[News]Gravado em Portugal, novo álbum de Ilana Volcov e Cristovão Bastos está disponível nas plataformas digitais

 Gravado em Portugal, novo álbum de Ilana Volcov e Cristovão Bastos está disponível nas plataformas digitais

Acariciando

Diego Barral

A cantora paulistana e o ilustre pianista carioca lançam o álbum Acariciando pela Biscoito Fino, com oito canções e um tema instrumental vocalizado 

Uma coleção de canções de amor baseadas em diálogos imaginários compõe o álbum Acariciando, novo trabalho da cantora Ilana Volcov e do pianista Cristovão Bastos, que foi lançado nesta sexta-feira, 28 de março, pela gravadora Biscoito Fino. Produzido em Portugal, o projeto está disponível nas plataformas digitais e há ainda videoclipes ambientados no universo ilusório.
Radicada em Lisboa há sete anos, a cantora paulistana Ilana Volcov emprestou da literatura fantástica o termo que traduz o conceito do seu novo álbum. “Desde a pandemia, quando estivemos mais interiorizados, passei a reunir ‘canções fantásticas’. Queria cantar o amor a partir de conversas irreais, oníricas, que só poderiam existir na imaginação.”
Considerado um dueto musical e textual, em que voz e piano, que retratam diálogos – ou melhor, conversas imaginárias - , o álbum tem oito canções e um tema instrumental vocalizado. As gravações aconteceram na cidade do Porto pelo engenheiro de som Carlos Fuchs, vencedor do Grammy 2023, quando Cristovão Bastos esteve em Portugal para apresentações no norte do país.
O pianista, que propôs a gravação do álbum, assumiu a direção musical, enquanto Ilana foi responsável pela direção artística. A cantora conta que o projeto contempla gêneros usuais da música brasileira, como valsas, choros e sambas, e prioriza autores consagrados do cancioneiro popular, como Tom Jobim, Chico Buarque, Guinga, Abel Ferreira e Vadico, mas traz como diferenciais o repertório temático e a interpretação. Embora tenha tantos ingredientes conhecidos, o álbum reserva um espaço importante para o inesperado através de seus versos mágicos, oníricos e metafóricos.
Nas palavras da cantora: “apesar de ser um mestre da linguagem musical brasileira, diante da música, o Cristovão (Bastos) se porta como um aprendiz, disposto a explorar caminhos impensados e impor desafios constantes à sua criatividade. É um pianista orquestrador que devora melodias sinuosas, harmonias elaboradas e entrega, com frescor e humor, uma sonoridade cheia de intenções sutis. Foi o parceiro perfeito para esta viagem ao ‘país das maravilhas.’”
Mesmo composto por músicas brasileiras, o trabalho carrega marcas da conexão entre Brasil e Portugal, revela Ilana, que atribui à presença dos artistas da corte de D. João VI no Rio de Janeiro, o requinte das letras e melodias da canção brasileira. “A arte dos músicos e poetas portugueses misturada à musicalidade dos povos nativos e os de ascendência africana deu origem aos primeiros gêneros musicais do país, muito elaborados, como a modinha. Os autores contemplados em “Acariciando” perpetuam o que há de mais sofisticado na música brasileira, ou seja, mantém viva e remoçada aquela música portuguesa que cruzou o Atlântico,” avalia a cantora.
O título do álbum, que leva o nome de uma das faixas, também traz algo da relação histórica entre os países. “Acariciando” é um choro, um gênero refinado e exigente, muito atrelado à música europeia e seus instrumentos trazidos pelos portugueses. “O gerúndio é uma forma verbal usualmente empregada pelos brasileiros e menos comum no português de Portugal. Então, o título do álbum imprime uma brasilidade. Por outro lado, o gerúndio é recorrente entre os nomes de choro, gênero que ilustra, como poucos, a exuberância da nossa herança portuguesa.”, comenta a cantora sobre outros códigos do disco.

Premiada no Brasil, Ilana Volcov iniciou sua carreira no Barbatuques, grupo de percussão corporal, e atuou com compositores, como Vanessa da Mata, Zeca Baleiro, Guinga e Breno Ruiz. Ao lado de Eduardo Gudin, com quem trabalhou por 14 anos, Ilana cantou com Arrigo Barnabé, Elton Medeiros, Paulo César Pinheiro, Paulinho da Viola, Paulo Vanzolini e Toquinho. Contemplada pelo Prêmio Funarte de Música Brasileira, realizou, ao lado do trio Improvisado, a turnê “Pelo Teletipo” em cinco capitais do Brasil. Com o prêmio no Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, ela produziu o seu primeiro projeto solo, “Bangüê”, em 2010, lançado também no Japão. 

Cristovão Bastos é compositor, pianista, arranjador, diretor musical e tem 16 prêmios musicais. Ele é parceiro de Chico Buarque nas canções “Todo o sentimento” e “Tua cantiga”e já fez direção musical e arranjos para shows e gravações de Nana Caymmi, Edu Lobo, Elza Soares, Emílio Santiago, Fafá de Belém, Gal Costa, Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Miúcha. Ele também é autor da música ‘Resposta ao Tempo’, ao lado de Aldir Blanc, que foi interpretada por Nana Caymmi para a abertura da minissérie "Hilda Furacão", da TV Globo.

A parceria de Cristovão Bastos com Paulinho da Viola deu origem a quatro choros instrumentais. O último foi entoado por Ilana Volcov em “Acariciando” e é o único tema sem palavras do álbum. O título “Não me digas não” escolhido por Cristovão dá margem a interpretações diversas. A melodia seria um protesto diante de uma negativa? Seria um pedido para evitar a negativa? Ou é um desejo que se manifesta como música no imaginário do interlocutor? Até mesmo no tema instrumental, há dubiedade de intenções e uma certa imprecisão sobre a realidade dos fatos.

A amizade entre a cantora e o pianista teve início em 2007, quando atuaram no concerto que celebrou os 40 anos de música de Eduardo Gudin, compositor icônico da cidade de São Paulo. Mais tarde, gravaram “Quando o samba acabou” (Noel Rosa) no primeiro disco solo da cantora, que brinca que “em Bangüê, voz e piano surgem como um “Pas de Deux” em meio às faixas de voz e quinteto, já em Acariciando, o duo está presente o tempo todo e é o próprio balé - um balé íntimo, despido”.

Os dois estão juntos também no videoclipe “Uma Canção Inédita”, que foi filmado em Lisboa e Cascais por uma equipe local formada por portugueses e expats do leste europeu, sob a direção da lituana Indre Biancale. A cantora conheceu o trabalho de Indre no Instagram. Encantada com algumas de suas imagens surrealistas, trouxe a fotógrafa para imprimir o mesmo caráter fantasioso no videoclipe.

Segundo ela, essa música, de autoria de Edu Lobo e Chico Buarque, é a mais alegórica de Acariciando. Para começar, tem um título falso: não é uma canção inédita. Em 2001, integrou a trilha sonora assinada pelos compositores para a peça teatral “Cambaio”. E na ocasião, apesar do nome, foi a única regravação do álbum. Antes de receber a nova letra, esteve como “Casa de João de Rosa” no disco “Dança da Meia Lua” - trilha sonora do balé homônimo, feita pela dupla em 1988. Desde a sua versão original, a valsa teve um discurso onírico: “A casa de botão de Rosa / Que é de João”, “Casa de joão-de-barro, a concha cor de Rosa / Não tem portão”. Ou seja, é uma letra fundada no absurdo que seguiu seu destino ilusório. Hoje traz os versos: “Guarde numa caixa preta / A tímida canção / No fundo falso da gaveta / Do coração / É valsa pra se ouvir por dentro / Pra se ouvir a sós / Pra não se dissipar ao vento / Com minha voz”.

SAIBA MAIS

Álbum Acariciando - Ilana Volcov e Cristovão Bastos 

Distribuição Biscoito Fino 

https://orcd.co/acariciando

Repertório

Odalisca (Guinga | Aldir Blanc) - https://www.youtube.com/watch?v=cZvUeu2ThCE

Saudade Intrusa (Vadico)

Acariciando (Abel Ferreira | Lourival Faissal)

Estrada Branca (Antonio Carlos Jobim | Vinicius de Moraes)

Não me digas não (Cristovão Bastos | Paulinho da Viola)

Uma canção inédita (Edu Lobo | Chico Buarque)

Viola de Cigano (Breno Ruiz | Paulo César Pinheiro)

Coração Imprudente (Paulinho da Viola | Capinan)

Ária de Opereta (Guinga | Aldir Blanc)

Ficha técnica 

Ilana Volcov
Voz, Direção Artística e Produção Executiva

Cristovão Bastos
Piano e Direção Musical

Carlos Fuchs
Gravação, Mixagem e Masterização

Bárbara Santos e Rui Velho Rebelo

Assistentes de gravação
Gravado na Arda Recorders, mixado e masterizado na Tenda da Raposa, no Porto, Portugal.

Maria Cau Levy
Projeto Gráfico
Créditos das imagens: Indre Biancale / Diego Barral

Assessoria de Imprensa - Creative Express  Jornalista Lourdes Souza