[News]Maior sobrevivente Brasileiro: Tácito Cury lança livro de suas reviravoltas na vida após tragédias globais
Maior sobrevivente Brasileiro: Tácito Cury lança livro de suas reviravoltas na vida após tragédias globais
Cury comenta o que o motivou a escrever o seu primeiro livro, onde esteve na Torre Norte durante o atentado às Torres Gêmeas, dentro da Catedral de Notre-Dame e minutos depois do Tsunami na Tailândia
Foto/Créditos: Amauri Nehn (Tácito Cury em noite de autógrafos em São Paulo)
O professor e palestrante Tácito Cury publicou recentemente o seu primeiro livro “Seus sonhos precisam de você”, que conta como ele conseguiu sair com vida no ataque ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Além disso, no decorrer das páginas, ele ainda conta as suas histórias de vida, como o Tsunami na Tailândia em 2004 e sobre a Catedral de Notre-Dame em 2009.
Durante o livro, Tácito revela como tudo aquilo o afetou e o moldou em quem é hoje, além de aconselhar os seus leitores a criarem coragem, a amar a vida e desenvolver empatia pelo próximo por um mundo melhor.
Em entrevista, Tácito Cury conta o que o motivou para esse lançamento, como se sente ao ver a sua trajetória e quais as suas expectativas e planos para os próximos anos, além de deixar um recado para os leitores em seu desfecho. Veja as respostas do professor e chefe de cozinha à seguir:
O que te motivou a escrever o livro?
“Olha, eu sinto que eu estou com esse livro muito atrasado, porque essa é uma história muito inédita, afinal das contas, eu sou um dos maiores sobreviventes do mundo: Sobrevivi ao 11 de setembro, ao tsunami e agora, o incêndio de Notre Dame. Então, lá quando aconteceu o primeiro evento, há 23 anos atrás, eu já tinha muitas informações, muitos detalhes que intrigavam e instigavam as pessoas a entenderem e saberem o que aconteceu naquele épico dia, como é que eu fui parar lá, como eu dei aula para o terrorista, onde eu encontrei o terrorista.
Então, eram dezenas de perguntas que se repetiam sempre. E, eu precisava contar maiores detalhes, que, às vezes, em tempo de televisão, etc., não era o suficiente. Mas o mais importante, que me motivou, é porque eu não falo só de tragédias, a minha vida não é só tragédias.
Esses foram divisores de água, porque, através dessas tragédias, eu acabei fazendo outras coisas, impulsionando outras coisas na minha vida. Por exemplo, por causa da tragédia do World Trade Center, que eu perdi o meu trabalho, eu montei minha primeira empresa de educação nos Estados Unidos, por não conseguir emprego. E, depois do que aconteceu comigo, no tsunami, eu trouxe o voluntariado para próximo de mim e comecei a estudar diplomacia na França. Então, essas tragédias foram sinalizadoras, que me instigaram a fazer outras coisas diferentes. Mas o motivo principal mesmo é a minha história, a minha trajetória de vida, de onde eu saí e onde eu cheguei.
E é o que eu digo, os seus sonhos precisam de você. Eu nunca deixei de sonhar, eu nunca deixei de correr atrás. É muito difícil, é muito complicado.
E eu trabalho, em uma das minhas várias funções, como educador, trabalho na área da educação. E como essa é uma profissão muito nobre, eu quero deixar esse legado para inspirar as pessoas, principalmente pós-pandemia, nesse momento de digitalização que nós vivemos, essa revolução digital. Às vezes, nós encontramos os jovens muito perdidos, sem esperança. Então, eu quero deixar que isso seja uma semente de esperança para as pessoas. “Olha o que eu fiz, o que aconteceu comigo, onde eu estive, o que eu passei. E olha onde eu cheguei”. Então, é realmente para dar um gás de esperança, porque é uma coletânea de citações que eu tenho, que eu quero compartilhar com as pessoas. Isso que mais me motivou mesmo, porque eu quero motivar outras pessoas. E é um grande prazer quando eu encontro pessoas que falam “olha, eu soube de você, eu li sobre você, e foi espetacular.”.
Como o Tácito de hoje se sente ao olhar para tudo o que passou para chegar até aqui?
“Ah, eu me sinto muito orgulhoso e completo, no sentido que tudo valeu a pena, se eu tivesse que fazer tudo de novo, eu faria. Não me arrependo de nada. Eu acho que quando a gente tem muitos sonhos e metas, é muito difícil a gente ter que abrir mão. Eu abri mão de amores, de oportunidades de trabalho, de amizade e de família, porque a meta, o objetivo era muito mais importante, primordial. Por isso que eu estou falando, é uma coisa muito forte.
Então, são coisas que você acaba deixando, ocultando, inibindo, ou colocando em pausa para você realizar os seus sonhos. E é isso, eu não me arrependo de nada, eu me sinto super realizado em vários quesitos, várias áreas.”
Se tudo acontecesse hoje, faria algo diferente?
“Ah, olha, a única coisa que eu faria diferente na minha vida, que eu não fiz, é me envolver mais com tecnologia. Porque, eu acho que como eu viajei o mundo inteiro, conhecendo mais de 150 países, eu deveria ter registrado mais com vídeos, ter criado mais conteúdos para estar documentando tudo isso.
Então, a outra oportunidade que eu tenho é de viajar tudo de novo. Mas, era a única coisa que eu faria de diferente.”
O que mudou em você de 2001 para cá?
“Ah, o que mudou foi o tempo e a maturidade, a intensidade dos sonhos continua a mesma, e mudou também o entendimento das chances que você vai tendo na vida, porque você tem uma chance, tem outra chance, tem três chances... Eu acho que isso vai fazer mais sentido. E, às vezes, no momento de dor, no momento de buscar trabalho, no momento de fazer isso, de realizar projetos, etc, lá atrás, nada fazia muito sentido, era quase um bate cabeça.
E depois de alguns anos, as coisas vão se conectando, né? Tudo se conecta. Eu me lembro,quando trabalhava em restaurante, de garçom, de lavar prato, de atendente, e eu não gostava. E hoje eu sou dono de um restaurante, eu me tornei chefe confeiteiro.
Então, aquela experiência lá atrás se conectou com o hoje.”
Foto/Créditos: Amauri Nehn (Tácito Cury em noite de autógrafos em São Paulo)
Como você enxerga o seu futuro?
“Como eu enxergo o meu futuro? Eu enxergo ele ainda cheio de projetos, porque por mais eu fale que eu não quero, vivo me enfiando em projetos, em desafios. E eu acredito que eu vou voltar mais para o mundo artístico, sabe? Porque eu fui para Nova York estudar teatro e televisão, fiz algumas poucas coisas na Broadway, coisas simples em Hollywood, só que eu coloquei esse sonho na prateleira, porque eu fui para o lado profissional.
E agora eu estou voltando, acredito que no futuro eu vou estar mais atuante nesse lado artístico, como ator, como apresentador.”
Qual conselho você daria para aquelas pessoas que não tem visão de futuro?
“Olha, é muito triste uma pessoa não ter visão do futuro, eu sinto muito por essas pessoas, porque eu acho que, a partir do momento que você deixa de sonhar, você deixa de existir, você deixa de ser. Porque é muito bom sonhar, te dá fôlego para você fazer muitas coisas, é um poder, uma inteligência emocional, uma sabedoria maravilhosa. Eu acho que sonhar faz bem, mas realizar, concretizar é melhor ainda. E não deixo de sonhar, não deixo de ter visão do futuro.
Viver do passado é gostoso, ter boas memórias, e o presente é espetacular, né? Só que é sempre bom pensar no futuro, no futuro próximo. Você tem que sempre buscar a sua melhor versão e buscar a história do positivismo. Então, eu acho que as pessoas que não têm visão de futuro, é porque o passado foi muito ruim e o presente não melhorou.
Mas é aí que você tem que buscar referências. E, o que eu falaria para essa pessoa é tenha referência. Quem você admira muito? E por que você admira muito essa pessoa? E o que ela faz? O que você gostaria de fazer também? Porque você admira essa pessoa porque ela faz isso. Ela come, ela se veste, ela anda, ela pensa. Então, essa admiração vira um “Olha, eu quero fazer a mesma coisa.”
Então, é isso. É buscar referências que te instigam e que te façam começar a pensar no futuro. Mas, saiba que todo dia você tem uma nova oportunidade.Saiba que todo dia você pode ser uma melhor versão sua. E quando a gente olha e pensa: Você quer dar valor à vida? Quer dar valor à sua nova chance que você pode estar perdendo? Realmente, pare e pense nas pessoas que estão pior que você, em um estado de saúde. Ou vá visitar um hospital ou um velório. Aí você fala, “Não, eu tenho tudo isso e tenho vida. Eu tenho que viver”. Às vezes a gente esquece desses detalhes.”
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