[News]A peça O Sonho Americano, da Cia Teatro dos Ventos, faz últimas apresentações no Teatro Studio Heleny Guariba
A peça O Sonho Americano, da Cia Teatro dos Ventos, faz últimas apresentações no Teatro Studio Heleny Guariba
Com direção de Luiz Carlos Checchia, o espetáculo reflete sobre a popularidade da extrema-direita no Brasil diante do crescimento do pensamento fascista ao redor do mundo
Crédito: João Caldas
Esta é a última chance para o público assistir o espetáculo O Sonho Americano, da Cia Teatro dos Ventos, em cartaz até domingo, 30 de março, com sessão no sábado, às 20h, e, no domingo, às 19h, no Teatro Studio Heleny Guariba (Praça Franklin Roosevelt, 184 - República, São Paulo).
A peça antifascista é ambientada no início dos anos 1970, no auge do endurecimento da ditadura militar. Na história, Beatriz, uma jovem de classe média baixa, sonha em ir para os Estados Unidos para escapar de uma vida sem perspectivas. Ela disputa uma vaga em Harvard, mas seus planos podem sofrer um revés com a visita de seu primo Bento, um recém ingresso na luta armada.
“Podemos dizer que ‘O Sonho Americano’ é dividido em dois momentos. Primeiro, há um clima bastante afetivo entre os integrantes da família (primos e tia). Mas, depois, quando Beatriz descobre que conseguiu a bolsa para sua pós-graduação, tudo se torna sombrio e denso, já que ela fica preocupada que a presença de um subversivo na sua casa possa atrapalhar seus planos”, comenta o diretor Luiz Carlos Checchia.
Em cena estão Camila Costa Melo, Cristina Bordin, Flávio Passos, Gabriel Santana e Ruben Pignatari. “Construímos esse trabalho de maneira que não existem mocinhos e vilões. Os personagens são complexos e cheios de falhas”, completa.
A palavra, mais especificamente a musicalidade da fala dos atores e atrizes, tem um papel fundamental para a narrativa, como se fosse a grande protagonista. Para auxiliar na construção da atmosfera de “O Sonho Americano”, a Cia Teatro dos Ventos ampliou sua pesquisa sobre o significado das cores. Dessa forma, o elenco veste tons de vermelho, remetendo à violência; verde musgo, que dá uma sensação de agonia; e branco, principalmente no sapato de alguns dos homens, recuperando um visual comum para os anos 70.
O cenário também aposta no branco. Mas o maior destaque fica para uma série de molduras sem fotos. “Queríamos dar a sensação de uma família e um país sem memória”, conta o diretor e dramaturgo.
Em 2024, Luiz Carlos Checchia defendeu o doutorado “O discurso do capitão: a emergência do bolsonarismo e sua guerra cultural”. Por conta das suas investigações, a peça estabelece conexões entre o período da ditadura militar e o Brasil de hoje. Para ele, é importante discutir como o pensamento de extrema-direita pode impactar tão profundamente as relações familiares.
A opinião da crítica
Bob Sousa, crítico e jurado de Teatro da APCA - Associação Paulista de Críticos de Artes e do Prêmio Arcanjo de Cultura: Em O Sonho Americano, a construção da visualidade é essencial para dar corpo ao discurso político da montagem. A economia de elementos cênicos, aliada a escolhas simbólicas precisas, permite que a narrativa transite entre o real e o fantástico sem perder sua potência crítica. Ao transformar um drama familiar em um espelho das tensões políticas do Brasil contemporâneo, o espetáculo reafirma a importância do teatro como espaço de resistência e reflexão.
Poliana Piteri, autora do blog A Espectadora: a peça se justifica plenamente por sua relevância social. Para entender o presente, é fundamental revisitar o passado, e O Sonho Americano se insere nesse contexto de forma significativa. Apresentar-se no Teatro Heleny Guariba, um espaço de resistência mantido por Dulce Muniz, uma figura histórica do nosso teatro que, assim como resistiu a ditadura resiste ainda hoje mantendo o icônico teatro em atividade, só reforça essa importância.
Sobre a Cia Teatro dos Ventos
Formada no ano 2000, se constitui como grupo autônomo de pesquisa teatral cujas principais características são a busca pela teatralidade, o compromisso crítico, o olhar sobre as questões históricas por um recorte materialista histórico e, sobretudo, as ininterruptas pesquisas acerca das técnicas e estéticas teatrais.
Sinopse
O Sonho Americano se passa no Brasil dos anos 1970, em plena ditadura militar. Beatriz, jovem de classe média baixa, sonha com uma vaga em Harvard para escapar de sua rotina sem perspectivas. Tudo muda quando seu primo Bento, militante da luta armada, pede abrigo após falhar em uma ação contra o regime. Enquanto memórias e debates sobre o futuro emergem, Beatriz descobre que foi aceita em Harvard. Temendo que Bento comprometa seu sonho, ela enfrenta um dilema entre lealdade e ambição.
Ficha Técnica
Elenco: Camila Costa Melo, Cristina Bordin, Flávio Passos, Gabriel Santana e Ruben Pignatari
Texto e direção: Luiz Carlos Checchia
Realização: Cia Teatro dos Ventos
Luz e som: Iohann Iori
Produção: Lavinia Fernandes
Assistentes de Produção: Aline Castilho, André Pignatari e Lígia Gurgel
Apoio: Padaria Pão do Paulo e Espaço de Danças e Artes do Palco Milena L. Marra
SERVIÇO
O Sonho Americano
Até 30 de março, sábado, às 20h e domingo, às 19h.
Local: Teatro Studio Heleny Guariba - Praça Franklin Roosevelt, 184 - República, São Paulo - SP
Capacidade: 60 lugares
Duração: 100 minutos
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$30 (meia-entrada)
Link de compra de ingressos: www.linklist.bio/
Classificação indicativa: 14 anos
Informações à imprensa
Canal Aberto Assessoria de Imprensa
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