANGUE”
Exibido pela primeira vez em julho deste ano no Fantasia International Film Festival, em Montreal, “No Nosso Sangue” propõe uma reflexão sobre como a sociedade contemporânea explora os mais vulneráveis. Devido à sua longa trajetória como documentarista, Kos abordou o processo criativo não apenas como um filme de ficção, mas também como um documentário. Para ele, o projeto é uma continuação de seus trabalhos anteriores, especialmente no que diz respeito a histórias das margens da sociedade.
"O mundo em que vivemos está oprimindo e desumanizando as pessoas. Meu trabalho como documentarista me transformou profundamente, abrindo meus olhos para partes do mundo que muitas vezes ignoramos", reflete o cineasta. "O gênero do terror é uma metáfora poderosa para reforçar a mensagem do filme. Nosso mundo atual, por vezes, parece um filme de terror.”
O longa segue a cineasta Emily Wyland enquanto ela tenta se reconectar com sua mãe, com quem não tem contato há uma década. A trama se complica quando a mãe de Emily desaparece, possivelmente sucumbindo aos vícios que desintegraram a família. Juntamente com o cinegrafista Danny, Emily deve desvendar pistas sombrias para encontrá-la antes que seja tarde demais.
“A perspectiva está no cerne do filme. Cada quadro da história é personificado, mostrando eventos do ponto de vista de Danny e Emily, que enfrentaram opressão de maneiras diferentes”, resume o diretor. “Meu objetivo é levar o espectador a uma jornada ao invisível, para que ele repense tudo o que assistiu. É sobre o mundo em que vivemos hoje e nossa própria cumplicidade em criar uma sociedade que oprime e se aproveita dos mais vulneráveis”, continua.
Com 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes, o thriller protagonizado por Brittany O'Grady (“The White Lotus”), E. J. Bonilla (“O Exorcista: O Devoto”) e Alanna Ubach (“Euphoria”), nomes renomados do audiovisual norte-americano, tem recebido críticas positivas da imprensa internacional. Enquando o Screen Daily observa que “Kos traz uma energia fresca ao gênero de found footage”, a Collider destaca que o longa tem “algo especial que desafia todas as expectativas” e “um final inesperado que não só funciona, mas nos faz querer mais”. Já a Awards Radar elogia a performance de O’Grady, afirmando que ela entrega “uma atuação única que a catapultará para a fama”, antes de concluir que "o filme alça Pedro Kos, que criou um mundo tão rico em desenvolvimento que clama por ser expandido em continuações subsequentes, como uma grande força no cinema de gênero”.
A produção, que também traz no elenco a atriz brasileira Bianca Comparato (3%), foi elogiada ainda por seu estilo de documentário cru e real, onde cria uma intimidade e imediata conexão com os personagens. Ao mesmo tempo em que o público é convidado a participar dessa jornada emocional, os protagonistas enfrentam seus próprios demônios.
Sinopse “No Nosso Sangue”:
Nada é o que parece quando a cineasta Emily Wyland (Brittany O’Grady) se junta ao diretor de fotografia Danny (E. J. Bonilla) para gravar um documentário íntimo sobre sua reconciliação com a mãe, de quem estava afastada há uma década. Quando sua mãe desaparece de repente, possivelmente recaindo nos vícios que destruíram sua família, Emily e Danny precisam juntar pistas cada vez mais sinistras para encontrá-la antes que seja tarde demais. Em seu primeiro longa de ficção, o documentarista indicado ao Oscar Pedro Kos mistura mistério psicológico com horror arrepiante. O filme entrelaça uma trama perturbadora sobre a reconciliação com os fantasmas do passado e o enfrentamento da cumplicidade que todos nós compartilhamos em criar um mundo que explora os mais vulneráveis.
Sessões no Festival do Rio
• 06/10/2024 Estação NET Gávea 2 21:30 (Sessão de Gala)
• 12/10/2024 Cinesystem Praia de Botafogo 5 16:15
• 14/10/2024 Estação NET Gávea 2 13:45
“O EFEITO CASA BRANCA”
Dirigido por Pedro Kos, Bonni Cohen e Jon Shenk, “O Efeito Casa Branca” propõe uma análise crucial sobre um momento decisivo na história da crise climática. O documentário, inteiramente composto por material de arquivo, volta ao período entre 1988 e 1992, durante a administração de George H.W. Bush, para destacar como uma grande oportunidade de agir contra o aquecimento global foi não apenas desperdiçada, mas também deliberadamente sabotada. O filme narra o embate entre o chefe de gabinete de Bush, John Sununu, e o administrador da EPA, Bill Reilly, revelando como a promessa de usar o “efeito da Casa Branca” para enfrentar a crise climática acabou se tornando vazia. Os diretores queriam explorar o impacto do jogo político na mudança climática.
“Queríamos entender por que o destino da terra se tornou uma questão política. O filme mostra como a vontade coletiva foi minada e manipulada de forma estratégica para preservar o status quo”, diz Pedro Kos. “O Efeito Casa Branca” mostra como a desinformação, alimentada por gigantes da mídia e líderes da indústria, confundiu o público, dificultando a pressão necessária para ações significativas.
Além de examinar a interferência das indústrias de combustíveis fósseis, o filme também foca na Rio 92, quando o mundo estava à beira de um acordo global sobre emissões de gases de efeito estufa.
“Há uma cena poderosa em que mostramos as consequências da inércia, como incêndios florestais e tempestades, que remetem ao que vivemos hoje”, comenta Jon Shenk. O filme destaca como as decisões tomadas naquela época continuam a influenciar o futuro, com impactos que sentimos até os dias atuais.
A trilha sonora, composta por Ariel Marx, também desempenha um papel fundamental na narrativa do filme. “Queríamos momentos em que o espectador pudesse se afastar da dura realidade e contemplar o planeta em uma perspectiva mais ampla. Ariel conseguiu criar paisagens sonoras belas e etéreas que ajudam a intensificar essa experiência”, explica Bonni Cohen.
Com “O Efeito Casa Branca”, os diretores esperam provocar uma reação forte nos espectadores, especialmente entre os mais jovens. “Nosso objetivo é causar indignação e motivar as pessoas a agir. O filme mostra que, embora oportunidades tenham sido perdidas, ainda há decisões que podem ser tomadas para mudar o curso da história. A ciência está clara, e as ações que tomarmos agora determinarão nosso futuro”, conclui Pedro Kos.
Sinopse “O Efeito Casa Branca” (The White House Effect):
Um olhar envolvente sobre um momento crucial na história da crise climática, “O Efeito Casa Branca”, dos diretores Bonni Cohen, Pedro Kos e Jon Shenk, volta no tempo para documentar como uma oportunidade crucial de agir de forma concreta contra o aquecimento global foi não apenas desperdiçada, mas deliberadamente sabotada. Composto inteiramente por material de arquivo, o documentário se concentra nos anos decisivos do governo de George H.W. Bush—de 1988 a 1992—quando todo o país estava despertando para a realidade do aquecimento global e Bush havia prometido usar “o efeito da Casa Branca” para combatê-lo. Revoltante e irrefutável, “O Efeito Casa Branca” rastreia causa e efeito com precisão devastadora para revelar o quão vazia essa promessa se tornou, à medida que Bush se vê cada vez mais preso entre seu chefe de gabinete John Sununu e os poderosos industriais de um lado, e seu chefe da EPA, Bill Reilly, e os climatologistas do outro. Enquanto o mundo se prepara para a Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, em 1992, Bush enfrenta uma pressão crescente para tomar uma decisão que mudará o curso da história—culminando com os EUA minando um acordo global para definir limites rígidos para as emissões, abrindo caminho para o futuro cada vez mais quente, perigoso e polarizado que todos enfrentamos agora.
Sessões no Festival do Rio
• 04/10/2024 Cinesystem Praia de Botafogo 5 16:15
• 05/10/2024 Estação NET Gávea 3 16:00
• 08/10/2024 Kinoplex São Luiz 4 13:45
• 11/10/2024 Estação NET Rio 4 21:00 (sessão de gala)
• 15/10/2024 Estação NET Rio 5 19:00
SOBRE PEDRO KOS
Pedro Kos dirigiu o curta documental indicado ao Oscar “Onde eu Moro” (“Lead Me Home”) com Jon Shenk. Ele recentemente estreou o seu primeiro longa-metragem de ficção “No Nosso Sangue” (“In Our Blood”) no Fantasia International Film Festival, em julho de 2024. Seu último documentário “O Efeito Casa Branca” (“The White House Effect”) acabou de estrear no Telluride Film Festival em setembro de 2024. Previamente, Pedro dirigiu, escreveu, e montou o documentário “Rebel Hearts”, que teve sua estreia em competição no Festival de Sundance de 2021 e foi lançado mundialmente pela Discovery+ e Max. Pedro também escreveu e produziu o documentário da Netflix “Privacidade Hackeada” (“The Great Hack”), dirigido por Jehane Noujaim e Karim Amer, que também teve sua estreia no Festival de Sundance em 2019 e recebeu uma indicação ao BAFTA e ao EMMY de melhor documentário. Seu filme de estreia “Parceiros da saúde” (“Bending the Arc”), co-dirigido por Kief Davidson, estreou no Festival de Sundance em 2017. Anteriormente, ele editou “The Square” (2013), dirigido por Jehane Noujaim, que foi indicado ao Oscar de melhor documentário, e por qual Pedro ganhou um EMMY na categoria de Melhor Edição, “Lixo Extraordinário” (“Waste Land”, 2010), filme indicado ao Oscar em 2011, “The Crash Reel”, vencedor do prêmio do público no Festival SXSW em 2013 e “The Island President”, dirigido por Jon Shenk e vencedor do prêmio People’s Choice no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2011, dentre outros. Pedro é do Rio de Janeiro e se formou em Direção de Teatro na Universidade de Yale.
Nenhum comentário